48 - Uma nova amiga

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Depois que o Tomura saiu daqui, a porta foi trancada e as luzes se apagaram, deixando apenas uma luz amarelo-escuro acesa.

Tentei me manter acordada, mas essa luz fazia os meus olhos pensarem. Eu me sentia sonolenta com apenas essa única iluminação dentro desse quarto, e talvez isso seja estratégico, e, sendo ou não, eu adormeci.

[SEGUNDA-FEIRA]

Acordei no dia seguinte com o Kurono na minha porta.

Apesar de fazer parte do grupo do Overhaul, ele parece um pouco razoável.

– Não queria te acordar, mas o Overhaul não quer que fique sedentária, então você vai dar uma caminhada.

Não acreditei na "caridade" do Overhaul, mas me levantei da cama e segui o Kurono por esse lugar que mais parecia um laboratório ou algo assim.

– O Overhaul realmente queria isso? – Pergunto ao Kurono, tentando me livrar daquele silêncio desconfortável enquanto eu ia atrás dele.

– Não. Na verdade, você ficaria trancada até que fôssemos te usar outra vez, mas não tem só você aqui.

– Como assim?

– A gente tem outra garota: Eri. Só que ela tá naquela fase em que as garotas ficam... rebeldes ou sei lá. Talvez com você junto dela, ela fique mais calma.

– Fase? – Pergunto sem entender. Seria a puberdade? Se for isso, então ela deve ter a minha idade.

Isso é cruel demais. Eles simplesmente sequestram adolescentes e usam como bem entendem...

Imagino como a Eri deve estar se sentindo ao ponto de se rebelar.

Assim que chegamos em uma porta cor de rosa, Kurono parou, respirou fundo e abriu.

– Eri, trouxe companhia pra você. – Ele diz.

Pude ver a garota se encolher nas sombras, como que o temesse profundamente, o que me fez não entender. Ele sempre me pareceu tão... amigável.

Quando Kurono ligou a luz, pude ver que não se tratava de uma adolescente como eu pensava, e sim uma garotinha que parecia ter no máximo 6 anos.

Ela estava assustada e com o corpo quase que completamente enfaixado. Aquilo me fez sentir um aperto no peito. Era uma criança, então como podiam fazer isso com ela?

Me pergunto se fazem com ela o mesmo que fazem comigo. Seria muito desumano se sim.

A garota se encolheu na cama e isso fez a expressão do Kurono se fechar. Ele parecia impaciente.

– Eri, sem rebeldia hoje. – Ele foi até ela e a pegou pelo braço, então ela começou a se debater e soltar grunhidos, demonstrando que se negava a ir com ele.

– Kurono, talvez se... – Tentei dizer algo, mas eu não sabia como defender a garotinha.

O olhar aterrorizado dela veio em mim assim que ela ouviu a minha voz, então ela se soltou das mãos do Kurono e correu na minha direção, se escondendo entre as minhas pernas.

– Ótimo, fica mais fácil assim. – Kurono diz e vem na nossa direção, fechando a porta e começando a andar.

Peguei na mão da Eri e ambas seguimos ele.

Fomos até uma outra sala. Parecia uma sala de creche porque tinham muitos brinquedos e era bem colorida.

Mas ela não era fechada. Nas paredes tinham vidro, provavelmente pra vigiar quem ficar aqui dentro.

– Fique com ela e tenta conversar, sabe, de mulher pra mulher. Talvez assim ela se comporte um pouco mais. – Kurono diz e nos deixa sozinhas dentro dessa sala, fechando a porta atrás de nós.

A Eri soltou a minha mão e respirou fundo. Qualquer criança teria corrido e pulado em direção aos inúmeros brinquedos daqui, mas não a Eri.

Ela apenas ficou parada do meu lado.

– Eri... – Chamei o seu nome e o seu minúsculo corpo se estremeceu, como se ela esperasse que eu fizesse algo com ela.

Isso partiu o meu coração. Imaginar que ela já foi tão machucada que se sente assustada apenas por ter o seu nome chamado.

– O meu nome é Mei. – Me agacho na frente dela para ficar na sua altura – Não vou fazer mal a você, está bem? Eu prometo. Assim como você, também estou sendo mantida aqui. – Tentei transmitir a ela, pela forma que eu falava, que eu não era um perigo.

Ela assentiu com a cabeça e, timidamente, pegou na minha mão.

Eri começou a caminhar e me levou até um lugar nessa sala, no qual continha pequenas gaiolinhas com ratos dentro.

– O que isso significa? – Pergunto a garota assim que nós duas nos sentamos de frente as gaiolas.

– É pra minha... individualidade. – Ela fala baixo, me permitindo ouvir a sua voz doce.

Tão fofinha.

– O que ela faz? – Pergunto, e Eri parece se sentir desconfortável em dizer – Tudo bem se não quiser falar. Eu tenho o poder de água e regeneração.

– Eu posso... fazer as coisas vivas voltarem a ser como eram.

– Tipo a minha regeneração? É um ótimo poder.

– Ótimo...? – Ela me olha com os olhinhos lacrimejando, depois volta o seu olhar aos ratos – As vezes eles me fazem usar a minha individualidade neles... – Sua voz, anormalmente fria pra uma criança, fez os meus pelos se arrepiarem. Ela deve ter sofrido muito pra ter chegado nesse ponto.

Eu acabei conseguindo ganhar um pouco da confiança da Eri. Ela era adorável, ainda que um pouco retraída.

Ela me disse diversas coisas que já disseram a ela e isso me fez ter raiva, muita. Era apenas uma criança, afinal de contas.

Eri também me contou mais sobre a sua individualidade, e assim eu comecei a pensar que talvez ela pudesse me ajudar.

Por não saber usar, a substância que anula individualidades não era aplicada nela, diferente de mim.

Então, desse modo, se ela usasse o seu poder em mim até chegar no ponto em que o meu corpo não estava com a substância, eu conseguiria fugir e levá-la comigo.

Porém, eu decidi que esperarei um pouco mais. Não posso simplesmente pedir a Eri que use o seu poder que ela tanto odeia do dia pra noite, e talvez um resgate esteja sendo planejado.

E se realmente está, eu espero que chegue logo.

Ou eu agirei sozinha.

🍎 [14/10/2023]

Por favor, cliquem na estrelinha ⭐️

Maçãzinha pra representar a Eri (na data) 🥰

A Eri é muito lindinha 😭

Até o próximo capítulo 💞

Você é o meu sonho - Tamaki AmajikiOnde histórias criam vida. Descubra agora