❀ 𝙸𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎𝚜 • 𝚂𝚝𝚞𝚛𝚗𝚒𝚘𝚕𝚘 𝚃𝚛𝚒𝚙𝚕𝚎𝚝𝚜 ❀

🤦‍♀️ 𝘖𝘶𝘵 𝘰𝘧 𝘮𝘪𝘯𝘥 ➪ 𝘮𝘢𝘵𝘵 𝘴𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰

❀ 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢 𝘯𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘪𝘭𝘰 𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘮𝘢𝘵𝘵𝘩𝘦𝘸 𝘴𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰.
❀ 𝘳𝘦𝘴𝘶𝘮𝘰: 𝘣𝘢𝘴𝘦𝘢𝘥𝘰 𝘯𝘢 𝘮𝘶́𝘴𝘪𝘤𝘢 "𝘖𝘶𝘵 𝘖𝘧 𝘔𝘪𝘯𝘥 - 𝘛𝘰𝘷𝘦 𝘓𝘰".
❀ 𝘢𝘴 𝘱𝘢𝘳𝘵𝘦𝘴 𝘦𝘮 𝘪𝘵𝘢́𝘭𝘪𝘤𝘰 𝘴𝘢̃𝘰 𝘮𝘦𝘮𝘰́𝘳𝘪𝘢𝘴/𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘢𝘯𝘤̧𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘱𝘢𝘴𝘴𝘢𝘥𝘰.

𓃗𓃗𓃗

Meus olhos navegam pela multidão de pessoas, maioria delas com copos vermelhos em mãos, cigarros, baseados, celulares. Nada disso me atraía atenção mais, não enquanto minha cabeça parecia estar num eterno loop. Esquece. Eu pensei, respirando fundo e me forçando a sair dali. O sofá não estava tão confortável mais e o único rosto conhecido por mim estava quase se mesclando com outro que eu nunca tinha visto. Estar de vela era a última coisa que eu precisava.

Andei até a cozinha, me sentindo aliviada ao ver que não estava tão cheia. Dei um pulinho pra me sentar na bancada e apoiei meu corpo na parede, permitindo um momento de fechar os olhos e pensar em tudo.

-Matt, eu sei que somos amigos e provavelmente vamos continuar sendo só isso, mas eu acho que gosto de você.

Falo, tentando não encarar seus olhos e sentindo o nervosismo me consumir. Meu ar foi embora e minhas mãos tremeram um pouco ao sentir os lábios do garoto encontrarem os meus, como uma forma de resposta não-verbal. Sorrio no meio do beijo, sem acreditar que meus sentimentos eram correspondidos e que finalmente poderia ver Matt como mais do que um simples amigo.

Encho um copo vermelho vazio que estava numa pilha do meu lado com um pouco do líquido marrom da garrafa pela metade. O uísque estava quente e rasgava pela minha garganta e eu não estava nem um pouco acostumada com esse gosto, então me levou um tempo até conseguir me recompor e beber mais alguns goles, mordendo meus lábios com força em seguida pra tentar não chorar com as lembranças surgindo.

-Eu sinto muito, mas acho que é melhor cada um seguir seu caminho.

Olhei ele andar de volta até o carro, de cabeça baixa. Vi ele respirar fundo, bater de leve sua cabeça no volante e soltar um xingamento alto antes de dirigir e não voltar mais. Ele nunca voltou, e eu nunca mais soube mais nada sobre ele.

Tentei por tanto tempo dizer pra mim mesma que era só uma situação que demandava espaço. Ele não estava bem, nossa relação tinha seus problemas, mas já faziam semanas. A cada dia que se passava eu deixava a ideia de superar de lado e pensava mais sobre ligar pra ele e conversar.

Odiava a ideia de que fomos amigos e nada mais do que isso por tanto tempo, viramos namorados e nos amamos e simplesmente nos tornamos estranhos de novo. Como eu poderia esquecer, colocar na cabeça que não existe mais nós dois? Seguir em frente? Eu juro que estou tentando, mas não tem como.

-Ei, como você está?

-Bem. -Dou um sorriso fraco, mas que pareceu ser suficiente.

Não iria falar sobre o que tinha acontecido, nem que estava morrendo por dentro aos poucos por não poder mais ver Matthew como costumava. Não tenho nem ideia de como ele está, mas espero que ele pelo menos não precise mentir quando for dizer que está bem.

O copo é jogado na pia e eu rapidamente afasto as lágrimas de meu rosto, deixando minhas mãos o cobrindo enquanto não conseguia me acalmar. Eu estava em uma festa, meses depois, e mesmo assim não tirava ele da cabeça.

Apesar de ter bebido, eu sabia que não estava tão ruim, era puramente emocional e nem um pouco gatilhado pelo álcool quando o choro veio, mas não pude deixar de me sentir fora da realidade quando vi seu rosto ali, entrando no mesmo cômodo que eu estava.

Minha primeira reação foi morder meus lábios ainda mais forte, sentindo meu coração quebrando com o garoto parado na porta pensando se deveria se aproximar ou não. Depois, minhas sobrancelhas arquearam em confusão, eu estava vendo coisas?

-Bom te ver. -Ele diz, chegando mais perto com cautela.

Era real. Ele estava ali. E estava falando comigo, depois de desaparecer por completo. O garoto abre a geladeira e tira uma Coca-Cola de dentro, abrindo a latinha em seguida.

Não consigo responder, então apenas olho pro chão na tentativa de não manter nenhum contato e esperar ele ir embora.

-Aconteceu algo? -Ele pergunta, receoso, apontando pro meu rosto que estava cheio de lágrimas que eu já não conseguia conter.

-Nada demais, estou bem. -Seco rapidamente as lágrimas com as mãos e desço da bancada, permanecendo apoiada nela até me estabilizar.

Ele me olha como se conseguisse ver minha alma, Matt sempre teve o poder de saber como eu me sentia, quando tinha algo de errado e o que fazer pra me ajudar a sentir melhor. Mas, não éramos mais amigos, nem namorados, nem mesmo conhecidos. Ele não deveria saber mais nada sobre mim, mas ainda assim um suspiro longo saiu de sua boca e ele deu um gole no refrigerante antes de deixar seu corpo encostado ao meu lado e direcionar o olhar pra cima.

-Você precisa parar de pensar nisso.

É tudo que ele fala, e foi o suficiente pra me tirar do sério. Não apenas isso, me senti vulnerável, triste, decepcionada, aliviada, e um combo de emoções ao mesmo tempo. Não sabia se achava bom ou ruim ele ainda me conhecer a esse ponto, mas definitivamente não gostava de como ele ainda pretendia que eu apenas o esquecesse.

-Você precisa estar completamente fora de sua mente se acha que eu poderia te manter longe da minha.

Ando pra fora da cozinha, sem esperar outra resposta, ainda chorando e muito mais abalada pela interação. Eu sabia que não tinha mais nada a fazer, mas talvez eu tivesse feito certo em ir embora dessa vez, visto que quando acordei no dia seguinte me deparei com uma mensagem de um contato que há muito tempo não aparecia em minhas notificações.

"Podemos conversar?" -Matt