❀ 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢 𝘯𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘪𝘭𝘰 𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘮𝘢𝘵𝘵𝘩𝘦𝘸 𝘴𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰.
❀ 𝘳𝘦𝘴𝘶𝘮𝘰: 𝘰 𝘱𝘳𝘪𝘮𝘦𝘪𝘳𝘰 𝘣𝘢𝘪𝘭𝘦 𝘦𝘴𝘤𝘰𝘭𝘢𝘳 𝘥𝘦 𝘦𝘯𝘴𝘪𝘯𝘰 𝘮𝘦́𝘥𝘪𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘢́ 𝘤𝘩𝘦𝘨𝘢𝘯𝘥𝘰.
❀ 7/10 ☕︎𓃗𓃗𓃗
Desde que eu adentrei o mundo do ensino médio, sempre achei os bailes escolares estúpidos. Eu sabia que, além de ser só uma desculpa esfarrapada para menores de idade ficarem bêbados, as músicas lentas, roupas chiques e "um date" eram ideias nem um pouco agradáveis.
A situação só piora quando, apesar de eu não gostar de nada dessa baboseira, a certeza de que eu jamais seria convidada por ninguém era gritante. Eu não sou a mais popular, não chego a ser a nerd excluída, mas também não sou de ter muitos amigos.
A única amizade forte e duradoura que eu fiz na escola foi com Nick, e acho que era justamente por saber que ele era gay, mesmo que ele ainda não tivesse comentado sobre. Não era necessário, e não é nada muito importante. Nunca achei essa coisa de "se assumir" algo necessário, cada um gosta do que e de quem quiser e isso não muda nada.
Com os primeiros cartazes colados nos corredores e garotas do time de líder de torcida irem de sala em sala anunciando a chegada do primeiro baile de ensino médio, a minha vontade de apenas cavar um buraco e me enterrar nele era grande.
Decorações com tema, votações de rei e rainha, ponches batizados, vestidos bregas, maquiagens e penteados, música lenta, um par, ou as risadas e julgamentos ao chegar sozinho. Não dava pra acreditar na quantidade de pessoas que levam isso a sério.
Eu e Nick, no entanto, nos damos bem por isso: nós dois odiamos bailes escolares. A parte positiva de algo assim era poder ver e julgar os pedidos de par dos outros. Alguns eram discretos e não pareciam tão ruins, outros levavam carros de som pra frente da quadra e faziam serenatas ridículas com rosas em uma mão e um cartaz gigante na outra.
A semana de inauguração do anúncio de que haveria o baile foi uma bagunça. Brigas, gritos, tapas, choro, discussões e até mesmo uma detenção pro cara que socou o amigo por ter chamado a irmã dele como acompanhante. Era um caos, e eu amava isso.
Essa sim era a real essência que eu achava interessante, o desespero dos outros pra se enturmar e arranjar um par pra algumas horas de festa. E, vamos concordar, nem era uma festa boa.
Eu e Nick passamos a semana fazendo apostas em quem a gente achava que iria junto pro baile e como eles iriam pedir seus pares pra os acompanhar. Essa era nossa maior diversão no meio do caos.
Como era de costume, nós voltamos juntos andando pra casa dele depois da aula. Eu ia tanto lá que a mãe dele já me tratava como uma filha adotiva. Estávamos no quarto dele, ele sentado no chão com as costas encostadas na cama, e eu deitada de bruços com as pernas pra cima, balançando lentamente pra frente e pra trás.
-Jennifer e Carlos? Eu acho que eles nem se falam mais desde aqueles boatos que ela ficou com outro na viagem pro México.
Eu digo, batucando minha caneta no caderno que usava pra anotar nossas apostas. Sim, a gente levava essas apostas tão a sério quanto o resto levava o baile.
-Ah, é verdade, tinha esquecido disso. -Nick responde, apoiando a cabeça no colchão e olhando pra cima, pensativo.
Antes que a gente pudesse falar alguma coisa a porta do quarto se abre e um dos seus irmãos passa pelo batente, se jogando na cama do meu lado enquanto o outro andava lentamente na nossa direção e se sentava ao lado de Nick no chão.
Chris e Matt não são exatamente meus melhores amigos, mas a gente se dá bem. Só conversamos as vezes quando estou na casa deles e nunca é nada demais, então não tenho problemas em os ter por perto.
-E a Jordan? -Nick pergunta, me fazendo pensar.
Chris era o que tinha se jogado ao meu lado, e ele imediatamente muda de posição pra olhar entre eu e o irmão, confuso. Matt apenas no celular, ignorando nossas existências, mas de forma confortável.
-Do que estão falando? -Chris pergunta, sua atenção se voltando ao caderno na minha frente com vários nomes anotados.
-Estamos apostando em quem vai no baile junto. -Explico, o fazendo rir e pegar a caneta da minha mão, começando a escrever nomes na folha.
-Eu tenho uma aposta e vocês precisam me escutar antes de julgar. -Ele diz, me entregando o caderno de volta.
Eu arqueio uma das sobrancelhas em confusão e Nick se vira pra ler os nomes comigo, meus olhos se arregalando e minha boca abrindo em um surpresa, Nick caindo na risada.
-Você tá maluco? Por que você escreveu isso? -Eu pergunto, jogando um travesseiro em Chris.
Matt olha curioso, guardando o celular no bolso. Chris dá de ombros e agarra o travesseiro que eu joguei dele, o abraçando.
-Quem ele escreveu? -Matt pergunta, tentando olhar o caderno.
-Eu até que vejo o que você tá tentando dizer, Chris, e eu concordo. -Nick diz, ignorando a pergunta de Matt e dando um toquinho em Chris.
Minhas bochechas ficam levemente coradas e eu reviro os olhos. Entrego o caderno pra Matt e ele tem quase a mesma reação que a minha.
-Por quê eu e ela? -Ele pergunta, tentando entender, ainda com o caderno em mãos e olhando atentamente pro irmão sentado na cama.
-Ah, fala sério, não vai dizer que estou errado. Você sempre olha pra ela quando ela tá aqui com o Nick, eu aposto que vocês vão juntos pro baile.
A resposta de Chris me fez corar mais ainda, sentando na cama e cruzando minhas pernas enquanto soltava um longo suspiro.
-Depois de ser amigo dessa aí por tanto tempo eu já cansei de ver os olhares que eles trocam. Às vezes é doloroso. -Nick diz, fazendo uma careta, ele e o irmão conversando como se eu e Matt não estivéssemos juntos no mesmo ambiente que eles.
Meu olhar encontra o de Matt rapidamente e nós desviamos depois de poucos segundos, nenhum de nós dois sabendo como reagir ou o que falar. Depois de dizer que estavam brincando e mudar de assunto, eu aproveitei a situação pra ir beber uma água e tirar essa conversa da cabeça.
Não demorou muito tempo pra que outra pessoa entrasse na cozinha e se encostasse ao meu lado.
-Eu não curto muito essa coisa de baile. -Matt diz, tímido, olhando pra baixo enquanto permanecia escorado na bancada do meu lado.
-Eu também não, acho meio idiota. -Respondo, olhando pra ele e me encostando na bancada também.
Um silêncio breve se instalou entre nós, até ele coçar a garganta e respirar fundo. Matt olha pra mim, eu quase conseguia escutar seu coração batendo rápido, era perceptível o quão nervoso ele estava.
-Você quer ir comigo? -Ele pergunta, em tom baixo e relutante, como se nem ele tivesse certeza do que estava fazendo.
Apesar de odiar essas coisas, a forma como as bochechas dele estavam rosadas, o nervosismo e a situação me fizeram sorrir.
-Quero. -Respondo.
Eu sabia que talvez me arrependesse de ter aceitado, mas pelo menos ele não tinha feito um pedido brega e não seríamos o casal idiota concorrendo a rei e rainha. Só seremos dois bobões em um lugar que nenhum dos dois quer estar, com refrigerantes escondidos na minha bolsa e ansiosos num canto conversando sobre o quão estúpido o resto dos alunos parecia.
Talvez o baile não seja tão ruim.
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❀ 𝙸𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎𝚜 • 𝚂𝚝𝚞𝚛𝚗𝚒𝚘𝚕𝚘 𝚃𝚛𝚒𝚙𝚕𝚎𝚝𝚜 ❀
أدب الهواة𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦𝘴 𝘥𝘪𝘷𝘦𝘳𝘴𝘰𝘴, 𝘧𝘰𝘤𝘢𝘥𝘰 𝘯𝘰𝘴 𝘵𝘳𝘪𝘨𝘦̂𝘮𝘦𝘰𝘴 𝘚𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰, 𝘮𝘢𝘴 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘮 𝘵𝘦𝘳 𝘦𝘹𝘤𝘦𝘴𝘴𝘰̃𝘦𝘴.