❀ 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢 𝘯𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘪𝘭𝘰 𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘤𝘩𝘳𝘪𝘴𝘵𝘰𝘱𝘩𝘦𝘳 𝘴𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰.
❀ 𝘳𝘦𝘴𝘶𝘮𝘰: 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘥𝘦𝘤𝘪𝘥𝘦 𝘴𝘦 𝘥𝘦𝘤𝘭𝘢𝘳𝘢𝘳 𝘯𝘰 𝘶́𝘭𝘵𝘪𝘮𝘰 𝘴𝘦𝘨𝘶𝘯𝘥𝘰 𝘥𝘰 𝘢𝘯𝘰.𐂂𐂂𐂂
Peguei um copo vermelho vazio e o enchi com um pouco de sidra não alcoólica. O gosto conhecido de maçã adoçou meu paladar enquanto eu andava de volta até a sacada, apoiando meu copo ao meu lado e meus braços na bancada, encarando a paisagem que já se encontrava colorida com alguns fogos de artifício adiantados.
-Oi.
Escuto um cumprimento baixo e suave, a voz conhecida me fazendo sorrir.
-Oi.
Respondo de volta, virando meu rosto para encarar os olhos azuis que tanto me chamavam atenção, agora um pouco mais escuros pela noite. Seu corpo encostado na bancada, do mesmo jeito que o meu, e um sorriso genuíno em seu rosto me fizeram sentir borboletas no estômago.
-Faltam apenas cinco minutos. -Ele avisa, sua atenção se voltando às cores vívidas no céu.
-É, até que passou rápido, e não foi tão ruim assim. -Digo, com uma risadinha suave no final, que o fez olhar de volta pra mim com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
-Não foi tão ruim? -Ele repete, em um questionamento, um sorriso provocativo surgindo em seus lábios.
4 minutos.
-Bom, poderia ter sido pior, mas também poderia ter sido bem melhor, você sabe. -Retruco, deixando uma mensagem escondida no ar.
Nossos amigos foram se juntando ao nosso redor, olhando os fogos que já apareciam por todo lado e conversando sobre o ano que acabou de se passar.
-É? O que poderia ter sido melhor? -Ele pergunta, dando um passo pro lado pra ficar mais perto de mim.
Nossos ombros se encostavam e ele continuou mantendo seus olhos em mim, mas pelo nervosismo os meus estavam focados na paisagem e nos fogos. Minhas bochechas coram um pouco com minhas próprias possibilidades de resposta.
3 minutos.
-Muitas coisas, eu poderia ter feito mais o que eu gosto sem medo do julgamento alheio, poderia ter falado mais sobre o que sinto e quem sabe ter me declarado pro cara que eu tô afim há uns meses. Mas, é claro, não fiz nada disso. Quem sabe ano que vem. -Respondo, com um sorrisinho envergonhado.
Ele me encara com a expressão confusa, e um pouco decepcionada. Suas sobrancelhas arqueadas enquanto seus olhos procuravam qualquer dica de quem eu poderia estar falando sobre, mas ao não encontrar nada ele olha pra baixo, as bolhas de seu refrigerante se tornando o foco principal de sua visão.
Alguns segundos de silêncio se passam e eu podia ter a certeza de que ele não iria me dar resposta nenhuma. Afinal, de certa forma, não tinha mesmo muito o que falar.
2 minutos.
Chris Sturniolo, o dono dos meus pensamentos pelos últimos três meses e coincidentemente um dos meus melhores amigos. Desde que nos conhecemos, me tornei fascinada por seu jeito espontâneo, a facilidade que ele tinha em me arrancar risadas, de ser aquele amigo que melhora qualquer tipo de rolê.
Nos tornamos amigos bem rápido, mas demorou alguns logos meses até eu ver ele com outros olhos. A beleza não faz tudo sozinha, mas ele não era apenas um rostinho bonito. Ele me faz rir, me deixa entretida com suas histórias, nossos assuntos nunca acabam, sua companhia é confortável, e ele também tem seu lado sério em que podemos falar sobre coisas sensíveis e um pouco mais pesadas.
-Então você está afim de alguém? -Sua resposta veio, sutil e imprevisível.
Chris brincava com seu copo vermelho, com Pepsi e gelo pela metade, sua feição era de quem tentava ao máximo esconder a decepção, mas não tinha como ignorar o olhar triste e inconformado.
Viro meu rosto para o olhar, estudando sua expressão facial e juntando com o conhecimento que eu tinha sobre ele pra saber exatamente como ele se sentia sobre isso. Continuei o olhando, nossos amigos ao nosso redor ficando mais animados e mais ansiosos pela virada.
-Sim. Mas não sei se iria funcionar, de todo jeito, então não achei que deveria fazer algo sobre. -Respondo, sincera, mas evitando falar demais e acabar confessando o que não devia.
Ele mexe a cabeça em afirmação, respirando fundo e olhando a vista da sacada. Começo a ficar um pouco nervosa com essa interação, então me vejo mordendo minha bochecha por dentro em uma forma de me acalmar.
1 minuto.
-Por quê você acha isso? -Ele pergunta, a voz calma, mas firme.
Meus olhos não saem de seu rosto, escaneando cada detalhe. Suas poucas sardinhas, quase imperceptíveis, seus olhos que pouco continham azul por ter suas pupilas dilatadas, a barba recém feita, os brincos reluzentes em suas orelhas, o boné pra trás. Tudo nele, absolutamente tudo, era apenas perfeito.
-Não quero estragar nossa amizade. -Digo, sabendo que já estava sendo óbvia demais sobre quem era, por isso minha voz saiu baixa, mas pela nossa proximidade ele ainda conseguiu escutar.
Seus olhos voltam pra mim, sua feição séria, mas ainda assim contendo um pingo de animação.
-Nossa? -Ele pergunta, como se estivesse conferindo.
Escuto nossos amigos começando a contagem, faltavam 10 segundos.
10...
-É... -Respondo, minhas bochechas aderindo um tom avermelhado em vergonha.
9.
8.
Eu não podia mais esconder isso. Era um momento de mudança, e independente se essa fosse ser pra melhor ou pior, era necessária que acontecesse.
7.
-Você gosta de mim? -Ele pergunta, como se ainda não acreditasse.
6.
Ele vira seu corpo, deixando de se encostar na bancada, ficando na minha frente, a apenas um passo de distância. Enquanto ele traçava esse caminho, eu também mudei de posição para que agora eu estivesse com minhas costas apoiadas na bancada, mas de frente pra ele.
5.
-Gosto. -Digo, o dando a certeza, minha feição exalando curiosidade e receio.
4.
3.
A voz dos nossos amigos na contagem e os fogos já estourando altos no céu eram as únicas coisas que eu conseguia escutar, e mesmo assim eles pareciam abafados pelos meus batimentos cardíacos.
2.
Ele dá o último passo pra frente, colando nossos corpos, uma de suas mãos em meu quadril, apertando de leve, e a outra em minha nuca, me puxando pra mais perto.
1.
Chris junta nossos lábios em um selinho longo, que logo se aprofunda em um beijo calmo e delicado.
FELIZ ANO NOVO.
As vozes não nos separaram, nem mesmo os gritos de nossos amigos ao nos verem beijando, o que era de fato uma surpresa pra todo mundo, considerando que nunca cheguei a sequer mencionar sobre o que eu sentia por Chris pra ninguém, com medo de que eu estivesse sendo irracional por gostar do meu melhor amigo. Mesmo que eu tivesse certeza que Nick já tivesse percebido.
Só nos separamos quando o ar acabou, com selinhos, e um sorriso gigante em nossos lábios. Nossas testas ainda se encostavam quando ele sussurrou.
-Eu queria fazer isso a muito tempo.
Com uma risadinha, não tive nem mesmo tempo de o responder, já que nós dois fomos puxados por nossos amigos pros abraços de ano novo e pra contarmos o que tinha acontecido. Foi meu primeiro beijo do ano, e o primeiro beijo com ele, e eu não poderia esperar uma virada de ano melhor do que essa.
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❀ 𝙸𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎𝚜 • 𝚂𝚝𝚞𝚛𝚗𝚒𝚘𝚕𝚘 𝚃𝚛𝚒𝚙𝚕𝚎𝚝𝚜 ❀
Fanfiction𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦𝘴 𝘥𝘪𝘷𝘦𝘳𝘴𝘰𝘴, 𝘧𝘰𝘤𝘢𝘥𝘰 𝘯𝘰𝘴 𝘵𝘳𝘪𝘨𝘦̂𝘮𝘦𝘰𝘴 𝘚𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰, 𝘮𝘢𝘴 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘮 𝘵𝘦𝘳 𝘦𝘹𝘤𝘦𝘴𝘴𝘰̃𝘦𝘴.