❄️ 𝘴𝘯𝘰𝘸 𝘸𝘢𝘳 ➪ 𝘮𝘢𝘵𝘵 𝘴𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰

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❀ 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰́𝘳𝘪𝘢 𝘯𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘪𝘭𝘰 𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘮𝘢𝘵𝘵𝘩𝘦𝘸 𝘴𝘵𝘶𝘳𝘯𝘪𝘰𝘭𝘰.
❀ 𝘳𝘦𝘴𝘶𝘮𝘰: 𝘶𝘮𝘢 𝘨𝘶𝘦𝘳𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘯𝘦𝘷𝘦 𝘯𝘢 𝘷𝘦́𝘴𝘱𝘦𝘳𝘢 𝘥𝘰 𝘕𝘢𝘵𝘢𝘭 ❄︎☃︎⁂
❀ 5/10 ☕︎

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Era o primeiro dia de neve na época do natal. Eu, Matt, Nick e Chris, como de costume, nos encontramos no jardim e esperamos agasalhados em nossas roupas de frio os pequenos flocos de gelo caírem do céu. Ser vizinha deles desde pequena era uma vantagem pra nossa amizade, mas desde que eles se mudaram pra Los Angeles, nós raramente nos vemos.

Aproveitamos a época de feriado e eles vieram mais cedo dessa vez, pra passar pouco mais de uma semana aqui em Boston. Normalmente, quando eles vêm visitar, só passam alguns dias e logo voltam pra L.A e ficam por lá o mês todo.

Eu fiquei muito feliz por eles quando vi seus sonhos se realizando, era quase como se eu estivesse realizando um sonho meu. Por serem os únicos da minha idade no quarteirão, me apeguei muito à nossa amizade, e os ver conquistando tanto espaço deixava meu coração quentinho.

Apesar da saudade que sinto, nós demos um jeito de nos falar com frequência. O facetime era nosso maior aliado, mas de vez em quando também optamos por simples ligações, ou até chamadas no discord e horas de jogatina no Fortnite.

Quando eles ainda moravam aqui, eu e Matt éramos os mais próximos. Acho que por ele ter ansiedade desde muito novo, a sensibilidade que ele adquiriu com isso me fez confiar nele logo de cara. Ele se tornou meu confidente, conselheiro, e meu melhor amigo.

Era inocente e puro, com todas as melhores intenções de ambas as partes. Mas o ensino médio chegou, os hormônios chegaram, e os sentimentos também.

Nunca chegamos a ter algo, apesar de todo mundo perceber como, depois de uns anos, nossa amizade se tornou um tanto quanto questionável. Passávamos muito tempo juntos, jogando, conversando, fazendo as lições de casa juntos, fofocando sobre outros alunos e os professores, assistindo vídeos do YouTube juntos.

Aconteceu que, com nossa evidente evolução corporal e mental, a puberdade nos fez olhar um pro outro com outras intenções, e mesmo que nada tenha de fato acontecido, os flertes eram óbvios.

Depois que os meninos começaram a dar certo na internet e tiveram a oportunidade de crescer ainda mais, se mudar, ir atrás do que eles sempre falavam que queriam, eu tentei ao máximo deixar de lado a queda que eu tinha por Matt. Não considero que estava apaixonada, mas talvez eu gostasse dele.

Eu não tive nem mesmo tempo de me conformar ou pensar no que eu sentia, foi tudo muito rápido e num piscar de olhos eu estava vendo eles irem embora.

Agora, mais de dois anos depois deles terem se mudado, o sentimento diminuiu. Não acabou, mas deu uma amenizada, e era necessário. Ver o quanto ele ficava mais e mais bonito a cada mês não ajudou, no entanto.

Ainda era relativamente óbvio que existia uma atração entre ambas as partes, mas não é como se algum de nós dois fosse fazer algo sobre ou até mesmo conversar sobre alguma possibilidade. Mais de dois anos depois, até mesmo Nick e Chris tinham desistido de tentar nos juntar de alguma forma.

Eu respirei fundo, o ar gelado esfriando todo meu corpo e deixando a ponta do meu nariz vermelha. Sempre amei o frio, a neve mais ainda. É um momento mágico pra mim poder ver algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão perfeito em cada detalhe. Aos poucos, os flocos de neve começaram a cair, a calçada e o jardim ficando pintados de branco.

Um sorriso aparece em meus lábios e eu olho pro lado, meus amigos tão felizes quanto eu com o início da véspera de natal. Nós nos levantamos, sabendo que não levaria mais de dez minutos pra toda a calçada ser coberta de neve.

Como tradição, nos separamos em times feitos no pedra, papel e tesoura. Eu e Chris de um lado, Matt e Nick do outro. Uma guerra de bolas de neve começou, sem hora pra acabar. Naquele momento, não existia nenhuma preocupação, nenhum pensamento além de gratidão por estar com meus melhores amigos e ainda sermos todos os mesmos bobões de sempre.

Tento fazer as bolinhas de neve o mais rápido possível e acertar meus amigos, as risadas inevitáveis. Joguei uma que atingiu bem no rosto de Matt, sua boca abrindo em choque enquanto eu sentia lágrimas escorrendo de meus olhos de tanto rir. Ele chega mais perto, jogando farelos de neve em meu cabelo, um sorriso em seus lábios.

Em uma forma de me proteger, agarro seus pulsos, o impedindo de jogar mais neve. Nós dois rindo, nossos olhares se encontrando e um milagre de Natal acontecendo. Ele simplesmente jogou o resto da neve no chão, desistindo de me atingir com ela, e me puxou pra mais perto, colando nossos lábios.

O beijo começou suave, não mais do que um selinho longo, mas se tornou aprofundado aos poucos, minhas mãos soltando seus pulsos e entrelaçando ao redor de seu pescoço, e as dele apertando de leve a minha cintura.

Infelizmente, não durou muito tempo, já que fomos atacados por várias bolas de neve.

-Eu sei que todo mundo esperou isso por muito tempo, mas tem uma guerra acontecendo! -Nick diz, com uma expressão séria, o que gera risadas de todos nós.

E, assim, os times mudaram e a guerra recomeçou, bolinhas de neve sendo jogadas de um lado pro outro e depois um pequeno boneco de neve sendo construído em frente a minha casa com pequenos gravetos como braços.

Esse foi o início de outra tradição de Natal que se formou ao longo dos anos, beijos foram acrescentados às guerras de neve, e o Natal se tornou meu feriado favorito do ano.

❀  𝙸𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎𝚜 • 𝚂𝚝𝚞𝚛𝚗𝚒𝚘𝚕𝚘 𝚃𝚛𝚒𝚙𝚕𝚎𝚝𝚜 ❀Onde histórias criam vida. Descubra agora