Capítulo 1

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Júpiter e Hércules colocavam a minhas últimas malas no carro em uma velocidade angustiante, demorando em cada segundo, não que de fato eu tinha tantas roupas assim na verdade mal deu duas malas e nem precisa de duas pessoas para enfiar uma mala dentro do porta mala de um carro, mas algo dentro de mim dizia que eles não queriam conversar comigo, não depois do drama familiar em casa, na verdade ninguém estava muito afim de conversar com a criança mimada e irritada da casa,

Aparentemente o voto de silêncio funcionava para eles, mas não para mim, eu estava queimando de raiva, cada célula do meu corpo pedia desesperadamente para que eu sumisse dali o mais rápido possível, e nem era pelo silêncio, o silêncio era o de menos, odiava o silêncio mas odiava mais ainda ter gente mandando em mim como agora, como dois idiotas enfiando minhas roupas na porra de um porta mala.

Na minha familia tinha um ditado bem antigo da geração do meu bisavô, quando ele entrou para o mundo das gangues e se tornou líder de uma
"Πάρτε τα όπλα μέχρι τη συζήτηση εκεί κοντά" ou no dizer Américano "Tire as armas de perto que lá vem discussão".

Tendo em mente que literalmente tinhamos armas de fogo, isso era bem problemático, mas Júpiter ainda insistia em usar esse "lema" em seu grego perfeito para me tirar do sério, odiava tradições, tanto quanto odiava meus irmãos.

— Sei que me odeia agora, mas juro que isso é o melhor para você — Vênus susurra do meu lado, alisando meu braço como se eu fosse uma criancinha birrenta, o que de fato eu estava parecendo.

— Tá falando sério? - Solto uma respiração pesada — Tá me colocando na casa do inimigo, e o pior eu to sozinha, ninguém vai me ajudar.

— Não são seus inimigos Junie, nem todo adolescente odeia você por ser da nossa família.

– Em que mundo você vive?

– Engraçado você falar isso Juniper muito engraçado - Júpiter diz.

— Ah fala sério, olha para mim — Aponto para o uniforme obrigatório, calças pretas, camisa branca social o blaser com um símbolo da escola estampado, e a famosa gravata preta e vermelha — Eu to parecendo um personagem de Elite, eu entendo que meu mundo não é esse aqui mas como Sant eu vivo aqui, mas me mandar a dez quilômetros longe? Isso não vai adiantar e você sabe muito bem disso.

— Tomei a decisão, e vai ter que me obedecer — Ela estende a mochila azul pra mim. – Agora faz um favor para sua irmã e seja uma boa menina.

— Não para sempre — Puxo minha mochila da sua mão.

— Por favor não se meta em confusão — Ela me puxa para ela e arruma minha gravata – Você fica muito bem com esse uniforme.

— Όλοι πηγαίνετε στα σκατά — Xingo baixinho afastando sua mão (Todos vocês vão a merda).

— Não adianta xingar em grego priminha, nós entendemos— Hercules diz fechando o porta malas enquanto sorri ironicamente.

— Quem disse que não era para entender?.

– Quanto mais faz cara feia mais piora.

— Tia Junie — Santiago meu sobrinho diz animado descendo os degraus da frente de casa, ele pula o último e corre até mim, o garoto abraça minha cintura com força, passo as mãos pelos seus cabelos loiros, tentando ao máximo não demonstrar a minha irritação para ele o que funcionaria se eu não tivesse sendo fuzilada por seis pares de olhos me encarando, — Para onde vai?

— Lembra que disse que a titia ia para um internato? — Vênus pergunta puxando ele para si.

— Eu não sei bem o que é um internato, mas sim eu me lembro — Responde.

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