(Vol. IX) Ano XII p.e. ⎥ Trâmites.

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ERA ESTRANHO ESTAR NOVAMENTE naquela fábrica

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ERA ESTRANHO ESTAR NOVAMENTE naquela fábrica. E não pelo fato do Santuário ter se tornado apenas uma caixa de concreto e ferro de vários e vários andares, sendo abraçado pela decadência, escombros e deterioração que disputava espaço junto a uma quantidade evidente de lixo.

Aquele lugar estava arruinado, era verdade – e não era nenhuma surpresa – mas, mesmo assim me fazia lembrar de uma parte feliz da minha vida.

Ainda tínhamos dificuldades e muitos desafios naquela época. Liderar os Salvadores ao lado de Daryl havia sido uma grande provação também, porém, não podia negar a felicidade dos dias simples. Do bebê em meus braços, do primeiro choro, o primeiro sorriso, ou a forma como eu e o seu pai estávamos sempre orbitando juntos ao seu redor. Aprendendo coisas que ninguém poderia nos ensinar e superando outras que nunca esperaríamos passar, até nos tornarmos tão fortes em nossos sentimentos um pelo como éramos agora.

Bom, pelo menos era o que eu achava.

Lembrar disso havia despertado uma sensação agridoce em meu peito desde quando tocamos aquele solo de pedra. Resgatar as memórias felizes que me acometeram sem uma trégua surgiu como um momento de respiro para a minha mente cansada. Me fez recordar da sensação apaziguadora de não sentir tanta dor, ou tanto medo... Me fez lembrar de como era bom estar bem.

As pessoas do nosso grupo invadiram aquele pátio com todas as carroças e cavalos que tínhamos, através dos portões maiores que haviam sido rompidos depois de tanto esforço abaixo da escada. Afinal, com a situação da nevasca cada vez mais forte do lado de fora, não poderíamos arriscar deixar os animais sofrendo com tanta neve também.

Agora, pequenas latas de alumínio enferrujado encontradas ao redor haviam sido acesas com chamas alimentadas por restos de papel e madeira seca, providenciando as luminárias espalhadas por todos os lados e em pontos estratégicos que ajudavam na iluminação do espaço de maneira alaranjada, além de providenciar o calor que o nosso corpo necessitava.

Muitos já haviam tentado organizar lugares para descansarem um pouco, limpado escombros e se espalhando pelo local com alguns dos seus pertences mais básicos. Outros haviam começado a preparação da comida improvisada para aqueles que poderiam ficar mais debilitados por causa da viagem exaustiva, principalmente as crianças.

O meu olhar observador se mantinha sobre as escadas metálicas que serviam como acesso para os próximos andares daquela fábrica destruída. E todo o meu interesse pelas estruturas enferrujadas se dava exatamente pela presença de Daryl e Carol sentados juntinhos no mesmo degrau, fazendo companhia um para o outro enquanto conversavam aos sussurros.

Confesso que o meu maior desejo naquele momento era me transformar em uma mosca apenas para voar até lá e escutar as palavras que eles trocavam entre si. Entretanto, apesar de ter a total certeza de que o meu desejo não se remetia ao ciúme, a minha vontade de me aproximar da mulher (mas sem fazer a mínima ideia de como agir com ela) parecia consumir o meu sangue.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora