(Vol. X) Ano XIII p.e. ⎥ Tribunal.

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UMA VEZ, O MEU ADVOGADO ME DISSE: 

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UMA VEZ, O MEU ADVOGADO ME DISSE

Se você confessar o crime que cometeu, eles farão um acordo e você não poderá ser sentenciada à uma pena de morte.

Lembro-me que naquela época a simples frase arrepiou a minha nuca. Eu confessaria qualquer coisa, pois era ingênua e não queria morrer. Não por causa de alguém como o meu ex-marido. Do que serviria toda a minha perseverança e coragem para sobreviver quando, no fim, o Estado injetaria um líquido mortal em minhas veias? Por qual motivo eu estive vivendo, afinal?

Imaginar todo aquele cenário de corredor da morte, últimas palavras, última refeição... Tudo me deixava amedrontada e completamente paralisada. Me fez chorar feito um "bebê chorão" pela primeira vez no Centro Prisional, ganhando assim o apelido entre as meninas.

E me fez assinar um papel aonde eu concordava com tudo o que os vilões da minha história estavam me acusando.

Tudo isso para simplesmente não sentir a sensação de caminhar em direção ao abatedouro.

Mas, aquela Unidade de Detenção tremeria debaixo dos meus pés se me visse agora.

Laura apressou os seus passos diante de mim enquanto caminhávamos praticamente juntas em direção aos portões principais da comunidade.

Foi muito fácil notar uma quantidade absurda de moradores sobre o asfalto diante das mesmas entradas. Todos eles se tratando dos nossos soldados da milícia e vestindo seus equipamentos de confronto, como coletes e braçadeiras à prova de mordidas, assim como empunhando suas lanças, machados e facões em suas mãos.

Eu caminhei de forma determinada e muito segura em direção a multidão com meus punhos cerrados. Os percebi se virando para mim e apunhalando os seus olhares enviesados contra a minha imagem conforme o mar de pessoas foi se abrindo gradativamente, acompanhando o caminhar dos meus pés, e formando um corredor livre para que eu conseguisse ver perfeitamente os portões.

Aceitei o convite sombrio da multidão que se afastava e caminhei naquele corredor com a mesma sensação sufocante apertando a minha garganta como mãos invisíveis e tenebrosas.

O receio se tornou muito mais insuportável quando as únicas pessoas que não se afastaram para as laterais foram Michonne e Daryl. Ambos ainda esperando por mim bem próximos aos muros e virando completamente em seus calcanhares para me encararem diretamente.

O rosto de Michonne deixou explícita a situação conflitante. As sobrancelhas quase nulas da mulher estavam torcendo um vinco profundo acima da ponte do seu nariz e a maneira como a mesma segurava fortemente a ponta da bainha da sua longa espada atrás das costas só evidenciava o nervosismo um pouco confuso que tornava o seu rosto tão mal humorado.

Ao seu lado, Daryl tinha os olhos estreitos por culpa da claridade do sol escaldante vibrando contra o asfalto quente. Isso me deixava um pouco incomodada, afinal, o perfeito azul que parecia normalmente mais celeste do que o próprio céu acima de nós agora nada mais era do que duas linhas escuras enquanto os vincos preocupados surgiam no cantinho deles.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora