(Vol. X) Ano XIII p.e. ⎥ Errata.

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"VOCÊ É IGUAL A UMA SERPENTE

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"VOCÊ É IGUAL A UMA SERPENTE."

Certa vez, foi essa a frase que Daryl acabou me dizendo no meio de uma discussão intensa que tivemos quando ainda éramos adolescentes.

Lembro-me muito bem que, na época, eu havia ficado muito ofendida com a comparação e a sua grosseria deixou o nosso embate muito mais acalorado; mas aos poucos – e com a maturidade – eu fui entendendo exatamente o que ele queria dizer com as suas palavras.

Algumas serpentes costumavam caçar as suas presas subindo em árvores para devorar os ovos dos pássaros que encontravam em buracos nos troncos. Daryl, como o bom caçador que era, já havia passado por situações o suficiente para saber que, às vezes, você colocava a mão em um ninho de pássaros, mas acabava encontrando uma serpente no lugar do almoço.

Não que ele também não devorasse serpentes, porém, com certeza rendia um bom susto.

"Imprevisível."

Era isso o que a sua comparação queria dizer sobre mim, na sua maneira particular.

E eu não podia negar. Talvez o caçador da Georgia tivesse mesmo razão.

Agora, não conseguia parar de pensar na expressão desesperada que eu vi no momento em que ele percebeu que eu não seguraria a sua mão na saída daquela caverna. Quase podia ouvir os seus pensamentos gritando: "Porra, ela vai fazer de novo!"

E foi o que eu fiz.

Porque eu sou imprevisível como uma serpente.

E muito idiota.

Em alguns momentos eu simplesmente me odeio.

O mundo ao nosso redor também parecia disposto a me castigar por isso. Pelo menos era o que parecia quando tivemos que correr o máximo que podíamos, desviando de pedras rolando e escombros caindo do teto, enquanto a mão de Magna não se separava da minha.

Como uma avalanche, milhares de rochas foram movidas do lugar e desceram das estruturas por se soltarem da sua posição inicial. A terra mais fina que também deslizava no processo praticamente nos banhou como uma ampulheta e todo o oxigênio se tornou rarefeito enquanto éramos engolidas por uma tempestade de areia.

No meio de todo o caos e do barulho estrondoso que as pedras faziam batendo umas contra as outras, eu e Magna tivemos que correr sem um destino certo durante um longo momento.

Não havia tempo e nem condições que nos dessem chance de raciocinar as boas escolhas. Por isso, éramos obrigadas a aceitar qualquer mínimo caminho, ou abertura, que encontrávamos diante de nós; fugindo do soterramento que tentava nos alcançar por trás de nossas costas.

Há uma certa altura daquela trilha desesperada, acabamos por encontrar uma estreita rachadura em um alto paredão bem diante de nós. 

O espaço entre as pedras não era tão largo, mas nos pareceu ser uma saída aceitável por, pelo menos, caber nossos corpos se ficássemos de perfil.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora