STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking Dead

(Vol. X) Ano XIII p.e. ⎥ Vigiados.

ESTAR COM ELIJAH ERA UM TANTO... DIFERENTE.

E eu não me sentia assim apenas por causa da sua máscara assustadora forjada em ferro e detalhada com couro. Na verdade, não saber como era o seu rosto não me incomodava.

Mas o seu silêncio constante era avassalador.

Nós dois havíamos pego o último turno de vigia na madrugada. Juntos. E, ainda assim, era como se eu estivesse em meu posto completamente sozinha.

Em um primeiro momento, tentei amenizar aquela diferença gritante circulando as cercas de arame quadriculado durante algum tempo.

Refleti sobre as horas anteriores; a minha conversa com Daryl e a nossa reconciliação em seguida. Revivi os pequenos espasmos que energizavam a minha pele com a memória de cada toque. A minha nuca se arrepiando na lembrança da sua respiração contra os meus lábios. O meu ventre se contraindo ao me relembrar da sensação.

Desde que aquela caverna havia nos separado, apenas alguns dias haviam se passado e, ainda assim, pude sentir a saudade incandescente da sua presença em cada mínimo segundo do que tivemos naquele instante.

Depois de algum tempo entediante, observei atentamente todos os lados em direção à floresta verde que nos rodeava. Às vezes, sendo escoltada pelos passos tranquilos de Elijah também, circulando comigo para direções diferentes, mas mantendo a sua vigília, assim como eu.

O céu acima de nós estava completamente escuro e cheio de estrelas quando comecei a vigília, mas depois de algumas horas, uma faixa alaranjada muito forte começou a surgir tocando as copas das árvores e tomando para si a linha mais baixa do horizonte.

Algumas cigarras cantavam de forma distante. Era o único som ouvido durante um longo tempo. E os meus pensamentos já estavam começando a se repetir como um looping infinito naqueles instantes em que as horas pareciam lentas e a humanidade parecia adormecida.

Quando o sol começou a nascer exatamente como um globo de luz muito forte na nascente, eu simplesmente me neguei a enlouquecer e iniciei alguns assuntos aleatórios com o meu companheiro de missão.

Esse era um plano um tanto difícil, eu não via o seu rosto, não sabia a sua idade e mal conseguia pensar em um assunto que pudesse me ajudar na aproximação.

Foi nesse exato momento em que eu acreditei ter encontrado uma fórmula perfeita para lidar com pessoas silenciosas. Afinal, apesar de Daryl conseguir manter uma conversa decente comigo hoje em dia, houve tempos em que ele mal esboçava uma palavra. E eu sempre fazia o que faço de melhor: preenchia o vazio com centenas de assuntos.

Sabia o quanto eu era agitada. E pessoas que falam demais possuem uma carência terrível por pessoas silenciosas, eu sei. Por isso, acabei pensando na presença de Elijah como um presente.

Bom, se ele não falasse, então eu falaria.

O enchi com todas as novidades e últimos fatos estranhos da minha vida enquanto permanecia sentada exatamente em um caixote de madeira que estava abandonado bem próximo às cercas e que nos permitia enxergar a floresta com eficiência.