(Vol. X) Ano XIII p.e. ⎥ Repto.

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DARYL AINDA SE MANTINHA     constante ao caminhar bem ao meu lado, apesar de eu estar praticamente perseguindo os seus passos propositalmente

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DARYL AINDA SE MANTINHA     constante ao caminhar bem ao meu lado, apesar de eu estar praticamente perseguindo os seus passos propositalmente.

O caçador possuía movimentos muito rápidos, o fazendo avançar tranquilamente apressado sobre a calçada de alvenaria, e eu estava apenas o seguindo em direção a nossa casa, apressando os meus pés também.

Os seus olhos mais claros por culpa do sol à pino faziam com que ele os estreitasse em uma linha sombria. Os cílios que tentavam proteger o azul se tornavam mais dourados pela luminosidade intensa e a sua raiva de minutos atrás parecia se derreter lentamente como o suor percorrendo as laterais do seu rosto.

As suas roupas escuras se tornavam um contraste chamativo no meio de uma comunidade tão bicolor – entre verde e cinza sempre – e quase me fazia sorrir de orgulho ao perceber que, diante de um cenário suburbano cheio de construções e arborização, de todas as coisas do mundo, era justamente eu o único destaque ali que combinava tanto com ele também.

Minhas calças escuras, junto a blusa cinza surrada que eu vestia para me proteger do sol terrível durante o trabalho árduo nas lavouras, assemelhava-se perfeitamente com o homem enérgico ao meu lado. Porém, eu sabia profundamente que o meu rosto e os meus olhos (tão escuros quanto os troncos das árvores) nunca conseguiriam reter o brilho celeste e a animosidade dos mistérios que o fazia ser tão único e encantador.

Uma pessoa enigmática com uma alma rara, eu tinha que admitir.

Muito difícil encontrar algo igual hoje em dia.

A minha mãe costumava dizer, antes de nos deixar no bar da nossa "tia" Bonnie para ir trabalhar: "Carros novinhos e notas altas na carteira. Esse é o tipo de homem que amarramos pelo coração". 

Naquela época eu gostava das suas palavras como se fossem um conselho, pois, me lembravam do meu pai – que parecia se encaixar tão perfeitamente nessa descrição – e eu gostava de fantasiar o quanto eles eram apaixonados, mas apenas não admitiam isso um ao outro.

Mas eu me lembro muito bem o momento em que eu cresci e aquele discurso não fez o menor sentido para mim. 

Eu olhei para o garoto no closet da Abby como se ele estivesse ali por curiosidade, tentando descobrir quem estava o esperando. Eu vi suas roupas surradas e maiores que pareciam ter sido de Merle em algum momento. Eu sabia que ele não tinha nem ao menos uma bicicleta. E que, muito provavelmente, nos seus bolsos não haviam nem fiapos. Mas eu soube. Soube naquele exato momento em que a cor azul deixou de ser um tom para ser uma tempestade.

Eu sempre soube a minha vida inteira.

Agora, estava tão feliz por ter confiado em mim e acreditado nele! Era tão reconfortante ter crescido junto com ele, mesmo nos separando por inúmeros motivos no caminho até aqui, mas continuava sendo tão maravilhoso ter me desenvolvido ao seu lado, ter aprendido tanto, ter realizado tantas coisas que eu nunca imaginei serem possíveis.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora