(Vol. X) Ano XIII p.e. ⎥ Seiva.

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MORTOS-VIVOS SÃO IRRACIONAIS

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MORTOS-VIVOS SÃO IRRACIONAIS.

Como um efeito de manada, eles apenas seguem um ao outro para a melhor direção. Para o local aonde houvesse movimentação, ou ruídos.

Mas eles também eram constantes, fortes e incrivelmente sensíveis.

Permanecia há horas caminhando no meio deles como uma intrusa no ninho. Chegando ao ponto de começar a perceber cada mínimo detalhe das suas respirações; o ritmo constante dos seus passos arrastados; e até mesmo os diferentes cheiros dos estágios de decomposição.

É meio óbvio que os corpos infectados se decompõem de forma diferente do que um ser humano normal. Não seria possível que ossos ainda estivessem presos em músculos e eles ainda permanecessem inteiros depois de tanto tempo de suas mortes.

Aqueles que rosnavam mais roucamente, de forma falha e baixa, eram os mais antigos, pois, as suas cordas vocais já estavam desgastadas há mais tempo. Os mais agudos e ofegantes poderiam ser catalogados como os mais novos.

Depois de tanto tempo caminhando entre eles, sentindo aquele cheiro podre de carne morta se impregnando em mim até a minha alma, eu começava a perceber que caminhar entre os antigos era bem mais vantajoso.

Eles eram os mais lentos – tornando-se os mais retardatários – eram menos curiosos e possuíam menos energia, por estarem sem proteínas há mais tempo. E por isso se tornou mais cômodo me unir a horda mais ao fundo.

Os meus joelhos estavam falhando. O tremor deles em cada passo estava me obrigando a cambalear estupidamente, me tornando quase tão fiel como os passos verdadeiros de um cadáver. 

Eu sabia que seria uma questão de tempo até que eu caísse de cansaço, ou tropeçasse por algum motivo. E isso seria o meu fim. Entre tantos deles, eu não teria a menor chance.

Toda aquela horda se direcionou exatamente para a colina aonde aquela fronteira de estacas ainda se encontrava. Nos direcionou diretamente para a estrada nos arredores da Floresta Nacional que passaria há alguns quilômetros de distância dos muros de Hilltop, o que para mim era de muito alívio. Entretanto, todos os mortos pareciam estar sendo guiados justamente em direção à Foggy Bottom, em Washigton, aonde eu sabia existir as ruínas de uma cidade.

Levantei o meu rosto lentamente assim que notei a mudança de rota de todos os mortos. A sujeira em minha pele, assim como todo o meu corpo, parecia já fazer parte de mim, como a minha couraça. Até mesmo as batidas mais leves do meu coração pareceram se tranquilizar quando praticamente me familiarizei com todos aqueles caminhantes esbarrando e me empurrando.

Avistei as árvores menos espaçadas e troncos mais largos que se estendiam por toda a lateral daquela estrada velha e a sensação imensurável de liberdade fez a minha pele se arrepiar debaixo do poncho camuflado que ainda escondia o meu dorso completamente.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora