STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking Dead

(Vol. IX) Ano XII p.e. ⎥ Desvios.

ÀS VEZES, ESTRELAS ERAM APENAS pontos distantes demais para se tornarem significantes. Mal tínhamos tempo de levantar o rosto e encará-las quando os problemas prendiam nossos pés tão fortemente contra o chão. Mas, algumas vezes elas significavam a salvação de alguém perdido, que poderia encará-las com esperança e encontrar a direção como uma verdadeira bússola.

Uma vez, eu havia lido em algum lugar, que a luz das estrelas demorava bilhões de anos para nos alcançar. Que, às vezes, elas se desintegravam antes disso. E que no decorrer de cada noite, nós estávamos encarando apenas o fantasma brilhante de uma estrela que nem existia mais. Como uma máquina do tempo, encarávamos o passado com a esperança de um futuro. Era assim como elas pareciam para mim... A promessa de que um novo dia chegaria e a luz venceria a noite.

Esses pensamentos me acometeram com mais força quando o meu rosto foi tocado pela brisa mais fria da noite outonal. 

Levantei o rosto para o céu de Hilltop com mais atenção quando os meus pés alcançaram o campo gramado do pátio principal após sairmos da Casa Barrington. Notando como o céu permanecia respingado majestosamente por minúsculas estrelas que nos observavam de volta.

Daryl continuou os seus passos para longe da mansão mesmo quando eu freei os meus. A falta de um casaco mais quente me alarmou assim que os meus braços se cruzaram para amenizar o arrepio pelo frio noturno. E os meus olhos desviaram da manta estrelada acima de nós para observar o caçador sombrio que se afastava cada vez mais.

Observei a asa envelhecida que ainda permanecia em seu colete. Analisei o modo como o seu corpo se movia em um conjunto perfeito, combinando os passos dos seus pés com o balanço charmoso dos seus ombros e braços, mantendo a cabeça de ondas castanhas um pouco mais baixa e os pensamentos sorrateiros enquanto todos os seus sentidos pareciam engolir o cenário a nossa volta com muita perspicácia.

Talvez ele acreditasse que eu continuaria seguindo os seus passos como sempre.

Seguindo os seus rastros.

As palavras de Alfa perfuraram a minha mente como o ferrão de um escorpião. Fez o meu cérebro começar a analisar todas às vezes em que aquilo poderia ser verdade.

Eu sabia que tal coisa não deveria me afetar. Que as palavras maldosas não passavam de uma tentativa de me atingir com o seu joguinho psicológico, como todo psicopata sabia fazer tão bem. Mas, acabou me machucando quando me lembrei de todas às vezes em que precisei recolher os resquícios de afeto entre nós.

Apressei os meus pés antes que ele se tornasse distante demais. Conseguindo alcançar o seu corpo e combinando a minha velocidade com a sua.

Agarrei a sua mão de forma firme e escondi os meus dedos frios na textura rústica dos seus. Senti o conforto do seu calor assim que a minha outra mão praticamente abraçou o seu braço pela lateral e eu me prendi com o conforto da sua gentileza pesando em meus pulmões quando a sua mão apertou a minha carinhosamente também.