(Vol. X) Ano XIII p.e. ⎥ Primaveril.

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O BARULHO MAIS GROSSEIRO DO motor mostrava que o automóvel estava dando tudo de si para prosseguir sobre as estradas deterioradas

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O BARULHO MAIS GROSSEIRO DO motor mostrava que o automóvel estava dando tudo de si para prosseguir sobre as estradas deterioradas.

O som dos trovões cada vez mais próximos evidenciaram as nuvens cinzas que sombrearam a tarde como um anoitecer prematuro, nos deixando exatamente mais cautelosos quando notamos que os faróis daquela caminhonete velha não estavam funcionando muito bem.

O pálido azul noturno havia nos alcançado fora de hora por culpa da tempestade. O ambiente do lado de fora daquele carro parecia envolto de uma neblina insaturada e enérgica, transformando a paisagem em um filtro apagado e incolor.

As rajadas de vento que batiam claramente contra a carroceria envelhecida da picape destacavam-se quase como se quisessem pará-la, o que acabava abafando a estrutura metálica do veículo como uma mudança rápida da temperatura.

Dentro do veículo, o meu lugar era o banco do passageiro ao lado de Daryl, já que ele estava sendo o motorista. 

O meu corpo sempre tão inquieto agora parecia entorpecido e imóvel, não apenas pelo anúncio da tempestade primaveril, como também pelos últimos fatos anteriores.

Esbarrar naquele maldito trailer não fazia parte dos meus planos naquela tarde. A situação drástica dos meus nervos parecia ter mudado o clima bruscamente, mas eu poderia confessar o quanto aquilo parecia ter feito diferença em minha mente, além de me fazer reviver tantos momentos do meu passado, bons ou ruins.

Havia uma longa travessia exatamente atrás de mim. Não apenas literalmente. E, como aquela estrada pavimentada precariamente por marcas e rachaduras diante de nós, haviam tantas marcas em meu coração quanto haviam em meu corpo.

Todos os desafios tão pesados haviam me transformado na mulher ao qual eu sou hoje. E ao qual eu me orgulhava muito. Apenas torcia para que essa mulher fosse capaz de suportar o caminho que ainda tínhamos pela frente.

O meu cotovelo apoiado na janela fechada da caminhonete demonstrava os meus pensamentos distantes. O meu rosto inexpressivo, assim como o meu punho direito apoiando o peso do meu queixo, quase poderiam esboçar tédio junto ao silêncio palpável.

As pequenas e tímidas gotas iniciaram uma chuva calma como um leve aviso. Tocando a carcaça deteriorada do veículo de maneira robusta, assim como a paisagem do lado de fora.

Eu apenas me distraí as assistindo deslizarem pesadamente pelo vidro ao meu lado. Observando como a paisagem se tornava cada vez mais nublada por culpa da tempestade, transformando-se em um conjunto distorcido de cores menos saturadas e mais góticas.

— 'Tá tudo bem? — O timbre rouco do caçador me fez lembrar que eu não estava sozinha.

Pisquei os meus olhos rapidamente e acabei despertando do meu transe quase vazio com o toque suave da sua voz. Estranhamente, o tom profundo do Dixon sempre se confundia com a minha consciência, como se Daryl fizesse parte do meu bom senso.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora