STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking Dead

(Vol. X) Ano XIII p.e. ⎥ Contra os fatos.

DIVIDI O MEU CABELO CURTO AO    meio e amarrei as duas partes com elásticos finos. O último toque foi colocar o chapéu de pescador sobre todo o penteado e finalmente eu estava novamente pronta diante daquele espelho no banheiro e em mais uma manhã pronta para o trabalho.

Havia uma expressão decepcionada ainda presa em meu rosto desde a minha discussão com o Dixon na última madrugada. Não havia conseguido dormir muito bem durante a noite, a sua presença ao meu lado parecia pesar a boca do meu estômago com sentimentos culpados, e agora o sol se levantando no horizonte começava a cobrar o seu preço com cansaço.

Meu corpo dolorido e o rosto quase amassado evidenciavam a minha melancolia. Não havíamos conversado novamente depois do enfrentamento quase absurdo. Estávamos evitando o assunto. Muito menos chegaríamos em uma conclusão plausível se continuássemos dessa maneira, mas os sentimentos se acumulando dentro da minha mente estavam se tornando um castelo de cartas, me dando a clara impressão de que tudo desmoronaria de vez a qualquer mínimo movimento – apesar de acreditar que manter essa situação assim não era nada saudável.

As palavras e receios de Daryl estavam começando a fazer sentido para mim. Realmente, se outro filho resultaria em um perigo sólido contra a minha vida, não fazia sentido nenhum insistir em algo que me prejudicaria. Principalmente por saber que as crianças – Devyn, Lydia, Judith e RJ – completavam a minha família como os meus filhos.

Mas, a razão que o caçador tinha sobre o seu domínio ainda não seria o suficiente para que eu admitisse em voz alta, ou para ele.

A sua preocupação era válida, mas a mágoa ainda era presente.

Nós não tínhamos uma certeza (as coisas poderiam dar certo, ou errado, como qualquer outra coisa na vida) e se nós vivíamos uma vida regada ao medo de tudo dar errado, por que seria burrice vivê-la com a esperança de tudo se sair bem?

Havia um ponto de ruptura entre mim e o Dixon nesse exato momento.

Ele tinha medo do futuro incerto, do que isso poderia causar e queria nos proteger de qualquer forma. E depois das suas palavras sinceras naquele banheiro, eu sabia que o seu maior medo era passarmos por momentos ruins de novo em uma fase tão delicada como seria uma gravidez; (ainda mais com a situação dos Sussurradores lá fora, onde nós poderíamos perder tudo de maneira tão rápida e a qualquer momento) então, de certa forma, eu o entendia muito bem.

Lembro-me que sempre lutamos para manter a honestidade entre nós como a base de tudo. Ter confiança o suficiente para compartilhar todos os sentimentos, os medos e as emoções, era o principal pilar do nosso casamento – além de nunca mentirmos um para o outro – e continuava sendo o nosso maior esforço. Contudo, as coisas pareciam cada vez mais difíceis agora.

Quanto mais anos vivíamos juntos, mais nos expandíamos e mais profundas ficavam as emoções e sentimentos que costumávamos despertar um no outro, nos obrigando a driblar todas as diferenças até que todas as arestas estivessem aparadas, as impedindo de ficarem afiadas o suficiente e então reduzir os pequenos cortes que sofríamos de vez em quando, como todo casal.