(Vol. IX) Ano XII p.e. ⎥ Obstáculos.

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CONNIE PARECIA ENTENDER O QUE estava fazendo quando nos guiou até um bairro industrial um pouco distante da floresta fechada de onde nós havíamos acabado de fugir

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CONNIE PARECIA ENTENDER O QUE estava fazendo quando nos guiou até um bairro industrial um pouco distante da floresta fechada de onde nós havíamos acabado de fugir. Afinal, fazia sentido para nós facilitarmos a nossa visão diminuindo os obstáculos – como as grandes árvores de horas atrás – e nos direcionarmos para as ruas largas compostas por asfalto decadente, além da costumeira deterioração e lixo de sempre.

Me lembrava muito bem daquele lugar. Prédios altos com andares acinzentados que pareciam tocar o céu branco acima de nossas cabeças; galpões de armazenamento reunidos com casebres abandonados e escombros espalhados para todos os lados junto com as manchas grotescas de sangue seco enegrecendo o asfalto.

Aquele bairro não ficava tão distante do Santuário. O lugar aonde Devyn havia nascido e nós havíamos vivido por um tempo.

Um lugar completamente abandonado e destruído naquele momento.

Lembrar de um passado não tão distante me fazia sofrer um pouco mais pela ausência do menino. Não que eu desejasse que o meu garoto estivesse no meio de uma cruzada suicida como estávamos naquele momento, mas era natural que a sua falta atingisse o meu peito todas às vezes em que o seu rosto infantil e cabelo loiro me prendesse em devaneios.

Sabia que havia errado saindo de Hilltop daquela forma tão inesperada e irresponsável. Assim como sabia que, provavelmente, a sua maturidade ainda infantil permitiria que a inocência gentil perdoasse o meu momento de puro colapso. Mas, eu entendia a necessidade de derrubar a muralha mais próxima antes de alcançar o perdão do menino, agora, tão longe: o seu pai há apenas passos de distância.

O meu olhar sorrateiro se desviou de tantos prédios deteriorados diretamente para o caçador. Daryl caminhava há alguns metros à minha esquerda, logo atrás de Connie e um pouco na lateral de Henry e Lydia.

Os seus olhos semicerrados pela claridade excessiva de tanto cinza estavam mirando na paisagem ao nosso redor em busca de algum perigo. E isso me permitia examinar a forma como ele mordia a sua bochecha; às vezes prendendo a ponta da língua entre os dentes e encarando pontos específicos atrás de automóveis decadentes e containers de lixo para vistoriá-los com passos languidos e arrastados da sua maneira particular. Sempre com as suas mãos segurando firmemente a alça da balestra presa atrás das suas costas.

Como se ele conseguisse sentir o peso do meu olhar sobre si, Daryl desviou os olhos menos saturados em direção ao meu rosto também. Me permitindo vislumbrar um azul mais gélido antes de ser a minha vez de desviar os meus para frente, para a garota pequena e esguia com o seu coque cheio despontando no alto da sua cabeça.

Apertei os meus lábios quando percebi que o seu olhar durou pouco mais do que alguns segundos até se voltar também para a garota que era a nossa guia. Eu já havia deitado e me levantado vezes demais ao lado daquele homem para conseguir sentir a sua nuvem desapontada cobrindo o meu sol. Mesmo quando nem ao menos havíamos tocado no assunto ainda. Mesmo quando ele nem havia se quer soltado uma palavra sobre o que estava sentindo.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐕] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora