Lucca Falcone

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Massageio as têmporas, meus pés descansam sobre a mesa de centro, costas apoiadas nas almofadas fofas do sofá da sala de estar do meu amigo Ricardo

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Massageio as têmporas, meus pés descansam sobre a mesa de centro, costas apoiadas nas almofadas fofas do sofá da sala de estar do meu amigo Ricardo. Mastigo uma suculenta maçã enquanto espero pela indigesta reunião das famílias.

Dou uma mordida grande na fruta, fruta que me faz recordar da dolce farfalla. O maldito fruto que deveria ser proibido para mim.

Cheguei há pouco e, como sei a senha, entrei para esperar por Ricardo. Preciso da ajuda do meu amigo para encontrar uma forma de pôr um fim nessa ideia estúpida de casamento com Isadora Ferrari, proposta pelo pau no cu do Domenico e apoiada pelo meu conselho.

Os conselheiros da “Ndrangheta” estão me pressionando para pôr um fim nessa guerra e um casamento com a puttana Ferrari seria a melhor alternativa de paz, só se for pra eles, velhos do caralho.

Mas aí está o problema: eu não quero casar com a Isadora. Não sinto nada pela garota, ou pior, só repulsa, nojo... Meu asco pela desgraçada é tão forte que prefiro arrancar meu pau com uma faca cega de manteiga, sangrar até morrer do que foder aquela inútil. Não achei meu pau no lixo para me sujeitar a isso, maldição.

Eu não a quero, caramba… A mulher que eu desejo é outra. Tudo nela é atrativo, convidativo, enquanto Isadora só de respirar me faz odiá-la cada vez mais.

Isadora cheira a prostituta barata, nem as garotas do meu clube são tão repulsivas como ela... seus cabelos, sua pele, seu rosto, sua voz, seu corpo, nada me chama atenção, nada que vem da garota desperta nenhuma emoção que faça meu pau se animar.

Levanto-me, caminhando ao redor da sala na tentativa de dissipar a tensão que está me enlouquecendo.

Enquanto a minha musa me atrai como um ímã. Como o inferno aos pecadores. Heroína aos viciados.
A maledetta farfalla tem algo que me instiga, me faz querer tê-la só para mim, tê-la como minha, desejá-la todas as 24 horas do meu dia, ansiar por estar com ela. Tenho sonhos enquanto durmo, sonhos lúcidos enquanto estou acordado. Estou obcecado por Tatiana... Tudo na maldita garota me atrai: seus olhos castanhos, seus lábios rosados e carnudos, sua pele branca onde deixei marcas dos meus dedos, chupões e mordidas, seu corpo, sua voz e o seu cheiro. Estou completamente obcecado por ela.

Desde a maledetta festa dionisíaca, só me sinto realmente vivo quando estou com a desgraçada em meus braços, e essa abstinência dela está me matando, lenta e dolorosamente.

— Que diabos está acontecendo comigo? — praguejo — Só de pensar na garota fiquei duro.

Me jogo novamente no sofá, mordendo a fruta com força, pensando nela, recordando do dia em que fiz o mesmo em seu lindo pescoço.

Franzo a testa com desconforto, minha ereção esfregando contra o tecido áspero da calça jeans. Aperto meu pênis com força sobre a calça, recriminando-me por estar tão rendido por uma garota muito mais nova que eu.

— Maledetta me agarrou pelas bolas e agora tudo que consigo pensar é em transar com ela, possuí-la, transar, transar, até me satisfazer por completo — murmuro, sentindo a fera em meu peito rugir, ansiando pela dose de adrenalina que só encontro nela, com ela.

— Porra! — aperto os olhos — Estou ficando louco por essa menina!

Logo eu, que recrimino meu amigo todos esses anos por ter essa obsessão doentia por ela, agora estou bebendo da mesma fonte e sedento por ainda mais.
Estou chegando à conclusão de que Tatiana é como Jennifer Check, do filme “Jennifer’s Body”.

— Preciso vê-la — digo para mim mesmo, levantando-me novamente.

Encontrar a farfalla antes da reunião vai me ajudar a colocar a cabeça no lugar. Preciso ter calma, preciso tirar essa angústia do meu peito.

Desde o dia em que fui atrás de Roxy, Tatiana não me atende, rejeita as minhas chamadas, não responde às minhas mensagens, e isso está me empurrando, despertando o maldito instinto de caça.

Ela é como um maldito pano vermelho na frente de um touro furioso, sedento por sangue. Ela sabe que não deve me desafiar, mas está fazendo isso, está me empurrando, me forçando, e se é isso que ela quer, é o que vou dar a ela.

Sinto o sangue fluir mais rapidamente nas veias, a adrenalina correndo com força pelo meu sistema. A sensação de prazer é alucinante. Meu corpo vibra em antecipação. A quem quero enganar? Estou louco para vê-la desde o momento em que saí do quarto do hospital.
Quando penso em sair e ir ao encontro da minha Farfalla fujona, fico em alerta e meus ouvidos apurados. Ouço vozes e, em seguida, a porta se abre. Meu corpo congela no lugar, meus músculos ficam tensos, aperto o punho com tanta força que sinto que posso quebrar meus dedos a qualquer instante.

— Eu te amo, garota! — murmurou Ricardo.

Engasgo com uma respiração ofegante.

— Me ama mesmo? — ecoa a voz da minha maledetta farfalla.

— Te amo tanto, que se você me pedir, eu queimaria toda a Itália, mataria toda a população da terra. Por você, eu faço tudo.

— Eu…

Aperto os dentes com tanta fúria que sinto. Ela não vai dizer essas palavras, não vai. Eu não permito que faça. Ela é minha, porra, minha!

— Boa tarde, casal — avançando pelo corredor, entrando no campo de visão do par de desgraçados.

— Lucca? — Seus olhos estão vidrados nos meus.
Tento controlar a fúria crescente que ganha força a cada segundo que assisto Ricardo com as mãos em cima da minha garota, minha garota.

Volta à lembrança da conversa que tivemos no hospital.

— Ei, o que falei sobre falar de outros homens? — Ela bufa irritada. — Não fale com outros homens, não olhe para outros homens e não pense em outros homens!

Mas a maledetta ragazza tinha que ser uma rebelde do caralho e desobedecer a única coisa que eu disse a ela para não fazer.

Meu estômago revirou, sinto o peito apertando, como se mãos demoníacas estivessem esmagando meu coração ainda dentro do peito. O gosto amargo do ciúme na boca.

Eu quero com todas as minhas forças alcançar a pistola no coldre e descarregar no maldito Ricardo Salvatore.

— O que faz aqui, Lucca? — Ecoa a voz de Ricardo, seu tom goteja descontentamento.

Sorrio internamente porque interrompi a foda do desgraçado.

— Preciso da sua ajuda — disse, encarando Ricardo. Meus olhos se voltaram para a farfalla, que estava pálida e me encarava. — Na verdade, preciso de vocês dois.

— Que droga! — praguejou, passando a mão sobre o rosto. — O que você quer? — questionou Ricardo, se desvencilhando da garota que permanecia me encarando. Dessa vez, não vi medo em seu olhar.

Ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas e um meio sorriso nos lábios, como se estivesse me desafiando silenciosamente: “Quer jogar comigo, Lucca?”

E eu sou Lucca Falcone, o don da ‘ndrangheta, o melhor estrategista e rastreador de toda a Itália. É óbvio que vou jogar com você, farfalla travessa.

— Preciso me livrar desse casamento — disse entre dentes.

— Mate a desgraçada — Ricardo deu de ombros, passando por mim de mãos dadas com a garota. — Se não tiver noiva, não tem casamento.

— Faça isso — disse Tatiana, passando por mim e mantendo o contato visual. — Aproveite e mate Alexo Ferrari junto.

— Alexo? — Meu tom é áspero.

Respiro profundamente buscando calma. Sigo atrás deles de volta para a sala de estar.

— O desgraçado colocou na cabeça dele que estou apaixonada por ele — devolveu com uma expressão de repulsa.

— Maledetto!

Me arrependo tanto por não ter explodido o desgraçado junto com o carro que deixei na porta de sua boate.

Mas oportunidades não irão me faltar para matar cada uma das desovas Ferrari.

— Bom… Acho que vou para casa e os deixar conversando — diz Tatiana, soltando a mão de Ricardo.

— Ei — Ricardo captura sua mão e, com um pequeno impulso, puxa-a diretamente para os seus braços. Ela sorri quando seu corpo se choca ao dele e ele retribui o sorriso.

Engulo a seco, franzindo o nariz, respirando fundo e contando até 100 mentalmente para não cometer um erro irreparável.

— Ricky — murmurou suavemente, envolvendo os braços ao redor da cintura de Ricardo, que faz o mesmo com ela.

De punhos cerrados, mordo os lábios com força, sinto o gosto metálico pairando sobre a minha língua, enquanto observo a interação deles. Porra, eu deveria me sentir feliz por meu amigo, deveria desejar o melhor a ela após tudo que a pobre garota passou, contudo sou egoísta demais para isso… Eu odeio cada segundo que eles estão abraçados, odeio a sensação angustiante de impotência, odeio como meu coração bate descompassado na minha caixa torácica, odeio o gosto amargo do ciúme, odeio vê-los juntos, odeio ainda mais saber que ela está me ignorando há dias e provavelmente esteve com ele todos esses dias.

Estou ficando louco. Estou ficando louco de ciúmes. Eu a quero tanto, tanto que chega a doer. É desesperadora a sensação de vê-la nos braços de outro, ainda mais sendo o meu melhor amigo. Eu sou o errado nessa história. Eu a persegui, eu a persigo. Ela provavelmente só transou comigo porque estava drogada. Ela não olharia na minha direção uma segunda vez se não estivesse fora de si. Mas nada disso é importante. Eu só quero ela, quero-a como minha. Só minha. É pedir demais?

—  Está se sentindo bem? — A voz de Ricardo me traz de volta à realidade. Saio dos meus pensamentos notando os dois me encarando com uma expressão de preocupação.

— O que? — Perguntei confuso. O gosto metálico está mais forte, sinto um líquido quente escorrendo os meus lábios ao meu queixo.

— Merda! — Tatiana vem em minha direção — Você está sangrando.

— Que merda, Lucca, você está se drogando de novo? — amaldiçoou Ricardo, indo em direção à cozinha. — Quantas vezes já disse para parar com essas drogas? Essa porra ainda vai te matar, filho da puta! — Ecoou sua voz abafada.

— Meu Deus! — a farfalla se aproxima, seus dedos tocam meus lábios, sinto uma leve ardência. — Por que você faz isso com você mesmo? — Ela limpa o sangue que escorre com os próprios dedos, sem demonstrar nojo, nem nada do tipo.

Seus olhos ficam marejados ao me fitar, enxergo preocupação neles e isso faz com que as minhas entranhas se contorçam.

— Você está me ignorando — murmurei, entreolhando entre a garota e a porta.

— E por isso você se entope de drogas? — Sinto dor em seu tom. E isso acendeu uma pequena esperança. É isso que usarei para mantê-la comigo.

Meu tio dizia: desvende a fraqueza do seu inimigo e você os terá em suas mãos.

— Precisamos conversar — murmurei, ouvindo passos.

— Não use mais — sussurrando, seus dedos tocam a minha testa, checando minha temperatura.

Ela provavelmente pensa que estou assim por efeito de alguma droga, mas mal sabe ela que estou assim miserável por culpa dela. Que não estou drogado, mas estou louco, doente de ciúmes e saudades dela.

— É o que você quer? — Meus dedos tocaram seu rosto.

— Estou esquentando um pouco de leite para você, stronzo — Ecoa a voz de Ricardo.

— É o que você quer, farfalla? — Refaço a pergunta.

— É. Não volte a usar drogas —  respondeu, me encarando fixamente, consigo sentir a intensidade do seu olhar. Ela se preocupa comigo.

Um sorriso brinca em meus lábios.

— Prometo não usar drogas, se você me prometer que vamos conversar mais tarde…

Escuto Ricardo refazendo os passos de volta para a sala, ela se afasta alguns passos, retirando sua mão do meu rosto. Meu corpo reclama, sentindo falta do seu calor contra a minha pele.

— Toma isso — diz Ricardo, se aproximando. Ele me entrega uma xícara de leite morno e me encara, esperando eu tomar até a última gota.

Entreolhando entre a xícara e Tatiana, aguardando ansioso sua resposta. Ela assente com a cabeça de forma disfarçada e, com um sorriso, levei a xícara aos lábios, tomando todo o conteúdo.

— Se não parar com essa merda, ela ainda vai te matar, filho da puta!

— Hoje foi a última vez — devolvo a xícara. — Prometi à minha garota que não vou usar mais nada.

— Sua garota? — Questionou Ricardo, com uma expressão de surpresa.

— Minha garota — sinto o sangue correndo com força pelas veias ao pronunciar essas palavras.

— Seja ela quem for, devemos agradecer por esse milagre — Ricardo se aproxima novamente da farfalla, envolvendo-a em um abraço apertado. — Está na hora de você parar de usar essas porcarias.

Os olhos de Tatiana estão fixos nos meus, observando sua expressão mudando de preocupação para algo como remorso, talvez culpa.

— Vou para casa — diz saindo dos braços de Ricardo.

— Pensei que iríamos juntos para a reunião? — Questionou, franzindo a testa.

— Cuide dele, ele precisa de você — disse, percorrendo a sala como se estivéssemos jogando água benta sobre ela.

— Tati? — chamou Ricardo, fazendo menção de ir atrás dela, mas parou ao escutar a porta bater.

— Nossa. — Fiz a minha melhor cara de inocente. — O que deu nela?

Ele suspirou alto, passando as mãos sobre os cabelos.

— Eu me pergunto isso todos os dias. Horas ela me ama, horas me odeia, horas me quer perto e no segundo seguinte me manda pro inferno — desabafou.

— Isso porque você corre demais atrás dela — toquei em seu ombro. — Precisa ser mais firme e fazer com que ela veja que você não é um brinquedo para ela... Mostre à ragazza que o que não falta são mulheres querendo o lugar dela na sua cama.

— Mas a única que eu quero é ela — ele respondeu.

— Eu sei, você sabe, mas ela não precisa saber. — Sei que estou sendo um filho da puta, mas como dizem, no amor e na guerra vale tudo. — Seja duro, mostre o que ela está perdendo e ela voltará correndo para você, implorando para ser sua.

— Ela não é assim.

— Então faça com que ela seja. Você é o homem nessa relação, caramba.

Me sinto mal por isso? Me sinto. Vou deixá-la para que seja feliz com ele? Nunca!

Se ela não ficar comigo, farei com que não fique com ele também.

Se ela me chutar, farei com que fique tão miserável quanto eu. Ela será minha, ou não será de ninguém!

Ou eu mato Ricardo ou mato ela, mas não ficarão juntos. Só por cima do meu cadáver.

 Só por cima do meu cadáver

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O que acharam?

Gente vai rolar uma maratona no canal do telegram daqui a pouco, quem quiser.

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