tatiana

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— Eu não sou uma má pessoa, mas também não sou boa — digo, dando uma tragada no cigarro.

— Você precisou amadurecer muito rápido, é normal se sentir cansada às vezes.

Abro os lábios, soltando a fumaça.

— Nem todo mundo tem alguém por si. Nem toda mulher é uma princesa da Disney à espera de um príncipe encantado… Tudo bem ser a vilã da história, doutora?

— Você se considera vilã? — Questionou a doutora Karen.

— Eu posso ser muitas coisas — Sorrio timidamente — A mocinha inocente e indefesa — a expressão em meu rosto muda, sobrancelhas arqueadas, lábios entreabertos, cabeça erguida e postura imponente — A vilã, a mulher má, assassina cruel e sem escrúpulos. Eu particularmente gosto dessa versão. Ser boazinha é chato demais, não acha, doutora?

Seus olhos azuis vidrados nos meus, noto sua postura tensa, o leve tremor em suas mãos.

— Algo mais aconteceu, Tati? Por que quis me ver com urgência?

Meu telefone toca pela décima vez no meu colo, mas novamente o ignoro. É Lucca e ainda não estou preparada para falar com ele, nem com ele e nem com Ricardo.

Não sou do tipo sentimental, muito menos sinto remorso ou culpa, entretanto hoje me senti uma vadia nojenta, mais baixa do que a piranha da Kate e a cadela da Isadora juntas.

Eu amo o Ricardo, mas transei com Lucca várias vezes desde a Grécia. Eles são amigos e eu me sinto uma filha da puta por isso.

— Que porcaria estou fazendo da minha vida? — Meus olhos se fixam na  psicanalista da minha irmã, em seu terninho bege, sentada em uma poltrona — Às vezes sinto como se minha vida estivesse no piloto automático e eu só pudesse assistir a vida passando pela janela. — digo, ignorando sua pergunta.

— Por que sente isso? — Ela me olha por cima dos óculos.

— Não consigo recuperar o controle da minha vida. — Um sorriso dança em meus lábios. — É como se eu fosse telespectadora da minha própria história... Tudo acontece rápido demais e mal consigo me reconhecer, ou segurar as rédeas. Me sinto uma marionete, alguém está movendo as cordas e eu odeio isso pra caramba! — digo em meio a uma respiração pesada.

— O que te impede de assumir o controle? — Meu olhar encontra o da senhora loira de meia idade.

— No mundo em que nasci, não existe essa coisa de assumir o controle. Quem controla é quem tem poder, ou seja, o chefe. Então preciso seguir as regras do papai, ou matá-lo e toda a minha família e ficar com o poder. — desvio o olhar para a janela de vidro, observando a chuva cair.

— Faria isso? — Questionou, em um tom esganiçado.

— Mesmo antes de eu nascer, já tinha uma vida preparada para mim, um roteiro a ser seguido. É como disse: sou mera telespectadora na minha vida, ou pelo menos era assim — digo, ignorando sua pergunta.

— O que mudou? — Questionou, tirando os óculos de grau.

— Eu morri! — Sussurrei as palavras, observando as feições da senhora mudando, seus olhos arregalados, a expressão de pânico em seu rosto.

Dou uma tragada no cigarro antes de bater as cinzas no cinzeiro.

— O que quer dizer com “ morri”, Tatiana? — limpando a garganta, ela pergunta.

— Tatiana Genovese está morta! — Digo friamente. — Ela morreu naquela madrugada no hospital. Eu sou o que restou, o lado sombrio, maligno, profano… O mal — meu tom tem nuances de divertimento.

Observo o movimento que a garganta da doutora faz, engolindo a seco, e não posso conter o sorriso satisfeito.

Uma vez ouvi de um sábio que a única forma de derrotar um louco é ser mais louco que ele. E é isso que estou fazendo. Esse psicanalista é indicação de Kate, ela quer me controlar, para variar. Então vou mostrar pra ela que posso ser mais louca do que ela.

Kate se acha esperta, mas ela é o coelhinho da Páscoa perto de mim. Minha irmã é burra demais para armar tudo isso sozinha. Tem alguém, uma mente maligna por trás da situação, e cedo ou tarde vai me levar até o cérebro. Quando isso acontecer, irei matar a desgraçada.

Para vencer um filho da puta, seja mais filho da puta que ele. Esse será o meu lema de hoje em diante.

Marco me usou, Lucca está me usando, então qual é o problema de usá-los? Ricardo é o homem da minha vida, o único que eu realmente amo, mas ele também não me vê como eu realmente sou. Eu quero ser a rainha e não a esposa do rei. Não nasci para ser a costela de Ricardo, e sim para estar lado a lado com ele. Enquanto ele não me enxergar como realmente sou, ele não me terá por completo.

Fecho os olhos, respirando profundamente e acalmando meus pensamentos. Não fiz nada de errado, certo? Não preciso me sentir culpada. No final, eu nunca fui atrás de Lucca, ele veio atrás de mim e vem me perseguindo há dias. Ele é amigo do Ricardo, a consideração e o respeito deveriam vir dele. Se ele arruinou uma amizade de anos só para transar comigo, isso é problema dele... Ele é o errado.

— Eu sou livre, leve e solta, não devo nada a ninguém — sibilo, fazendo a doutora se encolher na cadeira.

Confesso que estou adorando fazer o papel de louca.

— Bom — digo, ficando em pé — A sessão acabou.

— Não falamos sobre o Axel — ela rebate.

Caminho em sua direção lentamente, seu corpo fica tenso, ela pisca algumas vezes. Me inclino, retiro os óculos cuidadosamente, fazendo-a tremer de medo. Dou uma última tragada do cigarro enquanto apoio uma das minhas mãos no braço da poltrona.

— Axel era um merdinha frouxo que mereceu o final que teve. O babaca dizia a todos que eu era sua namorada, enquanto fodia a piranha da sua protegida – sussurro em seu rosto. — Ele morreu porque era um inútil, uma desova traidora, assim como a Kate. Então estou aqui hoje para usá-la para dar um recado para minha irmãzinha.

— Eu…

— Você vai me ajudar, não vai? — Questionei seriamente.

— Eu vou…

— Boa garota!

Kate Genovese

Massageou as têmporas, minha cabeça latejando, a dor no meu crânio é agonizante. Minha vista ainda dói, sensível pelos efeitos de luz da explosão, tudo meu corpo dolorido.

— O que aconteceu com você, amiga? — Indagou Isadora, com uma expressão de preocupação.

— Foi um acidente — digo forçando um sorriso.

— Sinto tanto por você — ela diz segurando minha mão.

— Está tudo bem, eu estou bem, mas não posso ir à reunião, então você precisa ir e agir sozinha.

— Tatiana? — Questionou, seu tom goteja veneno.

— A própria. — aperto o punho com força — Ela está transando com Lucca, precisa contar a Marco.

Marco odeia Lucca, se ele souber que a piranha traumatizada está fodendo o inimigo por vontade própria, ele vai odiá-la, e assim vai se afastar dela. Exatamente do jeito que Luci deseja.

— Ele sabe — ela diz dando de ombros.

— Ele sabe que ela transou com ele enquanto estava bêbada, mas não sabe que repetiu a dose enquanto estava internada.

— Do que está falando? — Seu tom ácido.

— Lucca se vestiu de médico e foi visitar minha irmã, eles transaram e foram surpreendidos pela idiota da Irina e papai.

— Odeio a Irina! — Praguejou — Mas ainda odeio muito mais a sua irmã!

— Então conte ao seu irmão e deixe que ele lide com a piranha da minha irmã e com seu futuro noivo.

— Odeio Lucca! — disse entre dentes.

Isso era algo que não entendia em Isadora. Olha para Lucca Falcone, como uma mulher pode rejeitá-lo como homem? O cara é um Deus, um Deus do sexo. Só sendo muito estúpida mesmo para rejeitar um homem como ele, mas o que esperar de uma maldita Ferrari?

Tudo bem que ela tem uma queda pelo gostoso do Ricardo, mas convenhamos, Lucca não é o tipo de homem que se rejeita, ao contrário.

Forço o meu melhor sorriso, minha mão toca a dela.

— Eu sei, amiga. Por isso, precisamos fazer seu irmão odiá-los, assim, se tiver sorte, minha irmã e o seu noivo vão acabar mortos até o final da noite — digo, esperançosa.

— Tem razão, vamos destruir os dois, fodidos — ela diz, se animando.

— Esse é o espírito, amiga — digo.

Isadora sorri alegremente, levantando-se da cama do hospital.

— Preciso ir me preparar para a reunião. Você vai ficar bem? — Questionou, franzindo as sobrancelhas, esperando uma resposta.

— Claro, amiga — respondo. Ela sorri, me dá um beijo na testa e sai da sala, me dando tchau.

Quando a porta se fecha, me deito na cama, respirando aliviada porque, enfim, a gralha se foi. Uma batida soa na porta e, em seguida, ela se abre.

— O que foi? Inútil! — Amaldiçoo, irritada.

— Chegou uma caixa para a senhora — diz o babaca.

Franzo a testa, não estou esperando nada em um hospital.

— O que é? — Pergunto, sem paciência.

— Não sabemos, está enrolado em um laço rosa — diz o outro soldado, logo atrás.

— Me dê — digo, esticando as mãos. Pego a caixa, que tem um peso razoável. Não é leve, mas também não é pesada.

— O que será? — Sorrio, em expectativa.

— Com licença, senhorita — percebo o soldado de trás com um sorriso nos lábios, mas antes que pudesse perguntar o que era engraçado, eles saem, fechando a porta.

— O que será que é? — Questiono, balançando a caixa. — Quem será que mandou?

Deve ser um presente do Luci, se desculpando por ter sido um babaca comigo.

Coloco a caixa sobre a cama, desato o laço e rapidamente deslizo a tampa da caixa.

Um grito estridente ecoou, levando as mãos aos lábios, segurando a vontade insana de vomitar.

Dos meus olhos escorrem lágrimas grossas, embargando minha visão. Um choro alto rompe o silêncio, mãos suadas e trêmulas, meu estômago revirando de nojo, choque, pânico e dor.

Não posso acreditar que isso está acontecendo. A doutora Karen não... Ela foi a mais próxima que tive de uma amiga.

Olho novamente para a caixa e encontro um bilhete ao lado da cabeça da doutora Karen, a psicanalista que foi minha confidente nos últimos 12 anos. Ela era a única pessoa em todo o mundo que conhece a verdade. A única pessoa em quem confio, e agora ela está morta...

Meu corpo treme dos pés à cabeça. Deslizo o dedo para dentro da caixa, retiro um papel, pego e rapidamente abro para ler.

Meu coração dispara no peito, batendo descompassado de terror, ao ler o que está escrito com letras vermelhas: “É só o começo, vadia!”


Meu coração dispara no peito, batendo descompassado de terror, ao ler o que está escrito com letras vermelhas: “É só o começo, vadia!”

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Gente em resposta a pergunta de algumas leitoras o telegram está com 48 capítulos, entre eles a maratona que foi postada hoje manhã, e capítulos exclusivos.

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