PAIXÃO PROIBIDA

capítulo bônus 2

Ricardo

Segurei Tatiana contra o peito, sentindo o corpo dela tremer descontroladamente enquanto seus gritos atravessavam o carro como facas afiadas, cortando o ar entre nós. Minha respiração estava ofegante, o pânico tentando me consumir. Ela estava em completo desespero, totalmente fora de si, e por mais que eu quisesse trazê-la de volta, eu estava impotente. Como permiti que isso acontecesse de novo? Anos atrás, vi essa mulher queimar até as cinzas; jurei a mim mesmo que jamais deixaria ela cair outra vez, e agora... aqui estamos. Quebrados.

Cada pedaço dela refletia dor. Ela estava grávida. Grávida! A palavra se repetia na minha mente, ecoando com um peso avassalador, misturando emoções contraditórias. Eu deveria estar feliz, não deveria? Claro, estou feliz! Mas o medo... o medo consome tudo. Ela não está bem. O nosso bebê... Meu bebê. Ela deveria sentir o mesmo, mas o pânico em seus olhos destrói qualquer esperança.Eu sonhei com esse momento por tanto tempo, tê-la para mim, totalmente minha. Agora, tenho minha mulher... e nosso filho. Isso deveria ser o melhor presente que o universo poderia me dar, mas o que era para ser uma bênção tornou-se um pesadelo.

— Respira, Tati... estou aqui. — Minha voz saía trêmula, a frustração misturada ao desespero. Cada grito dela era como uma faca rasgando meu peito. Eu sabia que Lucca nos observava, seu olhar queimando como brasas em nossa direção.

— Ela está perdendo o controle, Ricardo. — A voz de Lucca cortou o silêncio. Tensa, fria, mas também carregada de um medo que eu nunca tinha visto nele antes. Ele se aproximou, suas mãos tentando estabilizar Tatiana, mas eu sabia que ele estava tão perdido quanto eu. A incerteza pairava entre nós como um veneno. Ele acha que poderia ser o pai, e essa ideia corroía nossas almas. Mas não. O bebê é meu. Eu sei disso com uma certeza que queima em minhas veias.

A trégua entre mim e Lucca... ela era temporária, necessária para tirá-la da cadeia. Mas, quando ela estiver segura, fora da Itália, as coisas vão mudar. Eu ainda odeio esse filho da puta. Ainda vou matá-lo. Ela é minha. Apenas minha. E o bebê que ela carrega é meu!

— Não podemos deixá-la assim. — Minha voz saiu mais dura do que o esperado. — Precisamos sair daqui agora, antes que as coisas piorem.

Lucca assentiu; seu rosto era uma máscara de frieza, mas eu o conhecia bem demais. Ele estava apavorado. A mulher que nós dois amávamos estava despedaçando-se diante de nós, e nenhum de nós tinha controle. Eu o odiava por isso. Odiava-me ainda mais por não ter visto os sinais antes.

No ano passado, ela desapareceu para um retiro religioso com Irina. Quando voltou, não era mais a mesma. Agora, sei que ela estava no México, construindo um dos maiores cartéis de lá, criando El Lobo.

Eu tentei fazê-la falar, tentei entender o que havia acontecido, mas ela sempre se fechava, recusando-se a contar. E eu não insisti. Achei que estava protegendo-a, mas falhei. Agora, ela está aqui, nos meus braços, quebrada, e eu não sei o que fazer para curá-la. Não sei o que a está dilacerando.

— Farfalla... por favor, me escuta... — Lucca sussurrou, sua voz surpreendentemente suave. — Você precisa se acalmar... pelo bebê. — Quando ele mencionou o bebê, senti uma dor aguda no peito. Essa palavra... só a menção parecia empurrá-la mais fundo no abismo.

— Pare de falar isso! — Minha ordem foi direta, cortante. Ele me encarou por um longo segundo antes de assentir.

De repente, os gritos de Tatiana cessaram. Num instante, ela estava imóvel; um silêncio mortal encheu o carro. Olhei para ela e meu coração quase parou. Ela estava inconsciente, sua respiração fraca, mas ainda presente.

— Merda! — Rosnei, segurando-a com mais força. — Ela desmaiou!

Lucca se aproximou, os olhos dele brilhando com uma mistura de raiva e medo. — Precisamos tirá-la daqui agora, Ricardo. A polícia não vai esperar, e ela precisa de ajuda. — Ele falava rápido, quase em desespero, e eu sabia que ele estava certo. Não tínhamos tempo.