barbara

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Bárbara

BÁRBARA

Sequei as lágrimas com as costas das mãos e segui pelo corredor vazio em direção ao jardim. Preciso de ar. Desço as escadas e vou em direção à porta da entrada, cruzo-a e sigo para a pequena fonte que tem no jardim.

A cada passo que dou, sinto as lágrimas descendo sem parar, meu coração dói, dói tanto que mal consigo respirar.

Desabotoei os botões da camisa branca que estou vestida, afrouxando o coque de cabelo, começo a desfazê-lo.

— Eu pensei que se me mantivesse na igreja, temente a Deus, poderia me sentir livre dos meus pecados, me perdoar e ser perdoada — sussurrei para mim mesma.

Solto meus cabelos, abro minha camisa com cinco botões, tiro os sapatos e sigo descalça olhando para o céu.

— Será que nunca vou me perdoar? — Mais lágrimas caem dos meus olhos, molhando minhas bochechas — Deus, por quê? Por que eu?

Olho para o céu buscando respostas, mas nada vem.

— Me dê um sinal, um motivo para não me perder — murmurei baixinho, sem esperanças de ser ouvida.

— Não deveria andar sem sapatos aqui — soa uma voz familiar. Não preciso olhar para saber que é Luke.

— Se veio tripudiar de mim dizendo que sua mãe voltou, sugiro que volte outra hora porque não estou com cabeça para isso — digo em um tom rude. Nunca falei assim com ele, mas hoje definitivamente não estou no meu juízo perfeito.

— Sempre imaginei como seria vê-la perdendo a pose de moça perfeita — murmurou bem atrás de mim. Estremeço, sentindo os pelos do meu corpo se eriçarem.

— Me erra, Luke — digo entre dentes, dando um passo à frente.

Sequei as lágrimas com as costas das mãos. Não quero dar o prazer desse fedelho de me ver chorar, porque sei que ele gosta de me ver assim: humilhada.

Houve um momento na adolescência em que Luke e eu éramos próximos. Ele até gostava de mim, mas de um dia para o outro tudo mudou e ele passou a me tratar como se eu fosse a pior pessoa do mundo.

— Vai continuar com Samuel? — Seu tom áspero. — Minha mãe voltou, o que você vai fazer agora?

Mordo os lábios reprimindo o choro. Não posso dar a ele o prazer de me ver sofrer. Aperto as mãos em forma de punhos cerrados, até sentir a unha rasgar minha carne.

— Por que você me odeia tanto? — giro os calcanhares e me coloco de frente para ele, que está a centímetros do meu rosto — O que eu te fiz de tão ruim? O que eu te fiz? — Berro, derramando algumas lágrimas.

— Acha que eu te odeio? — Indagou entre dentes, um riso sinistro escapa dos seus lábios — Eu não odeio você, sua desgraçada — Passando as mãos sobre os cabelos, seus olhos permanecem cativos aos meus — E ao contrário, eu te que...

— Bárbara? — Ecoa a voz furiosa de Samuel. Desvio minha atenção para ele, que nos encara com uma expressão assassina.

— O que foi? — Questionei seriamente, tentando me manter firme.

— Está frio aqui fora, venha para casa, meu anjo — diz vindo em minha direção.

Meu peito sobe e desce rapidamente, a fúria correndo por minha corrente sanguínea.

— Eu não sou o seu anjo, Samuel — rosno entre dentes, alisando meus cabelos com as mãos. Sequei as lágrimas, ergui a cabeça e comecei a marchar para longe daqui, longe de tudo isso, e principalmente longe de Samuel.

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