penúltimo capítulo

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Não esqueça de comentar e deixar a estrelinha.



Ricardo me beija, não, me reivindica como dele e cada célula do meu corpo responde a ele, como se soubesse a quem pertencemos. Sua língua deslizando sobre a minha, de uma maneira erótica, seus dedos deslizam em meu abdômen por baixo da camisa, cruzando a renda do meu sutiã. Um som embaraçoso escapou dos meus lábios quando seu polegar roçou no bico do meu seio, causando uma fricção entre minhas pernas, todos os meus pelos se eriçando. Seu joelho deslizando entre minhas coxas, afundando os dentes em seus lábios, sentindo meu núcleo pulsando com seu estímulo cruel.

— Tatiana? — Me assustou com o som de alguém batendo na porta — Tati? Irmã? Está tudo bem? — Ecoa a voz de Kate.

Abandonando meus lábios, Ricardo desliza o nariz por meu pescoço, respirando profundamente meu cheiro, um gemido satisfeito escapa dos seus lábios e não consigo conter a satisfação que isso me causa.

— Eu já disse que amo seu cheiro? — murmurou com um som abafado.

Aperto os olhos, um sorriso brinca em meus lábios, jogo a cabeça para trás dando livre acesso a ele.

— Ai, caralho, Ricardo! — Estremeço quando Salvatore desliza a língua úmida e quente por toda a extremidade do meu pescoço, causando arrepios e tremores por todo o meu corpo.

— Eu vou te castigar, sweet child — murmurou rouco com os lábios na minha carne, a barba por fazer roçando na minha pele só aumenta o tesão.

— Tati? — Dessa vez quem fala é Bárbara. — Filha, está tudo bem? Abra a porta, por favor?— Sinto aflição em seu tom

Ignoro seu chamado, apertando os olhos, mordendo os lábios com força, sentindo as pontas dos dedos beliscando meu mamilo. Dói, e dói pra caralho, mas no segundo seguinte Ricardo acaricia suavemente, devolvendo o prazer.

— Ricky, devemos…

— Não — interrompeu em tom firme. — Só iremos sair quando terminar com você, piccola. — Mãos grandes contornam minha cintura, forçando-me a caminhar com ele. Seguimos até a larga mesa de madeira maciça, rústica no canto da sala.


Ricardo gira meu corpo, minhas costas contra seu peitoral. Seus joelhos afastam minhas pernas, enquanto com a mão empurra meu tronco para baixo de modo que me curve, meus seios e rosto fiquem pressionados contra a madeira fria. Fechando os olhos, aspiro o aroma acolhedor da madeira que evoca uma mistura envolvente de notas terrosas e amadeiradas. Sua fragrância sutilmente me traz a sensação de uma floresta sombria e acolhedora, a brisa leve do pôr do sol, o som das árvores ao vento é como uma suave melodia, onde as folhas sussurram entre si delicadamente, criando uma sinfonia familiar e reconfortante. Sombrio, mas acolhedor. Igual aos dos livros de fantasia que dedico horas perdidas em meio às páginas mágicas que me teletransportam para outro mundo. A cada livro, um novo mundo, uma nova experiência, uma nova oportunidade de me apaixonar por amores que jamais viverei.


Saio dos meus devaneios ouvindo o som do zíper do jeans sendo aberto, em seguida o tecido áspero deslizando por minhas coxas até meus pés. Meus pelos arrepiados pela mudança brusca de temperatura. Movo os lábios para protestar, contudo, engulo as palavras olhando para frente, encontrando seu olhar pelo reflexo do imenso espelho pendurado na parede. Ricardo está desfivelando a cinta, observando a expressão sádica cobrindo suas feições, seus lábios curvando-se em um sorriso impiedoso, olhos de águia penetrantes queimando sobre mim.

Salvatore testa a cinta em sua mão, uma, duas, três vezes, fazendo-me sorrir em excitação com o som do couro contra sua palma, logo após, lentamente vem em minha direção, como um animal faminto pronto para abater sua presa. No caso, eu.

— Sabe, sweet child — sibilou rouco, seu tom atraente fazendo engasgar uma respiração — Sempre fantasiei tê-la assim, tão submissa, tão... Minha. — seu tom possessivo.

Nossos olhares permanecem cativos, sua palma áspera contra minha pele lisa, acariciando minha nádega, seus olhos vacilam dos meus, encarando a minha bunda empinada como se fosse a oitava maravilha à sua frente, e eu não consigo ignorar o quanto amo isso. Ricardo me olha como se eu fosse todo o seu mundo, o ar que respira, como se fosse me adorar de joelhos, com sua deusa.


E é exatamente isso que amo nele. Pode parecer egoísta, mas quando se é rejeitada tantas vezes, você se agarra com todas as forças, com unhas e dentes, em algo que te faz sentir especial. Mas não é o especial de ser alguém querida. Não, Ricardo dá um novo significado ao especial. Ele é obcecado, seu amor é doentio, profano, imoral, dominante, possessivo. Não é um amor de contos de fadas, o príncipe que virá por mim não é um bom homem que está montado em um cavalo branco, mas sim o demônio sombrio, maligno e deturpado que é capaz de devastar todo um reino por mim, só por mim, só para estar comigo.

E só nos braços desse demônio que me sinto realmente viva. Nos braços do meu cavaleiro do inferno, sinto o sangue fluir com mais rapidez, o coração trovejar, a deusa maligna que reside dentro de mim o deseja com tanta necessidade quanto eu. E como se fôssemos metades que se completam quando estão juntas. Sinto, com certeza, que o fodido é o meu lugar no mundo. Por diversas vezes, tentei correr, fugir, mas todos os caminhos que trilhei sempre me levaram de volta ao meu início, a Ricardo Salvatore, o maledeto diavolo que vai causar minha ruína e eu vou adorar ser arruinada por ele.

Seu olhar sombrio volta a se fixar aos meus pelo reflexo, olhos profundos parecem enxergar através de mim e, com um leve aceno com a cabeça, ele me diz de forma silenciosa que sim, que vê o meu interior nefasto e, o principal, que gosta do que vê.


— Vou marcar de vermelho sua pele pálida, para que não ouse esquecer quem é o seu homem, meu amor — Mal tenho tempo para formular uma frase. Tudo acontece rápido demais, sob os meus olhos. Ricardo levanta o braço, com um cinto preto de couro firme em sua mão, ecoa pelo ambiente o som do impacto seco.

Fico nas pontas dos pés, minhas costas arqueando, sentindo minha carne queimar, melhor dizendo, arder, contudo não é isso que ganha minha atenção e sim o fato de que estou ofegante, minhas pernas trêmulas e o calor parece consumir cada fibra do meu ser.

Estou fodidamente excitada com a cintada que acabei de receber de Ricardo.

Aperto os olhos, lábios entreabertos, a respiração escapando por minha boca, enquanto ofego, sentindo a nádega latejando.

— Gostosa — murmurou, seu tom penetrante, me deixando inquieta com o que está por vir. — Está preparada, mio amore?


Umedeço os lábios, encarando fixamente. Fito seus lábios carnudos e rosados, que ostentam um sorriso maroto, como o de uma criança que está prestes a fazer alguma travessura.

Espalmo minhas mãos sobre a mesa, nivelando meu corpo, para que minha bunda fique ainda mais empinada. Salvatore assiste a cada movimento com adoração.

Ricardo ergue novamente o braço, meus olhos se fecham em antecipação, mordendo o lábio inferior reprimindo um grito quando novamente o couro bate contra minha pele sensível. Mal tenho tempo para raciocinar, pois outro golpe vem, dessa vez mais forte e mais doloroso do que o anterior. E assim repetindo o ato algumas vezes mais. Engasgo uma respiração ofegante, quando seu corpo grande paira sobre o meu, dedos deslizam por minha pele lastimada até alcançar a borda da renda da calcinha, escorregando para dentro, suspiro sendo invadida.


— Porra! — Um grunhido gutural escapa dos lábios, seus olhos estavam brilhantes, perfurando os meus, enquanto os dedos deslizam lentamente, me invadindo pouco a pouco. Arqueio as costas silenciosamente, ansiando ser invadida completamente, preenchida por ele, movendo o quadril e aumentando o atrito dos seus dedos no meu clitóris. Monto em sua mão, jogando para longe minha dignidade em busca do orgasmo. Ricardo geme alto a cada movimento descoordenado que meu quadril faz em seus dedos. Observo seu maxilar cerrado, a testa enrugada, o peito subir e cair com respirações pesadas.

Meus próprios batimentos aceleram, estou perto, quase lá, contudo ele simplesmente tira os dedos, dando um passo para trás e me impedindo de ter o que eu realmente quero. Bufo descontente, enquanto Ricardo sorri vitorioso, com um ar presunçoso de macho alfa.


— Ainda não, sweet child, estamos juntos nisso — zomba, elevando o braço dessa vez mais alto, fecho os olhos com força, meus lábios se abrem em forma de um “O”, enquanto um som embaraçoso me escapa. Sinto arder como se dezenas de formigas estivessem picando e injetando seu veneno na minha pele. É doloroso pra caralho, mas o calor entre minhas pernas me faz ponderar quão afetada anda minha saúde mental, porque, porra, estou fodidamente molhada, excitada e com um tesão que nunca senti antes.

O frenesi que isso me dá é como uma injeção de fentanyl indo diretamente para o meu sistema nervoso central, estou tremendo, sobrecarregada de sensações.


— Cazzo. — murmurou, soltando a cinta, que cai sobre o tapete vermelho. — Como gostaria de marcar cada minúscula parte do seu corpo, deixando uma trilha de vergões. — um rosnado escapa de seus lábios. — Olhos vendados, algemas nos pulsos, chicoteando sua bunda gostosa, enquanto aprecio cada um dos seus gritos de prazer, e depois — acariciando minha pele, continua — Te fazer gozar por horas. — meus pelos arrepiados, aperto as coxas sentindo meu clitóris pulsando dolorosamente.

— E por que não faz? — As palavras escapam dos meus lábios sem minha permissão.

— Não posso pegar pesado contigo, minha doce diabinha. — respondeu. — Pelo menos não por enquanto.

Boca seca, respirando ofegante, assisto Ricardo procurando algo no coldre, arregalando os olhos quando notei uma arma em suas mãos. Movo a cabeça lentamente em forma de protesto, porém sou ignorada por completo.

O bastardo se inclina, seu joelho golpeia sutilmente minhas coxas, me obrigando a afastá-las um pouco mais. Com o indicador, arrasta minha calcinha, dando livre acesso. Fecho os olhos, prendendo a respiração, estremeço sentindo o ferro gelado escorregando facilmente por minhas dobras devido à minha excitação. Engasgo com uma respiração, lábios entreabertos, temendo que a arma dispare e acidentalmente acabe morta com o tiro no útero, literalmente no útero, porra.

— Ricardo? — Minha voz vacila, incapaz de me mover, permaneço com a respiração presa.

— Confia em mim, querida, jamais lhe causaria dano — afirmou seriamente.

Se não estivesse com a porra de uma pistola dentro de mim, gargalhava na cara do filho da puta. "Nunca lhe causaria dano", disse o homem que acabou de me surrar com um cinto.

— Feche os olhos, Tatiana — Ordena e, sem coragem para contestar, simplesmente obedeço, mesmo a contragosto. — Relaxe, princesa.

Bufo irritada e começo.

— Fácil falar, seu fodido, sou eu que estou com a porra de uma nove milímetros automática na mão... — me calo abruptamente, sentindo a droga da arma se movendo dentro, lentamente, indo e vindo, em um ritmo que faz os cabelos da minha nuca se eriçarem, enrolo os dedos dos pés, involuntariamente arqueando meu quadril em busca de mais.

Porra, definitivamente minha mente está quebrada, estou realmente fodida da cabeça.

Murmúrios escapam da minha garganta, Ricardo aumenta o ritmo, mais forte e mais rápido, minhas paredes se apertam ao redor do cano da pistola.

— Goza, princesa, goza na arma que vai matar o fodido Falcone que ousou tocar no que me pertence — seu tom possessivo me obriga a abrir os olhos e encontrar suas esferas verdes queimando sobre mim.

— Ricky...

— Vou matá-lo, amor — informou em tom de promessa. — Mas por agora, goza pra mim.


Seus movimentos se tornam impiedosos, cruéis, afundando as unhas na madeira, meu quadril bate contra a mesa, meus seios esfregam contra a superfície causando um atrito doloroso da renda nos mamilos.

— Ric… — Movo os lábios para tentar argumentar, mas sou traída pelo meu corpo, ondas eletrizantes de prazer me atingem com tanta força que sinto minhas pernas falhando. Mordo os lábios com força, impedindo que um grito me escape.

— Boa garota — cochichou, afastando a arma. Ainda sofrendo tremores, puxo o ar com força tentando recuperar o fôlego, gotículas de suor escorrendo.

Lentamente abrindo os olhos, encontro Ricardo nu da cintura para baixo, suas narinas dilatam, acariciando o pênis vagarosamente, enquanto me mantém refém de seu olhar. Seus olhos escuros ardendo sobre mim.


— Eu amo você, princesa — murmurou, movendo-se para frente, esfregando seu pênis na minha entrada escorregadia. — Princesa não, minha deusa — um grunhido escapou do fundo de sua garganta quando um impulso brutal me empurrou para dentro.

Um grito estrangulado escapou de mim quando finalmente seu quadril puxou totalmente para trás, me preenchendo novamente por completo, batendo fundo, me invadindo sem piedade. Não que ele tenha tido alguma vez, mas agora é diferente, ele me penetra fundo, forte, como se sua vida dependesse disso, corrigindo, como se nossas vidas dependessem disso.

Ricardo não é gentil, seus movimentos são cruéis, uma mistura deliciosamente insana de raiva, ciúmes, posse, paixão e amor. E isso, meus amigos, fode com todas as minhas reservas, derruba todas as minhas barreiras, todas as palavras que proferi minutos atrás sobre a separação caem por terra e são levadas com o vento. Esse é o poder de Ricardo sobre mim.


Seus golpes são profundos, em um ritmo anormal. Ele parece maior dentro de mim, esticando minhas paredes em uma linha tênue entre o prazer e a dor. E é exatamente isso que está me empurrando para um segundo orgasmo.

Seu corpo pesado pairando sobre o meu, uma mão segura com força meus cabelos, forçando para trás, enquanto com a voz rouca sussurrou no meu ouvido.

— Pare de se segurar e me dê o que eu quero — mantendo meu olhar cativo, sua mão livre agarrou minha cintura afundando o dedo contra a carne sensível, me penetrando fundo, investindo como um animal selvagem.

— O que você quer? — inquiri com a voz rouca, engasgada na respiração.

— O que eu quero? — seu tom áspero, carregado de devassidão e promessas profanas — Eu quero te foder com tanta força, marcar cada minúscula parte do seu corpo, até você gritar de prazer para que todos nessa maldita casa, inclusive o seu pai, escute a princesinha dele gozando no meu pau.

— Não faça isso… — minha voz vacila.


A cada estocada bruta, sinto minhas pernas se transformando em gelatina, o suor escorrendo da testa, o ar faltando nos pulmões, meu coração batendo tão rapidamente que tenho a sensação de que vai explodir.

O ruído ardente dos nossos corpos se encontrando ecoou pelo cômodo. Seu pênis bate forte, fundo, a cada estocada áspera sinto como se estivesse me rasgando por dentro e isso é bom pra caramba.

Sua mão escorregou do meu cabelo para meu queixo, forçando-me a fitar através do espelho à nossa frente. Encontro um Ricardo suado, desgrenhado, cabelos levemente bagunçados dando um ar sexy pra caramba, ofegante, lábios entreabertos, testa franzida, a expressão de prazer estampada em suas belas feições. Os sons que saem de seus lábios são o suficiente para me fazer perder a cabeça, gemidos altos fogem da minha garganta, tão altos que tenho certeza de que toda a casa consegue nos ouvir.

Ele rosna contra minha pele, entrando em um ritmo frenético. Minhas paredes se apertaram ao redor do seu pau, perco o fôlego, estremecendo, sentindo espasmos por todo o corpo, meus olhos fixos nos dele, seu quadril bate em mim uma última vez e assim explodimos juntos, ao mesmo tempo. Palavras desconexas escapam dele, meu olhar se mantém nele por mais alguns segundos até a exaustão do segundo orgasmo me derrubar, seu corpo sobre o meu, suados, ofegantes, corações batendo descompassados.

— Eu te amo — confessou, baixinho.


[...]

Ao abrir os olhos, a luz suave penetra gradualmente, dispersando o sono e trazendo-me a consciência de que não estou mais sobre a mesa do escritório do papai, mas sim deitada em uma cama confortável, com lençóis macios, inalando a fragrância amadeirada inconfundível da colônia pós-banho do maledetto, que me causa borboletas no estômago todas as manhãs, pois sou completamente viciada no cheiro desse homem.

Estou no quarto que tenho compartilhado com Ricardo nas últimas semanas. Viro meu corpo para o lado, com a mão espalmada sobre o colchão, alavancando o tronco e obrigando-me a sentar.


Franzo as sobrancelhas, fazendo uma careta estranha, praguejando baixinho, sentindo agulhadas na região das nádegas. Lembranças do que aconteceu na sala do papai inundam minha memória, sinto as bochechas esquentando e não preciso olhar para saber que estão coradas. A vergonha me atinge com força. Ricardo me surrou usando uma cinta de couro e o pior, eu gostei. Isso não é tudo, ainda usou uma pistola para me masturbar, para depois me foder até eu gritar igual uma cabra desmamada.

— Céus — Cubro o rosto com as mãos — Vou passar o resto dos meus dias trancada… Não quero ter que encontrar Bárbara, papai, Luke…

— Está com vergonha de quê? — ressoou em tom penetrante — Somos noivos, querida, não fizemos nada de errado.

Bufo, afastando as mãos do rosto, para encontrar o stronzo, sentado na poltrona, fitando-me com os olhos estreitos.


— Claro, para você é normal, não é? — Ironizo. — Transar comigo na sala do meu pai, enquanto toda a família está na sala de estar. Mas o que espera do cara que comia as garotas ao ar livre, à vista de quem passasse.

Me refiro a uma vez, quando ainda era uma menina, ouvi ruídos vindos da ala da piscina. Era a cadela da professora de pilates da Bárbara, que parecia uma hiena, gargalhando e pedindo “mais rápido, Ricardo”.

O desgraçado ostenta um sorriso zombeteiro, levantando-se e abandonando o notebook no assento, vem caminhando em minha direção.

— Está com ciúmes, sweet child? — provocou, sentando-se à minha frente.

— Sem gracinhas, Salvatore — cruzo os braços na frente do peito. O sorriso presunçoso estampado em seu rosto me faz querer chutar a vida para fora do fodido.

— Como está se sentindo? — Interrogou, lançando-me um olhar preocupado.

— Viva — devolvo, estalando os dedos das mãos.

Ricardo solta um suspiro pesado e começa.


— Precisamos conversar — diz firme e sério.

Recordando suas palavras no escritório, decido que é hora de lidar com o elefante na loja de cristais.

— Ricky? — chamo, observando sua expressão endurecendo — O que falou sobre matar Lucca...

Interrompendo-me, ele começa.

— O fodido vai morrer! — seu tom duro deixa claro que não está aberto para discussão.

— Mas...

— Você não entende, porra? — Indagou em tom estridente — Lucca sabe do seu segredo e vai usar contra você, estúpida do caralho!

Arregalo os olhos, sentindo minhas bochechas ganhando um tom rubro, narinas dilatadas, enquanto aperto o tecido do lençol entre os dedos com força.

— Não me chame de estúpida — repreendo baixo, mas firme o suficiente para deixar claro que não vou tolerar suas ofensas.

Após uma respiração pesada, ele continua.

— Falcone está sendo investigado pelo conselho da Ndrangheta — explica — Seu pai e os anciãos desconfiam que ele encontrou a criança perdida e está mantendo em segredo.


— Criança perdida? — Faço-me de desentendida, contudo sei que se refere a Felipa, ouvi uma conversa interessante entre Lucca e Ricardo na ilha Grega.

— Não se faça de ingênua, mio amore, esse papel não combina com você — sussurrou, tocando a ponta do meu nariz — Eu sei que você ouviu nossa conversa na Grécia sobre Felipa ser Evelyn Falcone.

— E como sabe disso? — Bato os cílios, sorrindo sem mostrar os dentes.

— Seu cheiro, amore — aproximando-se um pouco mais — Reconheceria seu aroma em uma multidão. — Seu dedo escala meu queixo até os lábios, os acariciando com o polegar, enviando arrepios por todo meu corpo.

— Prossiga — peço, tentando quebrar a tensão que se forma entre nós. Estou toda dolorida e não tenho certeza se sobrevivo a mais um round de sexo bruto.

Um sorriso malicioso brinca em seus lábios, como se soubesse exatamente o que estou pensando.


— O pai de Lucca e uma orla de apoiadores fiéis que querem eliminar a garota, quando vier à tona que está casada com Domenico Ferrari, será questão de tempo para caçar e eliminá-la. — esclarece.

— E onde El lobo entra nisso?

— A questão é que o bastardo não vai permitir que Felipa seja assassinada, então é aí que você entra, meu bem — Engulo a seco entendendo — Você será a cortina de fumaça, o ponto de escape, para salvar a vida da vadia ele vai sacrificar você.

Aceno com a cabeça.

— Ele vai revelar que sou eu El lobo para afastar a atenção da cagna, enquanto a move para um local seguro, longe de tudo, enquanto sou assassinada — forço um sorriso. Lágrimas enchem meus olhos.

— Exato, amor — seu tom áspero — Agora entende que é ele ou você? — Questionou, secando com o polegar as lágrimas que embargam minha vista e escorrem dos meus olhos para minhas bochechas.

— Entendi — Cochichei. Fungando o nariz, reprimindo as lágrimas. Não vou mais chorar, não me permito mais fazer isso.

— Faça as malas — inclinando-se, selando um beijo casto em meus lábios e volta a se afastar — Vou matar o maldito Falcone, em seguida vamos para os Estados Unidos. — declarou, finalizando a conversa.

Me calo, concordando com suas palavras. Desvio o olhar, encarando um ponto qualquer na parede, ombros caídos. Mordo o lábio, sentindo o constrangimento e o arrependimento me acertando com um soco violento no estômago.

Por um instante, realmente acreditei nas palavras apaixonadas de Lucca Falcone, considerei que tudo que me disse poderia ser real, contudo minha vida é um maldito ciclo sem fim que se repete uma e outra vez. Traição, mentiras, engano e abandono.


— Não se culpe, sweet child — segurando meu rosto em suas mãos, Ricardo me faz encarar suas órbitas verdes — Lucca sabia exatamente o que estava fazendo e como conseguir, ele não é considerado o melhor caçador da Calábria à toa. O fodido é um mestre na caçada e na manipulação, você nunca teve escapatória — murmurou Ricardo, aumentando o nó que se forma na minha garganta. Sinto o gosto amargo da bile, me causando náuseas.

— Posso ir com você? — Pergunto sabendo da resposta.

— Não saia daqui — diz de forma áspera — Não abra a porta e se não for eu, Samuel ou Luke não atenda o celular, estamos entendidos? — Indagou, levantando-se e rumando em direção à porta.

— Sim — Sibilei, voltando a deitar.— Ricardo? — chamo, antes dele sair pela porta.

— O quê? — Indagou, olhando por cima do ombro.

— Amo você!

— Eu te amo mais — devolveu em resposta — Quando voltar, precisamos conversar sobre algo importante, até lá descanse.

[...]

Giro o registro do chuveiro, fechando o fluxo de água. Alcanço a toalha macia, secando primeiramente o rosto, para depois deslizar o tecido fofo ao redor dos meus ombros e caminhar para fora do box. Paro na frente do espelho embaçado e esfrego a mão sobre o vidro, limpando o suficiente para conseguir ver o meu reflexo.

Me arrependo amargamente, meus olhos estão vermelhos e inchados, lábios cortados, arranhões e pequenos cortes pelo rosto, braços e colo. Com os ombros caídos, sigo para o quarto, abismada com a minha aparência.

Ecoa o som do celular tocando. Penso em ignorar, mas o ruído está incomodando pra caramba, então decido conferir quem é o filho da mãe que está perturbando minha paz. Contorno a cama até o criado-mudo, olho a tela e percebo que é restrito.

Franzo as sobrancelhas, esfregando a nuca, limpando a garganta um segundo antes de deslizar o dedo no telefone verde na tela e atender a ligação. Coloco no viva-voz.

— Tatiana? — Ecoou a voz de um homem do outro lado da linha. O sotaque pesado deixa óbvio que o desgraçado é russo.

— Quem é? — Indago, capturando o celular e seguindo até o closet onde tenho algumas roupas minhas.

— Olá, pequeno lobo — paro imediatamente no lugar, um calafrio cruza minha espinha.

— Quem está falando? — forço minha voz a sair firme.

— Alguém que pode te ajudar, ou te matar, não decidi ainda — limpando a garganta para continuar — Encontre-me em 10 minutos no estacionamento da Galleria Alberto Sordi.

— Não sem saber quem é você e o que quer comigo — alcanço uma calça de Yoga e uma camisa de manga comprida cinza.

Após um período em silêncio, ele volta a falar.

— Sou a pessoa que pode te levar até a sua filha.

— Quem diabos está falando? — Meu tom saiu mais alto do que gostaria.

— Tic tac… O tempo está passando, El lobo…


— Tic tac… O tempo está passando, El lobo…

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