Capítulo 46 - Sentença

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A expressão da defesa e de Andrew, carregada de um desespero controlado, teria sido quase cômica em outra situação

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A expressão da defesa e de Andrew, carregada de um desespero controlado, teria sido quase cômica em outra situação. Mas ali, naquela sala de tribunal, era a personificação da tragédia. Observei, ansioso, enquanto um funcionário trazia o aparelho de som para a frente, colocando-o sobre uma mesa de madeira escura centralizada no recinto.

- Podem começar - a ordem do juiz ressoou, enchendo meu coração de uma alegria quase infantil. Um sorriso poderoso e forte lutava contra meu autocontrole, enquanto a expectativa crescia dentro de mim.

O funcionário conectou o pen drive e iniciou o áudio. O som antigo e um tanto distorcido do gravador infantil de Amber começou a preencher a sala. Primeiro, eram as risadas inocentes e brincadeiras de duas crianças, eu e Amber, que à época não fazíamos ideia da magnitude do que acontecia ao nosso redor. Mas, em meio à inocência das nossas brincadeiras, as vozes dos adultos começaram a emergir.

Primeiro, a voz de meu pai, Michael Harrison, com um tom de entusiasmo, vibração de pura alegria e orgulho. - Finalmente conseguimos, Jacob! Esse algoritmo vai revolucionar tudo!- ele dizia com uma emoção palpável.

- Você é simplesmente o filho da puta mais brilhante que eu já conheci em toda a minha vida, Michael. Uou, eu ainda não acredito que você conseguiu solucionar a equação e chegar na resposta. Uau! - Jacob respondia, igualmente animado.

- Andrew, - ouvi meu pai chamando, com as risadinhas de Amber ao fundo se misturando às minhas, - qual o nosso potencial de ganho com isso? Por quanto conseguiremos vender a patente? Vai ser suficiente para nós três? - A pergunta de meu pai, em tom de felicidade e dúvida genuína, soava agora como um prenúncio de sua futura desilusão.

Então, a voz de Andrew entrou, firme e confiante, mesmo na gravação antiga. - Vamos dominar o mercado com isso, Michael, você vai ver. Nós seremos imbatíveis. Não venderemos, isso tiraria nosso potencial lucrativo. Podemos fazer uma parceria com a Microsoft ou com a Apple, qual delas oferecer o melhor contrato. Ficaremos milionários com isso. Você foi brilhante amigo.

- Ficaremos milionários, - eu dizia nos áudios, correndo até meu pai, um vislumbre daquela memória surgindo em minha mente.

- Eu também quero ficar milonália, - Amber intervinha, sua voz doce provocando gargalhadas nos adultos.

- Você também será milionária, minha princesa. Você terá tudo nesse mundo, meu amor. Tudo o que desejar seu papai te dará, - Andrew respondia, e eu não pude deixar de duvidar da sinceridade em seu tom.

- Até um pônei? - Amber perguntava, e a gargalhada de Jacob e a minha enchiam a sala.

- Até um pônei! - Andrew afirmava, e logo após, o som de alguém batendo à porta e a entrada da minha mãe com lanches marcava uma transição na conversa. A seguir, eles discutiam sobre o que comprariam com os ganhos do potencial contrato.

O tribunal escutava atentamente, capturando cada palavra, cada risada, cada momento de esperança e alegria que, naquele tempo, parecia tão real e tangível. Era um testemunho vivo da confiança quebrada e dos sonhos desfeitos pela ganância de um homem.

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