Capítulo 48 - Fuga

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O nascer do sol trazia consigo uma luz suave que banhava o quarto, refletindo o turbilhão de emoções que eu sentia

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O nascer do sol trazia consigo uma luz suave que banhava o quarto, refletindo o turbilhão de emoções que eu sentia. A noite havia sido longa, repleta de pensamentos e revelações que me impediram de encontrar o sono. Sentia-me numa montanha-russa emocional, oscilando entre medo e excitação, terror e felicidade. Havia algo assustador, mas ao mesmo tempo profundamente certo, sobre o que eu havia descoberto. Parecia o caminho perfeito para mim, mesmo que eu ainda não conseguisse compreender totalmente as razões para meu cérebro chegar a essa conclusão.

Um sorriso hesitante começava a se formar em meus lábios. Era uma oportunidade, uma chance de recomeçar, de construir algo novo. Uma chance de ter uma parte dele comigo - não a parte amargurada e vingativa que ele se tornou, mas um fragmento dos bons momentos que compartilhamos. Nosso bebê havia sobrevivido apesar de tudo - contra a medicação abortiva, o estresse, as adversidades. Uma resistência que me fazia crer numa certeza interna e inexplicável.

Uma menina. Eu sentia isso. Um menino não teria a mesma resiliência, a mesma força para lutar pela vida. Sim, tinha que ser uma menina. Esse pensamento me enchia de uma alegria e empolgação novas, alimentando um otimismo que há muito eu não sentia.

Nessa aurora de sentimentos e possibilidades, eu sabia que precisava ser corajosa e seguir em frente, eu precisava enfrentas os desafios que se desenrolavam a minha frente, mesmo que tudo fosse extremamente assustador para mim. Eu superei e resisti ao primeiro grande golpe que a vida me deu, eu poderia lidar com essa situação. Era o momento de traçar meu próprio caminho, distante do caos e das sombras que haviam marcado minha existência até então. Era hora de olhar para frente, com esperança e determinação, pronta para lutar e desfrutar das novidades que eu estava acolhendo com o coração aberto.

Com a luz do amanhecer refletindo em meu rosto, eu senti uma nova força surgir dentro de mim. Uma força que vinha não apenas de mim, mas também da pequena vida que crescia em meu ventre. Juntas, sim! Juntas - pois eu tinha certeza que era a minha filha que morava em mim - enfrentaríamos o mundo, criando nossa própria história, longe das sombras do passado. Era um recomeço, um novo capítulo que começava com os primeiros raios de sol daquele novo dia.

Olhei para as malas ao lado da cama, tudo já estava pronto para a minha partida, as cinco e meia da manhã me encontraria com Clara na esquina de casa e ela me levaria até o aeroporto para que eu pudesse pegar o voo para longe daqui. Clara arrumou tudo com uma eficiência assustadora, eu ainda não sabia para onde eu iria, mas eu sentia tanta confiança de que ela teria encontrado um lugar bom que eu apenas deixei em suas mãos a escolha do meu novo destino.

Pego a carta que escrevi e reescrevi inúmeras vezes durante a madrugada e a aperto contra o meu peito, numa despedida muda, antes de colocá-la em cima da mesinha de cabeceira. Em algum momento Sophie entraria no quarto, e quando o fizesse, ela saberia quais foram as minhas escolhas. Ao menos por enquanto, era o melhor que eu poderia oferecer a ela.

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