Capítulo 52 - Reflexões

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O fim de semana havia sido maravilhoso, fazia um bom tempo que eu não saia com meu primo para relaxar, bater papo, refletir sobre a vida

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O fim de semana havia sido maravilhoso, fazia um bom tempo que eu não saia com meu primo para relaxar, bater papo, refletir sobre a vida. Adam viajava com frequência agora, com seu trabalho de investigador particular, ele acabava tendo que ficar disponível em horários incomuns, além de ter disponibilidade constante para fazer pequenas viagens a fim de descobrir, fotografar e catalogar a quantidade incontável de traições.

Era engraçado, pois 90% dos casos que chegavam a sua agência era exatamente de mulheres ou homens desconfiados das traições dos seus parceiros. Eventualmente aparecia algum caso mais interessante que o animava, mesmo sendo raro, a sua grande parte eram casos que ele já sabia o resultado, pois ele dizia para mim que de todos os casos que chegavam com tal desconfiança, era certo de que ele ia encontrar as provas.

— Sabe o que é pior Dylan, a maior parte dos casos acabam perdoando e fingindo que nada aconteceu — me contava frustrado — então para que confirmar? Para sofrer mais? O que os olhos não veem, o coração não sente, não é assim que funciona? Ou não é assim que deveria funcionar? Mas parece que as pessoas gostam de sofrer, gostam de se martirizar e depois simplesmente ignoram aquilo. Poucos são os casais que realmente se separaram depois. Eu sempre investigava depois de alguns meses para saber se o que descobri havia trazido algum resultado efetivo, mas depois eu via que a descoberta em si era apenas para ter algo contra o parceiro, eles não queriam o término, queriam o controle, queriam poder controlar o outro pelo erro dele.

Essas observações me faziam pensar sobre os relacionamentos atuais, e sobre como a maior parte dos casais não se importam verdadeiramente um com o outro. O quanto a lealdade em uma relação perdeu o valor ao longo dos anos. Eu não tinha uma parceira, e a única que tive efetivamente foi desleal comigo, eu me vinguei dela, e agora sou quase como um desses homens traídos que Adam investiga, pois a verdade é exatamente essa, se eu pudesse, e tivesse como escolher, eu a teria de volta. Eu já havia a perdoado, mas eu fiz mal a ela também, e me perguntava se ela já havia me perdoado por isso, ou se ela ainda guardava minhas ações em seu coração.

— No final de tudo, somos assim, Dylan, é a nossa humanidade, nosso coração quer voltar para aquilo que ele sente que pertence, mesmo que na grande maioria dos casos, é apenas o que a gente acredita, mas não é a verdade. O que abriria outro ponto sobre os variados tipos de verdade, que não é o caso no momento. — Pondera — Ficamos viciados na adrenalina e nas emoções profundas que alguém desperta em nós, e buscamos manter aquilo perto de nós, mesmo que o preço seja alto a pagar. É um vício que poucos conseguem se libertar. Não olhamos para nós, não vivemos nossas vidas e adoramos a nossa alma, a gente apenas se sente completo com outro ao nosso lado, pois de uma forma insana parece que a maioria de nós precisa de olhos externos para poder se enxergar. Não fomos feitos para a solidão, isso é um fato, mas nascemos sozinhos e morremos sozinhos, então o que é realmente o certo ou o errado no caso dos que traem e dos que usam a traição alheia para subir na hierarquia da relação?

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