Capítulo 41 - Ajustes

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A conversa havia sido muito proveitosa, e como eu supus, Clara estava disposta a me ajudar

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A conversa havia sido muito proveitosa, e como eu supus, Clara estava disposta a me ajudar. Era benéfico para nós duas, eu sabia bem o que ela sentia por Dylan, era claro como água a forma romântica com a qual ela olhava para ele. Os sentimentos dela por ele se algum dia foram fraternais, eu poderia afirmar que isso não era mais uma realidade há muito tempo.

Tivemos uma conversa muito boa, e pude notar que quando ela não estava ocupada me odiando, ela até era uma companhia bastante... Agradável. Ela estava disposta a fazer o que fosse necessário para me manter longe do Dylan, e talvez, ela realmente tivesse razão. Eu fiz muito mal a ele, e como consequência, ele fez mal a mim também. Éramos péssimos um para o outro. O melhor que poderíamos fazer por nós mesmos, era ficarmos longe.

Meu coração se apertava cada vez que eu me lembrava e repensava tudo que eu estava deixando para trás. Eu já havia decidido que não iria ao julgamento, papai seria condenado e pagaria pelos seus crimes, as propriedades ou o dinheiro que estava confiscado jamais voltaria para nossas mãos. Não havia como recuperarmos isso, e a consciência recentemente adquirida me fazia enxergar que não merecíamos recuperar algo que não era nosso.

Clara me contou por alto sobre as coisas as quais Dylan passou devido as ações de papai. E isso me fez ter mais certeza ainda de que o meu lugar era o mais longe possível daqui. Eu me senti tão mal ao saber o que aconteceu com a família dele enquanto nós nadávamos no luxo, e eles passavam necessidade. Enquanto eu tinha o que queria, Dylan teve que lidar com um pai depressivo e uma mãe destruída.

A culpa e o remorso era algo que eu não gostava de sentir. Era algo que eu não estava tão acostumada a sentir. Eu não era um ser humano bom o suficiente para senti-lo, e viver essas emoções era algo extremamente desagradável e doloroso. Parecia que eu tinha engolido uma bola de tênis meses atrás, e ela ainda estivesse presa na minha garganta. Eu detestava essas emoções. Eu não queria mais senti-las. Eu queria apenas sentir que tudo está em um lugar bem distante do meu passado. Um que eu não precise mais acessar ou conviver com ele.

Estou agora mesmo sentada no quartinho que Sophie preparou pra mim com todo o carinho do mundo, relembrando tudo que eu e Clara combinamos.

— Eu quero ir embora do país. Se você me ajudar, jamais precisará me ver novamente.

— E como exatamente eu posso te ajudar — o interesse pela minha proposta brilhava em seus olhos.

— Estou trabalhando, e vou conseguir juntar algum dinheiro para ir embora, mas isso vai demorar algum tempo, talvez meses. Se você recuperar as joias que perdi durante o assalto. Eu posso vender algumas e conseguir ir embora.

— E quem... — Ergo a mão para interrompê-la. Clara se cala.

— Eu sei que foi Dylan que a roubou. Estava com ele. Eu vi. Então Clara, por favor, não tente negar, eu apenas sei. Eu não vou prestar queixa, ou qualquer coisa que possa prejudicá-lo. — Um suspiro triste sai dos meus lábios — eu apenas quero algo que possa me ajudar a me estabelecer em outro local.

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