Capítulo 16 - Testemunha

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Depois de observar por horas a casa onde Amber morava após ela ter entrado eu me dei conta do quanto aquilo estava me fazendo mal, eu deveria ter escutado o meu tio quando tudo estava pronto

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Depois de observar por horas a casa onde Amber morava após ela ter entrado eu me dei conta do quanto aquilo estava me fazendo mal, eu deveria ter escutado o meu tio quando tudo estava pronto. Eu não estava pronto para conviver com ela, não estava pronto emocionalmente para lidar com a presença constante de Amber em minha vida, mesmo que eu acreditasse estar.

Ter essa verdade esfregada na minha cara me fez reavaliar a minha situação, só consegui me levantar da poltrona em que eu fazia a vigia para saber quando ela chegaria depois que todas as luzes da casa tinham sido apagadas. De certo modo eu me sentia tranquilo por saber que ela estava segura, mas eu precisava me lembrar de que isso não deveria ter tanta importância.

Pensei em pegar meu Ford e retornar para a mansão, mas me senti saudoso, fui até o antigo quarto dos meus pais, me sentei na cama e senti as saudades corroendo meu peito de uma forma dolorosa, Minha doce mãe, não merecia tudo o que passou, ela merecia ter vivido uma vida de rainha, ter tido do bom e do melhor, Meu pai tão cuidadoso e amável, ele merecia ter sido valorizado e reconhecido, e não apenas ter sido roubado e tratado como um lixo descartável como foi, nenhum dos dois mereciam os destinos que tiveram.

Nenhum dos dois!

Subitamente senti uma vontade absurda de chorar, eu sempre achava que já tinha superado a perda deles, mas em determinados momentos a lembrança era tão dolorosa que eu percebia que talvez eu nunca chegaria a concluir tal façanha. Eu nunca os superaria, minha sina seria amargar a perda deles por toda a minha vida, ali eu estava sozinho, naquela casa que eu mantinha como um tributo a memória deles.

Eu estava irremediavelmente sozinho, eu tinha meu tio, que era irmão da minha mãe, eu sabia, ele sempre cuidou de mim quando meus pais morreram. Além do meu tio eu tinha os meus três primos também, eles me acolheram emocionalmente e fisicamente após a morte de meus pais, me deram um lar, alimento, me mantiveram estudando. De tudo o mais importante que eles me deram foi apoio, pois eu queria vingança, e meu tio também queria, em memória da minha mãe, sua única irmã, ele também queria, mais que isso, ele também merecia.

Deitei na cama dos meus pais, a cama que durante toda a minha infância eu sempre recorria quando tinham muitos trovões, ou quando eu insistia para ver filmes de terror, ou mesmo os via escondido e depois ficava impressionado demais para conseguir dormir sozinho no meu quarto, ou então quando eu era rejeitado por alguma menina da escola e ficava triste demais para dormir sozinho.

Eles sempre e acolhiam, não houve uma vez na minha vida que eu não fui acolhido quando estive triste, eles sempre estiveram ali por mim, minha mãe com seu abraço de urso que me fazia perder o medo das piores criaturas, e meu pai com sua presença forte que me deixava confiante de que nada nos atingiria, eles sempre foram o meu porto seguro, mas eles foram arrancados de mim, tão cedo, tão malditamente cedo.

Senti lágrimas dolorosas descendo pelo meu rosto como um lembrete de que eles nunca voltariam. Nunca mais existiria almoço de domingo. Nunca mais eu teria o colo da minha mãe ou comeria seus doces ou o almoço improvisado e inusitado do meu pai. Nunca mais veríamos filmes juntos, eles nunca me veriam vencer na vida, nunca me veriam casar, minha mãe nunca me levaria ao altar, e se algum dia eu tivesse filhos, eles nunca conheceriam os avós.

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