Capítulo 3 ( chuva)

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Depois de tudo organizado, tocamos a boiada na estrada, coisa boa é que nada me prende em canto nenhum, sou viajante, não tenho paradeiro, Não gosto de passar mais do que 1 dia em um canto só, me sinto sufocada.

Nosso destino hoje é levar esses bezerros que juntamos nessas duas fazendas para uma outra fazenda, essa que fica em um caminho fora da estrada principal, é a última viajem dessa linha para voltamos para o acampamento que estávamos no começo.

O sol hoje parecia querer sumir no meio das nuvens de chuva dando um tempo bom para andar, mas se chover irá ficar ruim devido que para  onde vamos tem uma ponte muito ruim de atravesar, fora que tambem é péssimo de andar debaixo de chuva.

— parece que vai vir muita chuva - fala Nam, ela vai comigo na frente para que os bezerros não ganhe o mundo.

— sim, tomara que não chova muito a ponto de alagar aquela ponte imunda.

— é isso que penso, se um animal desse cair, acho que nós não tira fácil assim.

—mas vai dar tudo certo.

Não demorou muito e começou a descer muita chuva, era tanto vento que até os bezerros berravam temendo a agressividade do tempo. Paramos um pouco só para pegar nossas capas de chuva que cobria até a sela, e continuamos nosso caminho, quando passou um tempo a chuva foi se acalmando e tiramos nossas capas de chuva as guardando.

— será que vai dar de atravesar o igarapé depois dessa chuva? - pergunta Nam.

— acho que sim, a chuva foi forte, mas não demorou muito - falo torcendo para que isso seja verdade e que nada dará errado.

E assim andamos mais, parando apenas para esperar o gado descansar
De vez em quando. Peguei o lanche que dona Rosa tinha mandado e comecei a comer ainda andando no meu cavalo. Se falar que comer e depois fazer bagunça faz mal, quero ver falar isso pra mim, tem horas que penso  que tenho estomago de animal, só pode.

Estávamos quase chegando aonde iríamos entrar no desvio que dava para a fazenda. Apesar de ter chovido bastante e a chuva não ser tão boa nesse momento, ainda assim, amo dias de chuva, essa sensação de conforto que tráz, o cheiro de terra molhada, sempre fui apaixonada por isso.

Avistei onde iríamos entrar para a fazenda, era um caminho um pouco mais estreito que o principal, era também mais liso, fazendo até os animais escorregarem. Andamos a passos lentos pelo caminho, só acompanhando a passada dos animais. Aquele caminho era tão ruim no inverno que poucas pessoas andavam por ali de moto, carro e até mesmo quadricículo. Os donos que moravam para aquelas bandas optavam por andar de animais quando chegava a essa época do ano, e mesmo assim ainda é ruim devido as pontes.

Estranhei quando vi um rastro de uma moto e pela marca no solo parecia ser uma de cidade. Fiquei imaginando quem poderia conseguir andar naquela estrada daquela forma com uma moto provavelmente baixa.

— alguém passou de moto por aqui - falo ganhando a atenção de Nam  que olhou para o chão — essa pessoa vai sofrer com certeza nessa estrada, principalmente se nós conseguir passar por ela com o gado.

— verdade, nem tinha percebido, quem anda nessa época, de moto? nessa merda de estrada? - ela fala e eu dou de ombros —  com certeza vamos conseguir passar dessa pessoa, com o pizotiar do gado vai ficar ainda mais ruim. Pobre alma - Nam  balança a cabeça negativamente e eu ri.

Continuamos andando ainda em passos lentos, essa estrada tinha umas mata densa tanto de uma lado como do outro, ficando assim um pouco sinistra.

De vez em quando, eu via o rastro da moto e ficava imaginado quem passou por aqui, confesso, eu sou curiosa.

No Rastro do Amor - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora