Capítulo 6 (ponto de vista)

317 60 2
                                    

Pov/becky

Ali era tão silêncio, que dava para escutar a respiração da Freen que estava ao meu lado no banco da varanda.

- tá tão linda, ela né - Freen quebra o silêncio se referindo a lua.

- tá sim

- acho que já já o pessoal vão chegar - ela fala ainda olhando para o céu.

- você viaja muito, né? - ela desvia o olhar da Lua para me observar.

- na verdade, eu nunca paro - ela volta a olhar para a lua - sempre em movimento, não passo mais do que dois dias em um canto só.

- você já passou por algum lugar e pensou em ficar? - pergunto com uma certa curiosidade. Ela volta a me olhar com aquele olhar intenso

- não, não sei se isso é capaz de acontecer - desviei o olhar para outra direção. — mas se isso acontecer, se isso me fizer feliz, não me importo em mudar - assenti - e você? É viajante igual eu? Me conte suas aventuras naquela biz amarela - ela  vira para ficar mais de frente para mim.

Balancei a cabeça em negativo, sorrindo.

- minha história é uma novela mexicana de tanto drama - falo rindo, mas ela não fez o mesmo, pelo contrário, ela ficou me analisando sem falar nada.

- quantos anos você tem, Becky? - ela pergunta sem desviar seus olhos dos meus.

- 20 - repondi sem entender a pergunta do nada.

- você é muito nova, becky, tem muita história para ser escrita, é como se fosse uma folha em branco, esperando para ser preenchida com lindas palavras.

- se eu podesse, eu apagava as que já estão escritas - abaixo a cabeça, porém ela coloca a mão delicadamente debaixo do meu queixo puxando para que eu a olhasse

- não podemos apagar as palavras que já foram escritas, becky, mas se elas forem ruins, podemos usar elas para lembrarmos que não devemos escreve-las novamente

- na teoria é fácil - falo e vejo ela respirar fundo e dar um sorriso gentil

- em nenhum momento falei que será fácil, pelo contrário, achar as palavras e escreve-las de uma forma que dê sentindo a frase é uma pouco difícil, ainda mais quando não se pode apaga-las. - agora ela me deixou sem argumentos.

- isso foi muito bom, pensei que fosse boiadeira, mas já vi que você também é poetisa. -  ela deu uma risada e eu a acompanhei.

- de vez em quando faço umas horas extras de poetisa - ela fala ainda rindo - é que a ração do dourado tá cara, aí tenho que ter um dinheiro extra.

- mas falando sério, você é boa com as palavras, como consegue pensar dessa forma?

- não sei, puxei um pouco do meu avô talvez , e também porque eu ando muito por essas estradas a fora, já vi muitas coisas desde boas e ruins.

- tipo o que? Me conte suas aventuras nas costas daquele cavalo dourado - falo e ela rir da minha fala, que foi a mesma que ela usou - qual foram as coisas ruins e boas que você presenciou? - ela pareceu pensar por um instante olhando para a lua que estava mais acima no horizonte agora.

- desde estouro de boiada, onde a gente não sabe se vai sair pelo menos com vida, de um dia inteiro de trabalho com as costas doendo... De não ter a certeza de que para onde vamos, as pessoas vão te dar pelo menos um prato de comida para que consiga terminar seu trajeto. de todas as vezes que deitei para dormir, e não conseguir Devido o frio que dói todo o corpo. de ter pego o dia inteiro de chuva no lombo de um cavalo e não pegar resfriado pois seus anticorpos já estão acostumados aquela realidade. Se perguntar, como fazemos isso e não adoecer, saiba que é preciso ser assim, pois não podemos parar mesmo que doentes.
Não tô falando que eu passar por tudo isso, vai me fazer mais forte do que qualquer pessoa, nada disso, sou apenas mais um ponto de vista dentre vários por aí. Seria interessante se a gente podesse ver por cada ponto de vista desse. Mas para completar o meu pensamento maluco, quero dizer que uma das coisas que mais me chamou atenção nessas minhas aventuras, foi achar em meio a uma estrada que até para andar a pé, é ruim, encontrar a garota da biz amarela e agora estamos aqui, falando de mil coisas, que são as mil coisas mais aleatórias do mundo - ela fala rindo e eu também, eu via seus olhos brilhando com o reflexo do luar.

Eu tomara que ela não tenha visto minha cara de boba vendo ela contando as coisas pelas óticas dela. Isso foi mais do que lindo, foi profundo, intenso.

- quantos anos você tem, Freen? - ela voltou a olhar pra lua.

- 23

- você também é nova, é uma página em branco, mas já tem muitas palavras lindas nela - ela me olha novamente.

- achou lindo? Achei sofredor - ela diz em um Tom divertido.

- não quis dizer isso, eu quis dizer que até as coisas ruins, você tem uma forma linda de falar - ela me observa por um instante.

- relaxa, eu intendi, só gosto de te ouvir falar com suas próprias palavras - ainda bem que aqui está um pouco escuro, pois daria de ver eu corando - becky

- Humm?

- já que você andou no dourado, você vai me levar para dar uma volta de biz amarela? - ela pergunta com um jeito tão fofo que parecia mais uma criança. Eu ri.

- claro, é só falar para onde você quer ir, mas já vou logo avisando que eu sou pilota de fuga, só vai quem aguenta

- eu aguento - ela fala toda impolgada

- então tá combinado - ela comemora toda contente me fazendo rir.

------------------

Parou, parou, parou.

Porra Freen, desse jeito até a autora aqui cai na tua lábia, não que precise de muita coisa para isso acontecer né kkkkKKK

Então gente, espero que tenham gostado, até o próximo capítulo.

Colééé deixa a estreeeela

No Rastro do Amor - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora