Capítulo 21 ( Coronel)

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Pov/becky

Dormir aqui no galpão com certeza foi uma boa ideia, além de eu não dormir só, eu ainda vou ficar pertinho da Freen.

Até que eu estava sentindo falta desse lugar calmo, sem o barulho da cidade, só a brisa do vento e a bela vista do pasto onde fica os animais, acho que me acostumaria fácil morar em um lugar assim.

Nam acabou de sair mais o Heng, achei engraçado a briga da Nam mais a Freen, mas acho que a Freen ficou brava por eu ter achado engraçado, pois ela saiu para ver os animais e até agora não voltou.

Joaquim apareceu na varanda.

- boa tarde, becky - ele fala me cumprimentando. 

- boa tarde - ele se se senta ao meu lado

- a Freen ainda está no mundo? - ele pergunta

- sim

- acho que deve ter sido algum dos animais que está dando trabalho

Quando ele terminou de falar vimos ela vindo montada no dourado, rodando o laço para pegar outro cavalo que vinha na frente.

- nossa ela está vindo muito rápida - falo um pouco preocupada.

- ah, essa aí não tem freio quando o assunto é laçar

Ela vem numa velocidade, até que joga o laço e consegue laçar o animal, ela foi parando aos poucos até ele ficar calmo.

- esse dai é um potro que perderam numa aposta nessa última viagem, ela vai domar ele - Joaquim fala pegando um fumo para fazer um cigarro.

- qual foi a aposta? - pergunto curiosa, vendo ela ainda tentando acalmar o animal que está um pouco agitado.

- nós tinha que pegar 30 garrotes no laço para o curral, os caras que trabalhavam na fazenda, junto com o filho do dono, duvidaram que ela era a melhor entre nós no laço só por ser uma mulher. - ele acende o cigarro e olha para onde Freen está - quer fazer um? - ele pergunta me oferecendo o fumo

- não, obrigada

- lá tinha esse potro que era o mais prometido da Fazenda, ele é filho de um dos cavalos mais famosos que veio para uma festa de rodeio. Freen não pensou duas vezes em fazer o desafio ao filho do dono da Fazenda, como o velho pai dele é um homem que se acha maior que qualquer pessoa, não pensou duas vezes antes de topar - ele dar uma pausa para dar uma tragada no cigarro - a aposta era, o potro na mula bailarina, como a Freen chama "a mula de ouro". quem laçasse menos, entregava o animal ali mesmo

- e o que deu? - pergunto vendo ela tentar colocar a sela no cavalo

- não deu outra - Joaquim fala rindo e tosse com a fumaça do cigarro - enquanto o rapaz laçava um bezerro, a Freen já tinha arrastado 5 para o curral, era cada laçada bonita que ela dava, os bezerros que passavam por ela era besteira, ela mandava na lata, parece até mentira, mas não é - Joaquim fala numa emoção e depois apaga o cigarro.

- nossa, ela realmente é boa - falo observando - não é que não tenha mulheres assim, mas ela realmente impressiona quem não tem costume com ela

- essa aí é sangue do velho Albertino vô dela, não tinha como ser diferente.

- então é de sangue? - pergunto e ele rir

- talvez, aquele até depois de velho não tem peão nenhum que faça o que ele faz

- então quer dizer que a Freen puxou para ele - falo e ele assente

- a Freen desde nova já mostrava que não ia ser tão fraca, o Heng também é bom, ele sabe de muita coisa que aprendeu com o avô, mas a Freen sempre esteve um passo a frente de qualquer um de nós, o vô dela percebeu isso e passou a ensinar tudo para ela e o Heng. Aos 12 anos de idade, ela já laçava igual gente grande, o vô dela foi e escreveu ela em uma prova de laço que estava tendo na região, a prova era valendo uma mula, ela conseguiu ganhar uma prova onde só tinha macho - Joaquim fala soltando uma gargalhada - só via marmanjo com cara de cu, e ela zoava todos. até hoje ela tem a mulinha bailarina, por isso ela chama "mula de ouro" pois é a medalha de ouro dela, que tirou em primeiro lugar.

- nossa, ela tem muito talento - falo realmente surpresa com ela - então você conhece ela de muito tempo?

- oh sim, quando ela veio morar no Brasil, eu já era rapaz, meu pai era muito amigo do avô dela, porém meu pai morreu em uma das vezes que foi buscar uma boiada com o Albertino, e desde então fui praticamente criado pelo velho que me levava para as lidas de gado. tenho muito o que agradecer aquele velho - ele fala com um sorriso nostálgico

- sinto muito pelo o seu pai

- não se preocupa, isso já faz muito tempo. Quando foi a primeira viagem de Nam, heng e da Freen, o vô dela me mandou também para ficar de olho neles e proteger caso algo acontecesse, então começamos uma amizade que até hoje estamos aí trabalhando juntos

- muito linda a amizade de vocês

- eles são minha família - ele fala se levantando - agora vou preparar um café.

Ele entra para dentro de casa e eu fico ali pensando sobre as histórias que ele falou, a Freen tem muito o que contar quando estiver mais velha.

Fico sentada refletindo com aquele vento gostoso que sopra meus cabelos. quando vejo a Freen vindo na direção onde eu estou na varanda, ela está montada no potro que é um pouco assustado, ele é lindo, pelagem castanha, todo robusto, exalando saúde.

abro um sorriso e ela para o animal bem perto na varanda.

- boa tarde, senhorita - ela fala com um sorriso sem vergonha

- boa tarde - me levanto e vou para perto do para-peito da varanda.

- eu sou uma viajante e ia passando em minha jornada de estrada, porém de longe eu vi uma linda donzela que eu pensava que era alucinação de tão bela, então eu resolvi deixar para a mais linda das mulheres, essa rosa que não chega nem aos pés da beleza de quem eu vou entregá-la - sinceramente, tem horas que me surpreendo com o jeito romântico da Freen, ela parece ser totalmente diferente nesses momentos que está comigo, me sinto única. Ela tira uma rosa que está na sela e dar um beijo e me entrega.

- obrigada - pego a rosa e levo ao nariz para cheirar — será que a senhorita viajante poderia me dar um beijo? Quero que vá em sua viagem com o sabor de meus lábios em sua boca em forma de agradecimento

- claro - ela fala com um sorriso enorme.

Ela coloca o cavalo para se aproximar da varanda.

eu chego bem perto e ela fecha os olhos, pego no rosto dela e dou um selinho em seus lábios e me afasto, ela faz uma cara engraçada.

- você falou um beijo e não selinho, como a viajante aqui vai lembrar dos seus lábios sem ter mal os tocado - ela fala e faz um bico

- então vem - me aproximo mais uma vez e ela chega perto, porém quando vamos nos beijar o cavalo se assusta arrancando de uma vez se afastando.

- que isso coronel, não era para ter feito isso meu caro, assim você atrapalha a Freen aqui - ela fala de um jeito engraçado me fazendo rir - assim não dá rapaz, eu estava na melhor parte - ela balança a cabeça negando - eu vou lá soltar ele, mas já já volto, ainda vou cobrar o meu beijo - ela  joga uma piscada e eu fico igual uma boba sorrindo pra ela.




No Rastro do Amor - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora