Capítulo 53 (minha história)

330 42 12
                                    

Pov/Freen

Os assopros dos cavalos preenchem o silêncio da noite. O frio de antes agora foi trocado pelo o calor da adrenalina correndo em minhas veias. Não sinto nada do meu corpo que denuncie ser de dor.

Consigo escutar o pássaro "mãe da lua"  fazendo de sua cantiga, a melhor trilha sonora para esse momento. O canto dele chega a ser tão bizarro que me faz despertar os sentimentos mais sombrios.

A vareda que fazemos é a mesma que dar acesso ao rio, esse caminho nos colocará na vantagem necessária. Não fazemos o mesmo caminho que o do nosso alvo, isso nos permite chegar traiçoeiramente.

Alguns minutos se passaram, conseguimos escutar o ronco da moto, estamos lado a lado com o sujeito, ele não consegue nos perceber já que estamos há alguns metros barranco a baixo, e também devido à densa mata que nos esconde.

Dei com a mão para que os outros parassem de correr. Fiz um sinal para alguns avançar e esperar na encruzilhada logo na frente, os demais irão avançar junto comigo.

Não precisou muito para entenderem como seria a captura, já que somos acostumados a fazer isso com frequência. (Com animais bem maiores).

Esperamos para que o barulho da moto estivesse mais distante um pouco, para em fim, entrar no caminho do nosso alvo.

Nesse intervalo, tento apenas conter minha ansiedade.

- tudo bem? - Edu pergunta colocando sua mula ao lado do meu cavalo.

- sim - respondi somente, dando um toque na rédea do meu cavalo para alerta-lo. - amigos - chamo atenção dos boiadeiros que me acompanham. - Regras aqui só tem duas... Se não laçar, atropela - eles assente tocando a ponta do chapéu como entendimento.

Assim que vejo estar no momento certo, dou ordem ao atropelo.

Meu cavalo fica nas duas patas, como se dele saísse o comando aos demais animais.

A doma do Coronel ainda não está 100%, ele ainda é um animal um pouco explosivo demais para alguns tipos de funções. Uma delas, é o laço, um bicho treinado para o trabalho do dia-a-dia, já tem uma habilidade maior de saber em que momento puxar, firmar, ou até mesmo liberar um pouco o aperto do laço na hora em que imobiliza um touro. Um exemplo de doma boa, é meu dourado, ele foi ensinado a como agir em qualquer situação, seja correndo, seja na hora em que acontece um estouro. Animais assim, muitas das vezes salvam a vida da gente.

Por outro lado, tenho o coronel, cavalo bom, porém, muito arisco, ensinei ele poucas vezes no laço, então, se eu jogar o laço, e conseguir laçar meu alvo inimigo, não tenho muita a garantia de que meu cavalo irá apenas firmar, ou se vai arrastar, ou se vai, por um acaso, não sei... Se assustar? Não que eu queira que isso aconteça.

- patroa, chegamos na encruzilhada - a voz do Joaquim alerta no rádio.

- ok...

Como se tivesse brasas nas quatro patas, meu cavalo sobe barranco acima em direção à estrada, cortando a mata, levando nos peito tudo que vinha pela frente, fazendo a vareda para os outros que vinham logo atrás.

Coronel envenenado pela vontade de correr, pula fora da mata assim que alcança o limite de reserva.

Saímos das sombras, entrando no caminho.

Os sons de cascos batendo na terra dura, era ouvidos à distância, mesmo assim, conseguimos escutar o motor da moto um pouco longe subindo a ladeira. Não temos a visão dela devido à curva da estrada.

Passo a mão no meu laço, somente para esperar o momento certo de puxa-lo.

Vejo com exatidão, o clarão do farol da moto, focando a dispersão da neblina misturada a poeira.

No Rastro do Amor - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora