Capítulo 27

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Uma força interna, como se meu subconsciente estivesse se livrando da situação angustiante, me faz retornar subitamente para a realidade

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Uma força interna, como se meu subconsciente estivesse se livrando da situação angustiante, me faz retornar subitamente para a realidade. Ergo a cabeça do travesseiro em um impulso desesperado, sentindo o ar chegar com dificuldade aos meus pulmões e cada batida do meu coração acelerado colidir contra o meu peito.

As imagens assustadoras e estranhamente lúcidas do pesadelo começam a desvanecer, mas as sensações terríveis ainda me sufocam. O peso irreal em meus ombros e pernas causa a impressão de que ainda estou correndo para escapar do enorme e sombrio labirinto sem saída que existia a poucos segundos em minha mente.

Eu tentava encontrar a saída em meio ao mais absoluto breu, caindo diversas vezes por não enxergar os pilares que se estendiam no meio dos corredores apertados. Não havia um relógio para indicar o tempo que me restava, mas um sentimento de que a minha vida acabaria se continuasse enclausurada naquele intricado espaço impôs o desespero sobre mim como se restassem apenas alguns segundos para sair. Era o medo de permanecer aprisionada para sempre que me fazia correr pela minha liberdade, porque o sentimento de estar coberta por uma infinitude de mentira e infelicidade tornava o temor de permanecer naquele lugar algo ainda mais insuportável.

A experiência me assusta todas as vezes, mas a verdade é que aquele mundo onírico angustiante, que já ora ou outro se repete em meu sono, era a própria representação das circunstâncias ao redor da minha vida nos últimos anos.

Esse anseio por encontrar um rumo que me leve a ser livre de qualquer arrependimento, dor e trauma é constante, mas eu não sei quando ou se ele irá se realizar. Há tantas coisas que eu preciso resolver internamente e não tenho coragem de enfrentar ainda, coisas que não dizem respeito somente ao meu passado, mas no que eu mesma fiz enquanto confiava cegamente em sentimentos que nunca foram o melhor para mim.

É difícil saber como seguir em frente sem entender em que ponto disso tudo eu me permiti perder sonhos, relações e sorrisos que faziam parte do que eu era.

Como poderei me encontrar novamente sem ter isso de volta?

Essa pergunta nunca deixa de rondar os meus pensamentos mais inquietantes e a falta de uma resposta, ou de um caminho para tal, é o que mais me atormenta nessa mar de confusões e incertezas.

Saio debaixo dos lençóis e, ao deslizar os dedos em meu pescoço e testa, sinto o suor excessivo escorrendo em minha pele fria. Coloco a mão sobre o meu coração e percebo que as batidas continuam frenéticas. Aquela atmosfera de medo era algo tão tangível que em dado momento se tornou perturbadora, mas ficar aqui revivendo isso mais e mais só vai me fazer mal.

Me levanto da cama e corro até o armário para pegar uma toalha limpa e logo caminho a passos rápidos para o banheiro da suíte. Ficar um tempo na banheira sempre me ajuda a organizar os meus pensamentos, ou a maioria deles pelo menos, com um específico nunca funciona... o efeito é sempre o contrário quando vou lá para não pensar nele.

Neglectful LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora