Capítulo 32

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A típica movimentação da casa foi se acalmando conforme a noite avançou

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A típica movimentação da casa foi se acalmando conforme a noite avançou. A maioria dos funcionários já partiu para suas casas após o jantar, restando apenas o silêncio da madrugada que se aproxima e que é interrompido somente pelos sussurros do vento ameno lá fora e o farfalhar das cortinas do quarto.

Embora tudo esteja brando ao meu redor, a mistura intensa de sentimentos colidindo contra as paredes imaginárias da minha mente não me deixa relaxar nem por um mísero segundo. A sensação é de que a expectativa está me matando pouco a pouco, como se uma combinação de nervosismo com uma urgência quase tangível tomasse conta de todo o meu corpo, tornando difícil demais não ansiar a cada instante por encontrá-lo. Simplesmente não consigo controlar essa vontade absurda de saber quando ele irá sair daquele escritório e vir até mim.

Sentindo o meu coração bater em uma frequência acelerada contra o meu peito, ando pelo espaço solitário à espera de ouvir os passos dele se aproximando no corredor, uma batida ecoando na porta, o som do meu nome em sua voz profunda, ou qualquer maldita coisa que me faça ter certeza de que ele cumprirá com o que disse mais cedo.

Eu só quero ter ele em mim; as mãos firmes, a boca exigente, o corpo grande, tenso e desesperado de excitação me fazendo perder todas as forças em seus braços e me entregar a intensidade do desejo que nos domina completamente. De alguma maneira, as razões para resistir se tornaram um borrão, como se nada fosse capaz de impedir as minhas vontades, assumindo para mim mesma que não consigo mais pensar nele sem querer mais e mais de tudo o que só ele me faz sentir.

Eu posso ter fugido da verdade por tempo demais, mas eu sei que essa atração irracional, que nos consome com uma força desorientada, sempre me atormentou desde a primeira vez em que as mãos dele estiveram em meu corpo e pude ver em seu olhar sedento o quanto ele gostaria de ter muito mais do que um breve toque.

Ser apenas mais uma que se deita com ele em busca de uma transa sem valor definitivamente não é algo que estou disposta a fazer. Eu nunca seria uma mulher que se submeteria a algo tão vazio e sei que ele sabe disso, do contrário nunca teria esperado pelo meu tempo e jamais teria escolhido deixar que eu corresse quando precisei me afastar ao invés de ceder. Contudo, a única inquietude que ainda não consigo me livrar é a dúvida se depois dessa noite conseguiremos matar esse desejo e então, tudo será diferente de um jeito que eu talvez não esteja preparada para descobrir.

Uma parte de mim tem certeza que isso não irá acontecer, que não há possibilidade da intensa chama que sinto queimar em minha pele quando estamos juntos não ser verdadeira. Mas outra, que tento esconder no fundo dos meus pensamentos insistentes, me diz que pensar demais sobre isso irá conduzir os meus sentimentos para algo que jurei que nunca mais viveria dentro do meu coração. Eu conheço muito bem o quanto a paixão pode ser traiçoeira e perigosa, como o seu brilho encantador é ilusório e como tudo o que ela trouxe para mim se transformou em ruína.

Mas, nesse instante, eu não quero me importar com o que não posso controlar, nada disso é forte o suficiente para que eu me importe com algo além do que eu quero agora, não pensando mais nas incertezas do depois. Tudo que eu me sinto capaz de realmente desejar é mais daquela sensação deliciosa de estar absolutamente refém do meu próprio corpo, sem ter que lembrar dos meus inúmeros receios sobre um dia ter que enfrentar as consequências disso.

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