Capítulo 41

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A tensão em meus ombros denota o quanto estive alheio à força absurda e crescente de cada murro que desferi contra a cara insolente daquele desgraçado

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A tensão em meus ombros denota o quanto estive alheio à força absurda e crescente de cada murro que desferi contra a cara insolente daquele desgraçado. Nunca antes algo me levou a tamanho descontrole; foi como se toda a minha capacidade de agir racionalmente tivesse se transformado em um mero nada no instante em que o infeliz ousou revelar a escrotidão do que estava planejando em sua mente doentia.

A raiva turvou os meus pensamentos, mas agora percebo que, apesar de ele estar sob o efeito das drogas que injetou nas próprias veias antes de tomar a decisão impensada de me enfrentar, não foi só a coragem da alucinação momentânea que o fez revelar aquilo a mim sem temer as consequências. Parte de toda aquela provocação certamente foi intencional; mesmo sendo um imbecil que mal consegue segurar uma arma com firmeza, ele sabia muito bem que a única maneira de me ver saindo do eixo seria instigando o meu lado mais irracional.

Sei que o Leone é covarde demais para lançar mão do que eu fiz como uma estratégia para se colocar no lugar de vítima da situação. Para denunciar o motivo da surra humilhante que levou, ele precisaria repetir cada linha do que confessou para mim à esposa, e tenho certeza que ele tem noção de qual seria a possível reação da Giorgia se descobrisse seus desejos canalhas em relação à cunhada que ela detesta. Além disso, sua arma está tão suja de sangue quanto as minhas mãos e a lâmina que está guardada comigo, e o cenário do que aconteceu é como uma faca de dois gumes na qual ele não quer se ferir por nenhum dos lados.

O meu secretário viu o resultado do estado grotesco em que deixei aquele verme, então, não terei dificuldades de contornar a minha responsabilidade sobre a condição arruinada dele. Caso ele resolva ignorar que o que eu fiz foi unicamente motivado pelo que ele inicialmente estava disposto a cometer contra mim, posso usá-lo como álibi e resolver o resto do problema à minha maneira, que não será tão generosa quanto foi desta vez.

A arma que coloquei de volta em sua mão antes de partir irá fazer com que ele lembre muito bem onde aquele cano ensanguentado pode entrar se o seu comportamento inconveniente me causar mais perturbações. Os estilhaços do vidro que estavam perto do seu corpo inerte servirão para que ele justifique o corte profundo em sua perna quando precisar dar as devidas explicações sobre isso. E a dor em cada centímetro do seu corpo, intensificada pelo efeito exacerbado de sensibilidade que o uso de heroína causa em quem a usa, será um lembrete perpétuo de que não deve sequer pensar em armar nenhuma possível emboscada para se colocar no lugar de pobre homem atacado.

Não tenho dúvidas de que o Leone contará para Giorgia sobre o embate na primeira oportunidade, e espero que ele deixe muito claro que tudo foi provocado por sua imbecilidade. Um otário como ele não ousaria comprometer o próprio rabo depois do estado em que o deixei somente na base da porrada. De qualquer maneira, quando a minha queridíssima tia vier tomar as dores pelo marido escroto, pois sei que ela vai, não hesitarei em também deixá-la ciente do que acontecerá se ele tomar a liberdade de me ameaçar novamente.

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