Scrubs on Fire - Marina

Capítulo 38 - I Gonna Miss You Forever

[N/A : Eu sei que não parece. Mas essa fic ainda é Fanservice]

*3 meses depois*

Não havia sido fácil os últimos meses. Não havia sido fácil receber a notícia...nunca é. Quando alguém que você ama morre, uma parte de você vai junto, às vezes, você inteira vai junta. As vezes, só a melhor parte de você vai. Às vezes, você nem se reconhece mais.

Três meses haviam se passado da morte de Andrea, e para Carina ela nunca tinha passado por momento mais doloroso de sua vida. Chegava a doer mais que ter perdido a mãe, já que o evento tinha há muito tempo e tinha sido sucumbido pelo trauma e guardado tão fundo na mente que ela não conseguia alcançar.

Mas a morte do seu irmão seguia viva em sua mente, o que chegava a ser irônico. Ela sentia a morte do irmão, mas já não o sentia.

Ela não se lembrava das 2 primeiras semanas que vieram com a morte dele, ela se lembrava apenas de estar em casa e querer silêncio e paz e de May estar lá, mas tudo não passava de um borrão borrão.

Depois de duas semanas, Carina não se lembrava como, mas ela foi na psicóloga, ela precisava se recompor, voltar para o trabalho, fazer suas coisas, ser uma boa esposa para Maya. Era isso que Andrea ia querer, então ela precisava viver.

Ela não se lembrava. Porque a mente tem dessas, quando sofremos muito, por uma auto defesa, a mente deleta, e isso é normal. É normal esquecer de momentos de dor intensa, então, de certa forma, Carina ficava feliz de não lembrar daqueles primeiros dias. Do enterro. Do pai ter ido embora com a terra ainda molhada sobre o caixão.

Mas Maya lembrava de tudo.

*Flash Back On*

Maya sentia o corpo da esposa tremer enquanto a impedia de ir até o quarto enquanto os médicos tentavam reanimar Andrea. Ela iria segurar a esposa ali, custasse o que custasse, não ia deixá-la ver aquela cena, não podia.

Demorou mais 20 minutos até que o médico saiu, Maya sabia que Carina o conhecia, ela não, mas bastou um olhar do médico para a bombeira sentir o corpo da esposa amolecer e a mesma cair de joelhos no chão.

Chorando, sem forças.

Ele havia partido. Havia perdido a batalha

Maya já havia visto muitas pessoas chorando. Já havia segurado muita gente para não ir em direção a casas em chamas ou a corpos sem vidas, mas ver Carina assim, era completamente diferente.

Maya trabalhava com a morte lado a lado, trabalhava vendo pessoas sofrendo, mas seu trabalho envolvia pessoas anônimas, pessoas que Maya nunca vira e provavelmente nunca veria de novo.

Estar na pele de um ente querido era diferente, ver Carina sofrer e não poder fazer nada a dilacerava. E dilacerava duas vezes porque sabia o que Carina estava sentindo.

Ela mesmo havia sentido essa dor 9 anos atrás. A dor de perder o irmão caçula, a dor de perder aquele ser que foi um dos seus primeiros amigos, a dor de perder alguém que você, sem ninguém mesmo pedir, tinha assumido a responsabilidade de zelar e cuidar.

Não, Carina não chorava apenas pela perda do irmão, chorava também porque havia falhado como irmã mais velha, falhado em cuidar do seu irmão mais novo. Maya sabia sensação.

De todas as missões que um ser humano nasce tendo, a de ser irmão mais velho é uma das mais importantes, afinal, geralmente você recebe essa função ainda muito pequeno, ainda sem entender a vida direito. Mas entende que como irmão mais velho, é seu dever cuidar do mais novo.

Falhar nessa missão quebra algo dentro de você que nunca mais volta a funcionar.

As horas que se seguiram da morte de Andrea foram tumultuadas, Maya envolveu Carina num abraço e a tirou do local, dessa vez Carina nem pestanejou, apenas se deixou levar por Maya até um quarto.