ARABELLA MANCCINI
Entro no carro luxuoso do Gustavo, mal acreditando que há um tempo andávamos para cima e para baixo naquela moto dele. O Gustavo jardineiro, o Barbie profissões foi embora, dando lugar a um homem rico e com um carro enorme.
— Onde está sua moto? — pergunto, colocando o cinto de segurança, tentando puxar assunto.
— Está na garagem de casa. Uso às vezes, quando quero tomar um ar e pensar um pouco.
— Hum. — limito-me a responder.
— Qual é o endereço da escola da Mel? — ele pergunta.
— Vou deixar o endereço aqui no painel, e avisar a professora e diretora que você é o pai, caso queira buscá-la algum dia, só é falar comigo.
— Tudo bem.
Mais silêncio...
É irônico como um casal que costumava conversar sobre tudo agora mal sabe o que dizer um ao outro.
Mais silêncio...
Só que dessa vez, decido rompê-lo.
— Estranho, não? — digo de repente.
— O que é estranho?
— Já fomos casados, temos uma filha e agora não sabemos conversar. O que aconteceu conosco, Gustavo?
— Quer mesmo que eu diga? — ele para no semáforo e olha para mim, com aqueles olhos verdes inquisidores, me deixando sem jeito.
— Não, não precisa. — respiro fundo e encosto a cabeça na janela. — Só não estou acostumada a estar assim com você, tão distante.
— Apesar de tudo que está acontecendo entre nós, não quero magoar você.
— Você já magoou. Mas não se preocupe, estou tentando recolher meus pedaços, me tornarei inteira outra vez. Isso é fato! Eu sempre consigo.
Mais silêncio...
Decido ficar calada de verdade desta vez. Não posso lutar por algo sozinha. Foi assim que nosso casamento acabou: eu não poderia lutar por algo que já estava destruído. Assim como uma folha de papal amassada, que nunca será a mesma, mesmo que seja passada a ferro, um relacionamento machucado nunca será inteiro novamente. Sempre haverá desconfiança.
Finamente chegamos à escola da Melissa. Saio do carro com Gustavo, apresento-o à diretora e à professora da Mel. Digo que vamos revezar buscá-la. E quando minha filha vê o pai, corre direção dele.
— Papai! — o abraça pelas pernas, e ele a pega no colo.
— Oi, princesa. — dá um beijo em sua bochecha. — Como foi na escola hoje?
— Muito legal! — responde animada, dando um beijo no rosto do Gustavo.
Sempre sonhei com essa cena. Ver o Gustavo aqui com a gente, sendo o pai que Melissa merece. Mas em meus sonhos, eu também era feliz. Participava disso como sua esposa, não apenas como mãe de sua filha.
Respiro fundo, resignada.
— Vamos? — pergunto.
— Para onde vamos? — pergunta Melissa.
— Para a minha casa, princesa, você vai jantar lá hoje.
— A mamãe também vai? — ela pergunta.
Fico feliz por minha menina não querer me largar. Também temi que, com a presença do pai, ela me deixasse de lado. Sim, senti ciúmes antes da hora, especialmente porque ela disse "papai" antes de "mamãe". Mas somos unidas, eu e ela, desde sempre...
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Só quero você (nova versão)
RomanceArabella Manccini perdeu a mãe muito cedo, seu pai sempre a culpou pelo ocorrido, por isso, se tornou uma jovem cheia de traumas. Tudo muda quando conhece Gustavo, um jovem trabalhador e de bem com a vida, então Arabella tem uma ideia, casar com Gu...