GUSTAVO ABREU
A dor é tão grande que não consigo respirar.
Foi tudo tão de repente que até agora não sei como aconteceu, como meu avô pode estar aqui uma hora e na outra não estar mais? Como isso é possível?— Ainnn. — abro meus olhos e sinto em meus braços um corpo magro e cheiroso. Vejo que durante a noite invertemos as posições, aos invés de ela me abraçar, eu que estou abraçando-a. Minha esposa.
Fiquei magoado a princípio por Arabella não ter me dado nem um abraço, nos braços de pessoas que amamos é o único lugar que queremos estar quando perdemos alguém. Mas ela compensou tudo ontem, entendo que é o jeito dela e eu odeio forçar pessoas a fazer o que não querem.
— Bom dia! — ouço sua voz rouca murmurar. — Tá tudo bem? — senta na cama se afastando de mim.
— Estou com dor de cabeça. — digo, passando a mão da testa.
— Quer remédio? Vou trazer para você.
Eu assinto e ela sai do quarto. Demorando horas para retornar. Mas quando o faz, está segurando uma bandeja com alguma coisa que eu ainda não entendo o que é.
— Trouxe um sanduíche e um café requentado de ontem, depois eu faço um fresquinho, a Fabiana me ensinou como mexe naquela cafeteira.
Diz e coloca a bandeja no meu colo.
— E aqui está o remédio, e um copo d'água. Bom, vou sair para que você possa comer em paz. — ela está prestes a dar meia volta e se retirar do quarto quando seguro sua mão.
— Obrigado! — sorrio e beijo sua mão delicada, encarando-a.
— Por nada! — com a outra mão ela acaricia meu cabelo grande. — Fica bem!
Solto sua mão e ela sai do quarto. A verdade é que eu ainda não defini exatamente que tipo de relacionamento nós temos, a única coisa que eu sei, é que ele não é normal.
***
Um dia, faz um dia exatamente que meu avô está enterrado. Como é difícil ser forte nos momentos em que você só quer se jogar no chão e chorar...
— Para onde você vai? — Bella entra no quarto quando estou vestindo uma camisa.
— Visitar minha avó, estou preocupado, ela não atende minhas ligações. E você sabe que ela odeia me deixar preocupado.
– Entendo.
— Quer ir comigo?
— É... bom, eu...
— Já entendi. Tudo bem, sei que você tem suas coisas para fazer. Bom, estou indo.
Passo por ela deixando-a sozinha no cômodo. Como eu disse, não gosto de forçar ninguém a fazer o que não quer. Respeito as decisões dos outros e não forço ninguém a nada.
Chego na casa da minha avó minutos depois, eu e Arabella não pegamos um apartamento muito longe de onde vivia antes, justamante para permanecer perto deles. Agora, dela.
Entro em casa e não escuto nada, penso até que minha avó não está em casa mas logo ouço um choro baixinho vindo do quarto. Quando entro, ela está sentada na cama com as coisas do meu avô espelhadas sobre ela.
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Só quero você (nova versão)
RomanceArabella Manccini perdeu a mãe muito cedo, seu pai sempre a culpou pelo ocorrido, por isso, se tornou uma jovem cheia de traumas. Tudo muda quando conhece Gustavo, um jovem trabalhador e de bem com a vida, então Arabella tem uma ideia, casar com Gu...