Capítulo 44 - O reencontro

49 3 32
                                    

GUSTAVO ABREU

Quando o senhor Fernando avisou que não poderia ir a reunião, mas que mandaria sua filha no lugar, meu sangue ferveu. Não de raiva, mas de ansiedade e nervosismo por rever a Arabella.

Esses anos que passei longe dela e da minha antiga vida, serviu para que eu colocasse tudo no lugar, tanto meus pensamentos quanto a minha vida. Não sou mais um jardineirozinho de quinta ou a Barbie profissões que ela fazia questão de dizer que eu era.

— Gus... Gustavo? — me encara em choque. Ouvir a sua voz depois de anos é tão estranho. Sonhei com sua voz muitas vezes e estava apavorado porque não me lembrava mais dela. — O que faz aqui? — pergunta.

Ela continua linda. Seu cabelo está mais curto, mas de resto, continua a mesma, só que um pouco mais magra.

— Como assim o que eu faço aqui? Sou o novo acionista dos Hotéis Manccini. — digo, e seus olhos se arregalam em surpresa.

— Você? C-como?

— Longa história, talvez, só talvez eu te explique em outro momento. Mas estamos aqui somente para falar de negócios. Sente-se, por favor. — aponto para cadeira, tentando me manter o mais frio possível. A verdade é que estou tremendo por dentro, e morrendo de vontade de abraçá-la.

Quando fui embora com a minha avó do Rio de Janeiro, acabei indo morar em São Paulo. Vivemos na casa da prima da minha avó, até conseguir um trabalho e pudéssemos nos mudar. A questão é que acabei indo trabalhar na casa do meu pai biológico. Assim que ele viu minha avó, imediatamente a reconheceu. No começo não quis aceitá-lo. Ele abandonou minha mãe grávida. Mas depois que explicou como tudo aconteceu, entendi o seu lado, mesmo que não justificasse.

Os pais dele que os separaram, eles não aceitaram a minha mãe, meu pai Carlos Vasconcelos acabou ouvindo os seus pais porque na época era muito novo e acabou deixando a minha mãe. Mas ele não sabia que ela estava grávida na época. Sempre tive raiva dele, porque pensava que ele sabia da minha existência e me perguntava: como alguém é capaz de abandonar um filho?

Depois que me explicou a história, eu liberei o perdão. Minha avó também o perdoou, porque todo esse tempo também tinha raiva do meu pai. E para resumir a história, Carlos tem vários investimentos e um deles, é ser sócio dos hotéis Manccini que inclusive, ele ajuda a gerenciar o hotel na capital Paulista. Assim que me registou como filho, passei a assumir as empresas em seu nome, as ações e até a gerência do hotel de São Paulo. Meu pai me treinou enquanto ainda estava vivo. Ele tinha um câncer terminal. E o seu último desejo foi que não morresse sozinho, e o seu desejo se realizou de uma maneira tão  surreal que além de não morrer sozinho, ele morreu segurando a mão do seu filho, do seu verdadeiro filho.

— E por que não pode me contar agora? — diz ainda de pé. Eu já estou sentado esperando por ela.

— Porque não é o momento, quero falar de negócios. — sou sucinto.

— Onde você estava esse tempo todo? Por que fugiu de mim daquele jeito? — pergunta, apoiando as mãos na mesa e me encarando.

— Acha que tudo gira em torno de você? Por que acha que fui embora por sua causa?

Estou me sentindo como no começo do nosso convívio, quando só  fazíamos brigar.

— Tudo bem. — vejo raiva e mágoa misturado em seus olhos. Finalmente ela senta na cadeira a minha frente. Chamo o garçom e peço algo para comer, quando pergunto se ela quer alguma coisa, Arabella nega, ainda encarando-me de maneira diferente, incrédula.

— Nao vai responder a nenhuma das minha das minhas perguntas? Eu preciso de respostas, eu preciso saber o que aconteceu com você, se me perdoou, se...

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora