Capítulo 10

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ARABELLA MANCCINI

Não achei que sentiria tanta falta do André como estou sentindo. Ele foi embora há três semanas, e estou me sentindo arrasada, mesmo sendo eu quem terminou tudo, me pego muitas vezes com o celular na mão para mandar uma mensagem, mas desisto no meio do caminho. Preciso ser forte.

Sempre vejo Luiza falando com ele ao telefone e sinto vontade de pegar o celular da mão dela e falar com ele, mas não vou deixar que minha vontade e carência me vençam. Meu pai está mais rabugento do que o normal, mal fala conosco em casa e se afundou mais no trabalho. Percebo que Luiza está mal com isso, e cheguei até um dia falar para ela para dar um pé na bunda do marido. Ela merece coisa melhor. No fundo, não sei se ele a ama de verdade.

Estou em casa no notebook vendo algumas coisas de moda, quando a campainha toca. Espero para ver quem é, quando vejo o Gustavo entrando na casa para terminar o jardim. Ele está demorando demais para o meu gosto.

— Bom dia, Arabella.

— Bom dia, Barbie. — sorrio debochada. Me levanto e vou até ele. — Não acha que está demorando muito nesse jardim, não?

—Tem muito trabalho a ser feito.

— Eu destruí mesmo o jardim, não foi? — ele fica sem entender, e eu continuo. — Quando eu tinha doze anos e perdi minha mãe, fiquei tão mal que destruí o jardim. Era dela, minha mãe que cuidava. Dona Cristina era uma especialista.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. Bom, termine logo esse jardim porque estou começando a achar que está enrolando para tirar mais dinheiro da gente.

Ele olha para mim furioso. Gosto de provocá-lo na questão do dinheiro. Não sei por que ele fica com tanta raivinha.

— Você não me conhece, Arabella, não me julgue.

— Não estou te julgando, isso é um fato.

— Gustavo, que bom que chegou... — Luiza chega na sala nos interrompendo. — Como está seus avós?

— Muito bem, senhora. Bem, se me der licença, vou para o jardim terminar o meu trabalho.

Ele está prestes a sair quando eu decido segui-lo.

— Vou com você. — e caminho atrás dele deixando Luiza para trás, vejo de soslaio um sorriso que se forma nos lábios dela, mas decido ignorar. Gustavo caminha até o jardim rápido demais, e quase tenho dificuldade de acompanhar.

— Anda mais devagar, suas pernas são grandes e as minhas são curtas. — digo quando chegamos ao jardim.

— O que você quer? — para de repente, quase tombo atrás dele. — Por que está me seguindo?

— Quero conversar.

— Para me ofender de novo?

— Não te ofendi.

— Não? — bufa incrédulo.

— Não! — respondo.

— Está carente, não é?

— Como assim?

— Sei que o André foi estudar fora. É  por isso que estou perguntando se você está carente.

— Seu cretino! — o xingo. — Não que seja da sua conta, mas eu e ele terminamos.

— Vocês terminaram?

— Não ouviu o que eu disse?

— E por que terminaram? Ah, já sei, certamente ele não aguentou um segundo mais perto de você, ou então ele achou que um namoro à distância não valia a pena com você por causa desse jeito frio de querer as pessoas.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora