Capitulo 36 - A descoberta

14 3 5
                                    

ARABELLA MANCCINI

— É tão aconchegante o apartamento de vocês, minha filha. — a avó do Gustavo está sentada no sofá, fazendo seu crochê. Ela veio passar o dia com a gente, mas o Gustavo teve que sair às pressas para socorrer um amigo que precisou de ajuda com alguma coisa em casa.

— E está de portas abertas para recebê-la caso decida viver aqui conosco.

— Você sabe que não quero, gosto do meu cantinho.

— Mas a senhora não se sente sozinha? — pergunto, colocando uma xícara de chá a sua frente.

— Agora não mais, soube transformar a solidão em solitude. E te garanto minha linda, quando isso acontece, você não se sente mais só.

Fico feliz em ouvir isso, dona Rute é uma das mulheres mais fortes que já conheci. Quero um dia poder me tornar pelo menos um pouco parecida com ela.

— Cheguei! — A porta é aberta e o Gustavo entra segurando alguma coisa.

— Até que você não demorou. Estava aqui distraindo a sua avó. — ele vai até a avó primeiro e beija o topo de sua cabeça. Depois vem até mim, dando-me um selinho. — O que é isso? — olho para suas mãos e vejo o que segura.

Uma flor, num vaso bonito.

— Não acredito que seu amigo lhe pagou com essa flor!? — pergunto de pé, e com as mãos na cintura.

— Fiz o serviço para ele de graça, e não, ele não me pagou com flores, porque eu comprei essa aqui. Para você. — e estende o jarro para mim.

— Você sabe que eu não tenho o menor talento para cuidar de flores. Elas vão morrer logo logo se depender das minhas habilidades.

— Se você deixar essa flor morrer, o nosso amor morrerá também. — Ele diz, sério. O que me assusta.

— O QUÊ?

— É brincadeira. — sorri.

Mas fico séria, lógico que isso é uma brincadeira e não tem nada a ver com nosso amor morrer ou algo do tipo. Mas palavras tem poder, vai que isso acontece? Gustavo Abreu, eu vou matá-lo, porque agora não esquecerei disso jamais.

— Pode deixar, então. — coloco o jarro em cima da mesa de centro. — Que flor é essa, nunca vi, parece flor de enterro.

— Se chama crisântemo. Ela é uma flor bem resistente, se conseguir fazer a proeza de matá-la, realmente você não tem nenhum talento.

— Então você tem que me ajudar, me dando umas dicas de como fazer para cuidar dela.

— Não se preocupe, te ensinarei tudo que precisa. — sorri para mim.

— Essa flor é linda, meu neto. Fico feliz que tenha puxado esse talento do seu avô. Eu cuido das minhas plantinhas mas talento mesmo, só dele, e você, é claro.

— A senhora é maravilhosa, vovó. — beija o alto da cabeça dela outra vez. — Vou tomar um banho, me esperem para o almoço.

— Eu comprei comida, tentei fazer um arroz mas queimou.

— Tudo bem. — ele sorri, e vai para o quarto tomar um banho.

***

— Isso, muito bem. — diz Gustavo, encostado na bancada da cozinha me vendo refogar o arroz.

— Não acredito que você está me ensinando a fazer arroz. — reviro os olhos, mas não evito um sorriso.

— Você queimou o outro.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora