ARABELLA MANCCINI
— O que está fazendo aqui? — pergunto assim que vejo o Gustavo entrar na recepção dos hotéis Manccini.
— Seu pai, ele pediu uma reunião. — ele responde, aproximando-se de mim e eu o paro com a mão.
— É a merda das ações? Resolveu vender para ele?
— Sim, são as ações. Mas não vou vendê-las para ele. — Ele dá outro passo, passando pela mesa e quase encostando em mim. — Por que não posso tocar em você?
— Eu sei que você me ama e não consegue manter suas mãozinhas longe de mim, querido, mas estou no meu ambiente de trabalho e aqui há câmeras. — digo, e ele sorri, dando meia volta e se afastando. — E lembre-se que nosso namoro ainda é segredo. Aliás, que namoro? Você nem me pediu ainda.
— E você quer que eu peça? — sorri de lado, o que o deixa super charmoso. Dá vontade de pular em seu pescoço e beijar essa boquinha safada dele.
— Claro! Acha o que? Que só porque fomos casados e nos divorciamos que você não precisa fazer tudo certinho? Óbvio que não, vai ter que pedir em namoro, sim, senhor!
— Ok! — ajeita a postura. — Arabella Man...
— Para! — interrompo-o. — Deixa de ser doido. Não quero um pedido assim de qualquer jeito no meio do meu expediente. Anda, vai logo encontrar o meu pai.
— Está bem! — sorri, pisca para mim e vai para o elevador. Ao entrar, pisca outra vez dando aquele sorrisinho safado do tipo: Hoje você não escapa. E eu, estou eufórica para encontrá-lo, faz uma semana que voltamos do casamento e ainda não transamos de novo. O Gustavo me despertou depois de quatro anos e agora já estou subindo pelas paredes e só tem uma semana que não transo. UMA!
Não conseguimos nos encontrar sem que ninguém percebesse. Ele tentou ir para minha casa, eu ia deixar a Melissa na casa da Luiza, mas ela acabou ficando doente e dormiu comigo praticamente a semana toda, grudadinha com a mamãe. Confesso que já sentia falta de dormir com a minha pequena, já que agora ela é uma mocinha e consegue dormir sozinha. Palavras dela.
GUSTAVO VASCONCELOS
Havia esquecido o quanto a Arabella fica linda e gostosa com aquele uniforme. Lembro como se fosse ontem o seu primeiro dia de trabalho, o quanto estava ansiosa e nervosa. Vê a mulher incrível que ela se tornou me deixa tão orgulhoso que não tenho nem palavras. A porta do elevador se abre e dou de cara com várias salas, passo pela secretária que me anuncia. Entro logo em seguida na sala do homem que mais odeio na vida.
Já disse que não sou de odiar ninguém, mas Fernando Manccini além do meu desprezo tem o meu ódio, por tudo que causou a Bella e por ser um péssimo pai. Homens assim deveriam viver sozinhos e extremamente solitários porque sei que não sentem falta de nada nem de ninguém.
— Meu querido ex-genro. — levanta de sua cadeira e vem em minha direção com um sorriso debochado. Fernando estende a mão direita para mim e eu ignoro, sentando-me na cadeira. — Certo, você pode ter mudado em várias coisas, mas uma permanece intacto, a sua falta de educação.
— Não vim aqui para isso, Fernando.
— sou direto.— Certo, certo... — diz e volta a sentar em sua cadeira de CEO poderoso. — Vejo que está com pressa. Como anda sua avó? E seu avô? Opa, ele morreu, sinto muito. Bem, soube que viajou com a Arabella, espero que não tenham voltado, apesar que agora você está com bastante dinheiro, não é mais um pé rapado como antes. A Arabella já dá sorte...
Ele fala uma coisa atrás da outra, emendando um assunto no outro. Coisas sem noção, pelo visto não mudou nada mesmo.
— Sei que o nosso último encontro não foi bom, mas você entende, né? Eu só queria o melhor para minha filha e...
— Chega! — dou um tapa na mesa, o barulho estrondoso ecoa na sua ampla sala. — Não estou aqui para bater papo com você, vim resolver a questão das ações, senhor Manccini. — Digo seu sobrenome com deboche.
— Vejo que está mesmo com pressa.
— Pressa para sair daqui.
— Então vamos direto ao ponto. Quanto quer para vender as ações para mim?
— Porque esse interesse tão grande nas ações? Você é o dono de tudo.
— Eu não sei se você sabe, Gustavo, mas eu e o seu pai fomos muito amigos. Praticamente abrimos o meu negócio juntos e ele tinha algumas das minhas ações, depois ele seguiu seu caminho com a agência mas continuou com elas. Houve uma época que entramos em crise e tive que vender outras, senão iríamos falir, por isso temos alguns sócios que investem neste negócio. Mas eu nunca gostei disso, sabe? Chame de egoísmo, só pensa em dinheiro ou seja lá o que queira chamar. Eu quero as minhas ações de volta porque elas pertencem a mim, então eu não estou te pedindo, estou exigindo que venda-as para mim.
— E se eu disser não?
— Você não sabe com quem está mexendo, Gustavo. Se eu fosse você não ousaria me enfrentar.
— E se eu fosse você, não ousaria me ameaçar. — digo num tom mais alto que o seu. — As ações são minhas, elas me pertencem. Foram herdadas do meu pai, infelizmente terá que me aturar sendo seu mais novo sócio, Manccini. — me levanto, fico de pé na sua frente imponente. Meu terno sob medida cinza ficou muito bem em mim. — E se me chamou só para isso, a resposta é não. E por favor, não me faça perder tempo com esse assunto outra vez. Com licença! — dou as costas para ele, ouço-o praguejando atrás de mim, mas não dou a mínima, saio da sua sala e a passos largos, pego o elevador.
Ao abrir a porta no andar da recepção geral, vejo a minha mulher sentada atrás da mesa de trabalho.
Espetacular!
Ela está com os cabelos mais curtos o que a deixou ainda mais linda. Ao me ver, ela se levanta e sorri. Caminho até ela focando em seus lábios bonitos, sem que esperasse, a puxo para um beijo. Colo nossos lábios e imediatamente enfio minha língua entre eles sentindo seu gosto. Sou completamente rendido por essa mulher.
Arabella foi pega de surpresa, mas logo retribui o beijo.
— O que foi isso? — pergunta, assim que nossas bocas se afastam.
— Você não sabe o quanto eu estava com vontade de te beijar.
— Esqueceu que aqui tem câmeras?
— Não me importo, estava morrendo de saudade de fazer isso.
— Como foi lá em cima? — diz, afastando-se de mim, limpando a boca com a mão.
— Não vendi e nem venderei as ações, fim de papo.
— Direto.
— Preciso ir, amor. Mas você não me escapa hoje. Tenho algo para te contar, aceita jantar comigo?
— Posso deixar a Mel com a Luiza. Ela já está melhorzinha.
— Ótimo, aproveito passo para vê-la e depois disso as duas dormirão lá em casa. Está na hora de contar para a minha avó, antes que ela descubra sozinha.
— Concordo. Te vejo mais tarde então.
Sorrio e me inclino para beijá-la, mas ela me afasta e sorrindo diz:
— Guarda pra mais tarde. — e pisca para mim dando um sorriso charmoso.
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Só quero você (nova versão)
RomanceArabella Manccini perdeu a mãe muito cedo, seu pai sempre a culpou pelo ocorrido, por isso, se tornou uma jovem cheia de traumas. Tudo muda quando conhece Gustavo, um jovem trabalhador e de bem com a vida, então Arabella tem uma ideia, casar com Gu...