GUSTAVO ABREU
— Bom, lembra quando nós pedíamos que ele voltasse um dia? Porque você queria conhecê-lo e tal? Então, meu amor... ele voltou.
Estou no meu antigo quarto esperando Arabella falar com nossa filha sobre meu retorno, ouvi a vozinha doce da menina perguntando:
— Voltou?
Meus olhos se enchem de lágrimas. Se eu soubesse que teria um filho jamais teria partido, jamais a deixaria viver quatro anos da sua existência sem um pai presente.
— Como me arrependo. — Murmuro para mim mesmo.
— Sim, e sabe mais? Ele está aqui também, louco para te conhecer. — ouço a voz da Arabella.
No fundo dos seus olhos vejo que ela ainda sente algo por mim, que nem mesmo o tempo arrancou isso de dentro do seu coração. Mas eu não posso ceder, não mais. Fui feito de idiota uma vez e não seria de novo. Eu só quero contato com a minha filha, e nada mais que isso.
— Onde? Cadê? Eu quero ver o meu papai, por favor, mãezinha. — a menina perguntou empolgada.
— Calma, filha. Antes eu preciso saber, você está bem com isso? Quer conhecê-lo mesmo?
— Sim, eu quero.
— Ótimo! Quer chamá-lo?
— Papai Gustavo?
E foi aqui que minhas pernas viraram gelatina. Ao ouvir a voz da Melissa chamando-me de papai, meu coração acelerou ainda mais.
Saio do quarto aos pouquinhos e, ao chegar na sala, vejo Melissa de pé ao lado da mãe, que ainda está sentada no sofá. Arabella olha para mim emocionada, pelo que ouvi, ela também esperou pela minha volta. E finalmente estou aqui, de frente para uma mini pessoinha que sorria tão largo que dava pra ver todos os seus dentinhos de leite. Ela é linda, assim como a Arabella: cabelos castanhos ondulados na altura dos ombros, olhos verdes e poucas sardas no rostinho miúdo, seu nariz é pequeno e arrebitado como o da mãe. Ela é perfeita! Minha filha, minha filhinha...
— Oi, princesa. — sorrio, tentando ser o mais simpático possível.
Ela olha para trás, e depois para mim outra vez. Vejo que está encarando o porta retrato com a minha foto que está nas mãos de Arabella.
— Não me pareço com o moço da foto? — pergunto ainda de joelhos para ficar da altura dela.
— Parece, sim. — sorrir. — Papai!
Abro os braços nessa hora, pedindo um abraço da minha pequena. Ela olha para a mãe uma última vez que assente limpando uma lágrima que escorrega em seu rosto. É quando Melissa corre até mim de braços abertos também, eu a tomo em um abraço cheio de saudade. Saudade por aquilo que eu nem sabia da existência até horas atrás. Abraço minha menina com todo amor que há dentro de mim, seu cheiro é de morango. Seu corpinho pequeno fica todo escondido nos meus braços grandes.
— Oi, minha pequena. Eu voltei para ser seu papai.
— Obaaa! — aperta meu pescoço com mais força dos seus bracinhos. — Por favor, paizinho, nunca mais vá embora.
— Nunca mais, minha princesa. Estarei para sempre com você.
Sim, é uma promessa de nunca mais partir. De ser o pai que ela merece para o resto das nossas vidas. Mesmo que eu não esteja mais com a sua mãe, eu sempre estarei presente na vida da Melissa. Sempre!
— Ouviu, mamãe, o papai disse que nunca mais vai embora, ele vai ficar com a gente para sempre.
Olho para Arabella que continua sentada no sofá emocionada com o momento. Assim que essa frase sai da Melissa, sua mãe se retesa no lugar me olhando sem graça. Fico de pé trazendo Mel nos meus braços.
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Só quero você (nova versão)
RomanceArabella Manccini perdeu a mãe muito cedo, seu pai sempre a culpou pelo ocorrido, por isso, se tornou uma jovem cheia de traumas. Tudo muda quando conhece Gustavo, um jovem trabalhador e de bem com a vida, então Arabella tem uma ideia, casar com Gu...