Capítulo 22 - O casamento

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GUSTAVO ABREU

Deixo Arabella em seu condomínio depois que saímos da boate. Hoje foi o meu dia de trabalho, mas consegui curtir um pouco com a minha noiva. Nossa, é muito estranho dizer essa palavra.

Em relação a conhecer seu pai, não o achei simpático, mas também não foi tão rude comigo quanto eu esperava. Eu nunca disse isso a Arabella, mas já os vi discutindo seriamente, e sei que seu Fernando Manccini não é uma boa pessoa.

Chego em casa abrindo a porta devagar para não acordar meus avós. Quando vejo a Diana deitada no sofá, assim que ouve o barulho da chave, ela acorda.

— Desculpe, não quis acordar você. — falo, pendurando a chave no porta chaves na parede.

— Não se preocupe. — ela senta no sofá com cara de sono, são quase três e meia da manhã.

— Mas o que está fazendo aqui? — pergunto, sentando ao seu lado no sofá.

— Eu vou embora outra vez.

— O quê? — fico surpreso, pois ela acabou de chegar na cidade.

— Vou ficar um tempo com a família da minha mãe no interior.

Diana é praticamente minha melhor amiga de infância. Sua mãe morreu quando ela era novinha, e nos identificamos porque a minha também morreu. Ela mora com seu pai, mas ele não é um pai responsável e nunca cuidou dela direito. Ela vivia mais aqui do que em sua própria casa, mas quando crescemos, nos distanciamos um pouco. Isso não muda o fato de ela continuar sendo minha melhor amiga.

— É uma pena. — digo. — E sinto muito por não ter te dado a atenção que você merecia, Diana. Eu ando tão ocupado.

— Eu sei... — ela respira fundo e sorri fraco. — Você cresceu, amigo, nós crescemos.

— Não queria que fosse embora. — aperto sua mão que está em cima da sua coxa. — Sentirei saudade.

— Há uma forma de não sentir saudade de mim.

— Qual?

Foi quando, sem que eu esperasse, Diana segura  meu rosto e me beija. Foi um beijo rápido, não passa de um selinho, mas ainda assim foi um beijo. Me desvencilho do seu aperto e levanto do sofá, colocando distância entre nós.

— Você não pode fazer isso.

— Gustavo, você sabe que eu sempre gostei de você, mas você só me vê como amiga. Eu posso ficar aqui com você se disser que sente o mesmo por mim. Eu sei que você e aquela tal de Arabella não têm nada, por isso estou disposta a me entregar de corpo e alma nesse relacionamento, se você também estiver... — ela se aproxima de mim tentando me tocar, mas eu a afasto.

— Não! — falo alto, mas logo baixo o tom porque não quero acordar meus avós. — Você é só uma amiga para mim, Diana, e sinto muito por não corresponder aos seus sentimentos amorosos. Além do mais, eu e a Arabella estamos juntos sim, nós estamos noivos.

Vejo o choque da surpresa em seu rosto, seus olhos se enchem de lágrimas e ela desvia o olhar do meu. Sua boca está aberta, tentando dizer alguma coisa, mas não sai nada.

— Eu sinto muito. – digo.

— Tudo bem, Gustavo, você não tem culpa de nada. Fique tranquilo. — Diana começa a recolher algumas coisas suas do sofá, pega uma bolsa que está no chão e vai em direção a porta.

— Onde você vai?

— Para casa, meu pai chegou bêbado e vovó Rute deixou que eu dormisse aqui, mas acho melhor voltar pra casa.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora