Capítulo 3

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    ARABELLA MANCCINI

— Uhuuuulll. — danço com minha amiga, rebolando até o chão da boate. O que mais amo fazer é sair para me divertir.

— Por que o André não veio hoje? — Fabiana pergunta.

— Ele não pode vir, está atarefado com o trabalho. — falo alto por conta da música e continuo rebolando.

— Seu pai não deixa o André em paz, quero só ver até quando ele aguentará isso.

— Ah, minha amiga, eu também estou louca para ver isso.

Quando meu pai descobriu que eu e André estávamos tendo um lance, ele odiou. Porque na cabeça do meu papai deveríamos ser irmãozinhos do coração. Escondemos muito bem no começo, assim que se mudou para minha casa com a dona Luiza, minha madrasta, ele escapava para o meu quarto à noite ou vice-versa. Até aí, conseguimos manter tudo às escondidas porque só existia a mais pura atração física. Mas quando algo a mais começou a surgir, um sentimento que ia além da atração, não conseguimos disfarçar os olhares apaixonados que trocávamos. Como seu Fernando não é besta, sacou tudo e surtou.

Porém, a única coisa que ele fez foi engolir e aceitar. Assim como não escolho por quem se apaixona, ele também não tinha o direito de fazer isso comigo. Pelo menos recebemos o apoio da Luiza, ela não levou isso de irmãos a sério e ficou feliz quando soube do nosso namoro.

Com o passar do tempo, meu pai já havia se acostumado com a ideia. Ele adorou ter um filho/genro de confiança, porque ele sempre acreditou que eu iria acabar com alguém "ruim" aos olhos dele, alguém que não seria capaz de estar à frente da empresa junto com ele. A ideia de ter agora o André, filho da sua nova esposa, um rapaz inteligente, de família, super educado e com jeito para negócios, o animou. Isso fez com que meu namorado se tornasse seu braço direito em tudo referente à rede de hotéis. Na verdade, meu pai estava o treinando para que futuramente assumisse seu lugar, já que não confiava em mim o suficiente para isso.

Só que isso já estava me deixando super estressada, porque o André trabalhava tanto que mal tinha tempo para se divertir ou para nós dois. Meu pai esquece que o viciado em trabalho aqui é só ele.

— Preciso ter uma conversa séria com meu pai. — digo para Fabiana, que tinha acabado de me entregar mais um drink. — Obrigada, amiga.

— Precisa mesmo. — beberica seu próprio drink. — Essa possessão que seu pai tem com o André pode acabar um dia prejudicando o relacionamento de vocês. E tem mais, a filha dele é você e não o André.

— Não ligo para isso, já desisti do meu pai há muito tempo. Mas agora não quero mais ficar falando disso, estamos aqui para curtir, nos distrair, beber e dançar muito. Essa aqui...— levanto o copo com a bebida. — É só a primeira, gatinha. — gargalho e agarro minha melhor amiga pelo pescoço, dançamos juntas a madrugada inteira, demos fora em quase todos os homens que se aproximaram da gente — apesar da minha amiga ser solteira e estar na pista —. Quando saímos para curtir juntas, só eu e ela que importa. Quando venho com o André, ela sai a caça.

Bebi todas essa noite, voltei para casa pela manhã, o motorista particular da mansão me trouxe, não dirijo quando vou para boate e muito menos volto de Uber. Depois de deixar a Fabiana em casa, entrei cambaleando com a ajuda de Jorge, nosso motorista.

Encontrei minha grande família reunida na mesa de jantar para tomar café da manhã. Meu pai me encara paralisado segurando uma torrada no ar, prestes a dar uma mordida. A sala de jantar fica conjugada à sala de estar.

— Isso são horas? — Ele pergunta, enquanto me jogo no sofá desfalecida. Sinto as mãos do André no meu braço e um beijo suave em minha testa.

— Acho melhor eu te levar para o quarto, amor, você está bêbada.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora