ARABELLA MACCINI
Passei o resto do dia no quarto, depois de subir e me trancar nele. Fui para debaixo do chuveiro de roupa e tudo, escorreguei até o chão e fiquei ali por horas a fio, sentindo-me péssima pela discussão, pelo tapa, pelo ódio dele por mim. O que foi que eu fiz para que me odiasse tanto? Porque mesmo antes da morte da minha mãe, meu pai não era um grande fã meu.
Horas mais tarde, ainda estou na cama, sob as cobertas, me sentindo um lixo, sentindo que não sou boa o suficiente para que alguém seja capaz de me amar de verdade. Mas aí lembro do André, ele me ama, não ama? A Luiza, apesar de tudo, também me ama, não ama?
Não tenho tempo de refletir quando ouço a voz da minha madrasta atrás da porta. Eu não queria ver ninguém, André já tentou vir e o mandei embora. Ele me encheu de mensagens, e até a Fabiana me ligou. É a primeira vez no dia que Luiza bate na porta do meu quarto, e eu não sei o porquê, mas ela, eu quero ver. Levanto e quase caio no chão devido à vertigem que tive. Quase à força, consigo abrir a porta. Quando ela me olha, vejo a pena em seus olhos.
— Não sinta pena de mim, por favor. — digo e dou as costas, voltando para minha cama. Ela fica parada por alguns segundos, me encarando, mas depois fecha a porta do quarto e vem até mim, sentando na beirada da cama perto de mim.
— Ah, querida. Sinto muito por não ter vindo antes, seu pai não me permitiu. Saiba que eu fiquei decepcionada com o que ele fez com você. Eu sinto tanto, Bella. — toca meu cabelo com carinho. — Nada que seu pai disse sobre você é verdade. Você é uma boa garota, doce, amável, isso de que matou sua mãe e seu irmão é mentira. — tenta me consolar com suas palavras doces.
— Você não me conhece, Luiza, ele tem razão. Eu não sirvo para nada. Mas obrigada por estar aqui.
— Você é importante para mim, e o André te ama. Vou conversar com seu pai, ele te pedirá desculpas.
— Ele? Me pedir desculpas? Esqueça, Fernando é muito orgulhoso, nunca me pedirá desculpas. Além do mais, não preciso das desculpas dele. — respiro fundo, cansada, e ela toca no meu rosto, onde está dolorido devido ao tapa.
— Está vermelho. Vou pegar gelo e... — antes que ela se levantasse da cama, seguro seu braço impedindo-a e negando com a cabeça. — Ok, estarei aqui se precisar. Pode contar comigo, tudo bem?
Assinto e ela me dá um beijo na testa, saindo do quarto logo em seguida.
***
Não passa das 18 horas quando mando uma mensagem para Fabiana:
Eu: Balada hoje de novo? Tô triste, discuti com meu pai, levei um tapa na cara e preciso me distrair.
Não demorou muito para que ela visualizasse.
Amiga: O QUE ACONTECEU COM VOCÊ? André me ligou desesperado dizendo que rolou uma briga com seu pai e que se trancou no quarto.
Eu: Balada hoje e te conto tudo.
Amiga: Combinado!
Eu: Vou me arrumar na sua casa, chego aí às 19h. Beijos!
Não estou com animo para curtir balada, mas faço de tudo para não permanecer nem mais um segundo nesta casa. E dane-se que meu pai e minha madrasta não querem que eu vá sozinha. Já estou lascada mesmo.
***
— Não acredito que depois de tudo você ainda teve animação para vir para festa. — minha amiga diz assim que entramos na boate.
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Só quero você (nova versão)
RomanceArabella Manccini perdeu a mãe muito cedo, seu pai sempre a culpou pelo ocorrido, por isso, se tornou uma jovem cheia de traumas. Tudo muda quando conhece Gustavo, um jovem trabalhador e de bem com a vida, então Arabella tem uma ideia, casar com Gu...