Capítulo 26 - Um mês depois

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ARABELLA MANCCINI

Um mês depois

— Finalmente nossa mudança. — digo, assim que entramos no nosso novo apartamento com a penúltima caixa.

Luiza e Fabiana estão aqui para me ajudar e aproveito para rever minha madrasta que faz tempo que não a vejo. Desde que saí de casa depois do casamento eu não pisei os pés na mansão. Nem Fernando me procurou mais, afinal, nem meu pai ele é, então porque ter consideração por mim, não é mesmo?

— É até maior do que imaginei. — diz minha amiga, parando ao meu lado.

— É um apartamento grande o suficiente para um casal sem filhos. — Luiza arrasta uma caixa com o pé até encostar na outra.

— Poderia ser maior, mas é o que o salário do Gustavo consegue pagar. — digo, conformada.

Minha vida não poderia ter se tornado mais estranha, estou casada com o Gustavo a mais de um mês e ainda não transamos. Não falo sobre isso e ele está respeitando meu tempo porque também não toca no assunto. Eu sinto que muitas vezes em que compartilhamos um beijo, o desejo logo desperta nele, mas como eu não tomo nenhuma atitude, ele também não toma. Melhor assim, transar é algo muito íntimo e pode ser um caminho sem volta para nós dois. Não quero estragar tudo, não quero gostar dele mais do que já gosto.

— Pronto, nenhuma caixa no carro.

Falando no dito-cujo, Gustavo entra com mais uma caixa pequena e coloca em cima da mesa. Ele me encara e percebe que eu o olhava sem piscar.

— Tá tudo bem? — pergunta para mim e eu saio do transe em que estava.

— T-tudo ótimo. — pigarreio e me viro para as duas mulheres. — Me ajudam a organizar tudo? Não tenho o dom para isso.

— Claro, querida, podemos sim. — diz minha madrasta.

— Eu vou organizar as coisas do banheiro então. — Gustavo vai até o banheiro.

O apartamento é simples, somente dois quartos, um banheiro social e outro no nosso quarto, cozinha americana e uma sala. Demorou esse tempo todo para que nos mudássemos porque um casal estava morando aqui antes e tivemos que esperar que eles saíssem do apê.

Nessas semanas, algumas coisas aconteceram, eu me aproximei mais dos avós do Gustavo, pude comprar algumas roupas para mim com um dinheiro que ele me deu — o que me deixou estressada por ter que depender do meu marido, antes dependia do meu pai e agora da mesada do Gustavo. Só então percebi o tempo que perdi, poderia ter terminado minha faculdade para conseguir um trabalho. Mas agora não tenho nem um, nem outro, e tenho que seguir sendo sustentada por pessoas.

— Luiza. — chamo minha madrasta, que me encara quando está prestes a colocar algumas vasilhas que comprou com seu próprio dinheiro dentro do armário. — O meu pai... — pigarreio. — Quer dizer, Fernando pergunta por mim? Ele quer conversar?

Vejo imediatamente angústia e um leve pesar nos olhos da minha madrasta.

— Sinto muito, Arabella, mas você sabe como seu pai é, ele só diz que você vai aprender a lição de nunca mais provocá-lo, mas não quer que volte para casa.

— Isso eu sei, mas eu pergunto, ele falou alguma coisa sobre meus pais biológicos?

— Você quer conhecê-los? — Pergunta Luiza.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora