Capítulo 18 - Eu vou me casar!

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ARABELLA MACCINI

— Desisto, amiga!

Digo enquanto ando de um lado para o outro no quarto da minha melhor amiga, cheguei cedo aqui quando ela ainda estava na cama.

— Só pode ter sido algo sério para você ter se levantado cedo desse jeito e ainda me despertar do meu sono da beleza. — Ela boceja. — Anda, fala logo.

— Não quero mais usar o Gustavo para meu plano maluco, vou dar outro jeito. Vou falar com a Luiza, ela tem uma irmã, talvez eu possa morar com ela por um tempo.

— Já disse que pode morar aqui.

— E eu já disse que meu pai não irá permitir, sabe como ele é manipulador e autoritário.

— E você ainda acha que ele vai te deixar morar com a irmã da Luiza?

Não, também não. Meu pai só me permitirá sair de casa casada, e de preferência com um de seus amigos escrotos. Me sinto péssima, é como se eu estivesse no século XIX sendo prometida em casamento para homens aleatórios por meu pai. Será que ele não consegue enxergar que isso é errado? E eu me sinto tão fraca quando o assunto é meu pai, me sinto impotente querendo enfrentá-lo, mas totalmente sem forças para isso. Me jogo na cama ao lado de Fabiana e ela entende minha resposta sem que eu abra a boca.

— Seu pai é um cuzão.

Olho para ela, surpresa com o palavreado, minha amiga nunca xinga.

— Não olhe assim para mim, ele merece.

— Só me resta fugir, sumir deste mundo. — digo, mais como um desespero do que eu quero realmente.

— Não fale essa besteira, eu vou sentir sua falta.

— Só você, pelo visto.

— E a dona Luiza também, ela gosta muito de você. — Fabiana me lembra da minha madrasta.

— Só vocês duas, pelo visto. — tapo meu rosto com as duas mãos.

— E o Gustavo, como foi o jantar ontem?

— Horrível! — digo como um resmungo e encaro Fabiana, que me olha com curiosidade, então eu continuo. — Os avós dele são ótimas pessoas, não falo disso, mas é que...— respiro fundo, me preparando para o que vou dizer em seguida. — Eu não nasci para aquele mundo, se eu ficar com o Gustavo, mesmo que seja de mentira, eu vou ter que frequentar a casa dele e comer a sopa da sua avó e eu odeio sopa... — choramingo.

— Mas como é mimada. — Fabiana gargalha alto. — Sério que quer desistir de tudo porque odeia sopa? — diz quase se engasgando de tanto rir.

— Óbvio que não, eu quero desistir porque... sei lá, não me vejo mais naquele lugar e fico apavorada só de pensar que, se eu ficar com o Gustavo, vou ter que segui-lo para onde ele queira me levar. E se ele me levar para morar naquela rua em que a ladeira é tão alta que é quase em pé?

Fabiana irrompe em uma gargalhada tão alta que saem lágrimas de seus olhos.

— Para de rir de mim, estou falando sério.

— Se você não fosse minha amiga, eu te odiaria. Deixa de ser assim, Arabella.

— Não consigo, é mais forte que eu. Não estou falando deles, eu amei os avós do Gustavo, são gentis e adoráveis, menos a tal da Diana.

— Quem é Diana? — Fabiana senta na cama e eu a acompanho, ela enxuga o canto dos olhos das lágrimas dos risos e me encara.

— A melhor amiga do Gustavo. Ainda não consegui decifrá-la, mas eu percebi que ela é meio que interessada nele.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora