Capítulo 6

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ARABELLA MANCCINI

— Que ressaca de merda.

Acordo de ressaca, mesmo bebendo pouco no dia anterior. Já levanto praguejando, principalmente porque tive muitos pesadelos, todos eles envolviam algo, e eu sempre tomava a decisão errada. Essa sou eu, sempre indo pelo caminho mais difícil e tomando as piores decisões possíveis. Tomo um banho e me visto. Quando estou me trocando, olho para o jardim da janela que tem no meu closet e vejo a grama remexida, com barro espalhado por alguns cantos. Finalmente, meu pai permitiu que fizessem alguma coisa com aquele jardim morto.

Desde a morte da mamãe há mais de dez anos, o jardim estava intocado. Minha mãe amava flores, e ela cultivava as mais diversas. Ela tinha o dom, o talento para isso, as flores em suas mãos, mesmo que mortas, renasciam. Dona Cristina sempre tentou passar esse amor por flores para mim, mas eu não tenho talento nenhum. Ela até que me presentou com um vaso pequenino com umas rosas uma vez, mas não durou uma semana na minha mão. Eu tentei, eu juro, mas parece que plantas e flores me odeiam.

Depois da morte dela, meu pai impediu a todos que mexessem  no jardim, principalmente depois que eu o destruí quando tinha 12 anos. Cresceram trepadeiras e tomou tudo. De verdade, fico feliz que estejam dando um jeito no jardim, tenho certeza de que mamãe ficará feliz onde quer que esteja.

Como levantei tarde, André já havia saído para a sede da empresa com meu pai. A mesa do café da manhã está vazia, então decido caminhar um pouco no jardim. Faz tempo que não ando por ele. Avisto de longe o jardineiro trabalhando, fui até ele para dizer o quanto estou feliz pela mudança no jardim. Ele está de costas e agachado. Pensei que era um senhor de idade, mas pelo visto, não, ele é jovem. Percebo o quanto seus ombros são largos, coxas grossas apertadas sob o jeans do macacão e os braços... são fortes e definidos. Como será o tanquinho dele?

André!

Penso no meu namorado para aplacar minha curiosidade. Mas dura pouco quando o tal jardineiro vira de frente para mim, seus belos olhos verdes são hipnotizantes, sua barba um pouco grande desenhada em seu rosto o deixa com uma cara de CEO gostoso. Assim que ele me vê, abre um sorriso enorme e debochado. Pronto, até o seu sorriso é perfeito como ele todo.

André.

André.

André...

— Você! — digo, totalmente sem humor na voz, quando percebo quem é.

— Olha quem está aqui, satisfeita? — pergunta o tal do Gustavo, o mesmo barman de ontem da balada.

— Com o quê, idiota?

— Olha o respeito, senhorita. — diz o abusado. — Sabia que o meu chefe viu aquele showzinho que você deu ontem, jogando o drink na minha cara? E sabe o que ele fez? Me demitiu graças a você.

— Showzinho? Você que começou falando aquelas mentiras sobre mim.

— Bom, não acho que sejam mentiras. — diz cruzando os braços, deixando seus músculos totalmente à mostra. Minha visão foi parar naqueles braços fortes, e eu fico hipnotizada, mas juro que foi sem querer. O André é forte, mas ele não tem esses músculos. O idiota percebe que eu estou o encarando.

— Gostou? — dá um sorrisinho enviesado. — Se se comportar, deixo você tocar.

— Ridículo! E para sua informação, já vi melhores, isso aí não me impressiona. — Cruzo os braços e debocho.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora