Capítulo 51 - Implorar de joelhos

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GUSTAVO VASCONCELOS

— Olha pra mim, papai. — pede Melissa.

Estamos brincando no chão do seu novo quarto. Esses dias, finalmente consegui fazer um quartinho para ela, com uma cama de princesa, muitos brinquedos e uma parede rosa, como ela me pediu. No entanto, minha filha ainda não estreou dormindo aqui porque, até então, só consegue dormir com a mãe.

— Oi, princesa. Desculpa, papai está com a cabeça no mundo da lua. — me desculpo, minha cabeça está na mãe dela, isso sim. E na forma que quase beijou o André na casa de seu pai. Deixaram a porta encostada, então assim que cheguei lá, só fiz abri-la e me deparei com aquela cena nojenta e ridícula.

— Em que lugar da lua? — pergunta sapeca, esperando pela resposta.

— Vamos mudar de assunto, sua sapequinha? Temos que continuar brincando porque daqui a pouco sua mãe vai voltar para te buscar.

— Vamos dormir aqui? — pergunta com expectativa.

— Não, hoje não.

— Por quê? — seu sorriso morre.

Porque eu fui um grande babaca ao beijar sua mãe na minha cozinha. Foi um beijo incrível, gostoso como só ela sabe dar, e eu estava morrendo de saudade dela e dos seus beijos. Mas estraguei tudo ao fazê-la se sentir mal, e agora não consigo mais olhar nos seus olhos. E estou louco de ciúmes por vê-la quase beijando o imbecil do André, mas não tenho o direito, pois fui eu que pedi o divórcio à sua mãe, fui eu que a abandonei, e ela tem todo o direito de beijar quem quiser, porque é livre.

Penso em tudo isso, mas não digo. Óbvio, como eu falaria essas coisas para uma criança?

— Porque você e sua mãe têm um apartamento muito bonito, que é o lar de vocês. — Digo, inventando uma desculpa esfarrapada.

— Mas eu queria que o meu lar e o da mamãe fosse aqui com você e a bisvovó. Essa casa é grande, e cabe todo mundo. — diz com sua inocência de criança. — Chama a mamãe para morar aqui, tenho certeza que ela vai adorar, e eu também, muito, muito, muito. — ela abre um sorriso tão lindo mostrando as suas covinhas que eu me derreto. Melissa tem o poder de nos convencer a fazer qualquer coisa, quero agradar a minha filha, principalmente depois de perder tantos anos da sua vida.

— Não é tão simples assim, eu a sua mãe não podemos morar juntos porque estamos separados.

— Ué, então vocês podem se casar de novo. Tão simples... — e dá de ombros como se fosse realmente simples.

— Eu queria voltar a ser criança, para que as coisas voltassem a ser resolvidas assim, na simplicidade. Mas não é assim que as coisas funcionam. Além do mais, sua mãe nem aceitaria morar aqui, ela gosta daquele apartamento.

— Tem razão! Não aceitaria. — eu e Mel olhamos para porta do quarto, tomando um susto com Arabella no batente da porta nos observando.

— Que susto, mamãe. — minha filha se levanta de onde está e corre para os braços da mãe, que a pega no colo, plantando um beijo na bochecha da menina.

— Desculpa, amor, mamãe não quis assustá-la. Só quis assustar o seu pai. — e me encara.

Sorrio fraco, mas volto a ficar sério quando percebo que ela está falando sério.

— Precisamos ir. — Arabella diz, colocando Melissa não chão. — Pega suas coisas, querida.

— Essas coisas são daqui, mamãe, do meu quartinho.

— Ah!

— Não ficou lindo? Podemos dormir aqui hoje? Quero inaugurar meu quartinho novo.

— Não tem espaço para mim nessa cama, amor. — retruca Arabella.

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora