Capítulo 25 - Não posso amá-lo

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ARABELLA MANCCINI

— O que está lendo? — entro no quarto onde Gustavo está deitado na cama lendo um livro, que eu ainda não consegui ver o nome na capa. Depois do jantar, fiquei um tempo conversando com a dona Rute, ela é uma fofa e entende o que estou passando.

O homem que buscava sua sombra. — responde sem olhar para mim.

— Hum, então estava mesmo falando sério quando disse que gostava de ler. — Sento-me na cama ao lado dele, mas com uma distância bem considerável entre nós. Estou usando um pijama que a Fabiana trouxe para mim, uma calça e uma blusa de manga curta, não posso me cobrir toda, afinal, estamos no Rio de Janeiro e o calor daqui não permite.

— É um dos meus passatempos preferidos.  — diz, ainda sem me encarar.

— Não vai mais à boate? — Deito sob os lençóis.

— Esqueceu que estamos em lua de mel? O meu chefe me deu algumas folgas.

Respiro fundo, esquecendo desse pequeno grande detalhe.

— Falando em lua de mel... — começo a dizer. — O que aconteceu ontem?

— Ontem? Você dormiu praticamente o dia todo. — Ele finalmente me olha. — Na hora de dormir, eu simplesmente levantei o lençol, me acomodei debaixo dele e dormi também.

Ah! — digo, sem saber como chegar a tal conversa. — É...

— Não precisamos fazer isso ainda se você não quiser.

— Isso o quê? — faço-me de desentendida.

— Transar, Arabella, não precisamos fazer isso se não quiser. Eu sei que você está triste pelo que está acontecendo na sua vida, não vou forçar a barra, estamos casados e temos todo o tempo do mundo para isso.

Uau!

Ele me surpreende. Nunca saí com caras que fossem tão compreensivos assim, inclusive eu e André fomos para cama antes mesmo da sua mãe se casar com o Fernando. Ver o Gustavo respeitando meu tempo e minha dor é admirável. O que me faz lembrar que eu nunca poderia transar com ele pelo simples fato de: não quero me apaixonar.

Nunca fui de me apegar a alguém somente porque transei com ela, pelo contrário, sempre fui aberta para isso, só que o problema é que eu gosto dele. De um gostar para amar é isso aqui, e ele agindo desse jeito está tornando as coisas muito difíceis para o meu lado. Só de beijá-lo já mexe com todos os neurônios do meu cérebro, imagine se transarmos? Não, não, não! Isso não pode acontecer.

— Tudo bem, obrigada por respeitar meu tempo. Eu realmente não estou bem para me envolver... bom, você sabe. — dou de ombros.

— Ok!

Viro de costas para ele e me cubro até o pescoço com o lençol, mas logo sinto um movimento no colchão. Ele se levanta e para ao lado da cama. Tenho muita curiosidade em saber o que está fazendo e me recrimino por virar de costas. Como sou muito curiosa, olho por cima do ombro, e é quando o vejo sem o short que estava usando e, quando está prestes a tirar a camisa, eu murmuro:

— O que está fazendo? — Nessa hora, eu já estou de frente para ele, sentada na cama.

— Tirando a roupa para dormir, ou por acaso você acha que durmo vestido?

Só quero você (nova versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora