Trabalhar. Isso é tudo que eu faço.
Depois que o meu melhor amigo me passou a perna, isso é tudo que posso fazer. Estou tentando fechar um contrato enorme. Um que colocará a minha empresa à frente das demais.
Mas, claro, ele é um tradicionalista.
O...
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— Como soa um bom passeio a cavalo hoje? — Pascal perguntou.
Os meus ouvidos se aguçaram enquanto me afastava dos livros da biblioteca.
— Hoje?
— Claro, hoje. Estou ansioso para domar um cavalo novo enviado há algumas semanas. Querem dar uma volta?
— Seria maravilhoso. William?
Olhei para o homem com a perna cruzada sobre o joelho. Ele estava perdido nas páginas de um livro. Rasgado para outro mundo. Nem mesmo prestando atenção na conversa que flutuava ao seu redor. Havia me aventurado na biblioteca mais cedo para dar uma olhada melhor. Fiquei tão fascinada na primeira vez que a vi, mas William rapidamente a reivindicou como o seu aposento para ficar longe de mim. Para colocar distância entre nós. E eu não queria manchar isso, mas os livros me chamavam de uma forma que costumavam fazer quando eu era uma menina, então não poderia ficar longe por muito tempo.
Ainda não tinha certeza se William havia reconhecido o facto de eu ter entrado.
Ele ficou ali sentado, o dedo esfregando o lábio. Uma mecha do seu cabelo caiu no seu rosto, a primeira vez que vi algo dele fora do lugar. Ele balançava o pé conforme o ritmo da leitura enquanto os seus lábios se moviam no ritmo das batidas. Fiquei hipnotizada pela maneira como ele lia, pela maneira como se perdia em outro mundo, ignorando os outros ao seu redor.
Quase odiei tirá-lo daquele transe.
— William, querido?
A sua cabeça virou para mim e encontrei os seus olhos pela primeira vez naquele dia. Depois do pequeno-almoço silencioso e das quatro xícaras de café que ele tomou para despertar, imaginei que ele não devia ter ido dormir até tarde. Tentei ficar acordada ontem à noite, esperando que ele chegasse para que pudéssemos conversar. Era óbvio que eu o irritara e não queria que ele ficasse chateado comigo, embora o seu comentário tivesse sido de mau gosto. Posso ter sido sua funcionária — nada além de uma garota de programa para ele —, mas ele não tinha o direito de se dirigir a mim daquele jeito.
— Sim? — William perguntou.
— Pascal quer nos levar para passear a cavalo. O que você acha disso?
Por favor, diga sim. Por favor, diga sim. Por favor, diga sim.
— Suponho que poderíamos fazer uma pausa e ver os seus estábulos.
— Maravilhoso! — Pascal exclamou. — Então sigam-me. Montaremos vocês em cavalos com selas e nos guiarei pela minha trilha favorita em toda a propriedade.
Praticamente fugi para os estábulos. No segundo em que apareceram, acelerei o ritmo para poder chegar lá mais rápido. Todos os cavalos eram lindos — garanhões pretos com crinas e caudas brancas e éguas ruivas com caudas castanhos e pretas. Um cavalo puro-sangue era todo branco, a cor mais pura que eu já tinha visto num cavalo. Andei para cima e para baixo nos estábulos enquanto os cavalos colocavam a cabeça para fora, acariciando-me enquanto eu beijava e acariciava cada um deles.
